Five

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Desligo o gravador, agradeço os meninos e saio da sala de gravação, caminho até o final do corredor e desço as escadas que dão em direção a porta do estúdio. A intenção era fumar um cigarro enquanto os meninos faziam o intervalo e buscar um café em seguida para esperar Lisa fazer as fotos. Abro a porta de metal pesada que dava pra rua. Respiro fundo quando sinto o ar entrar em contato com o meu rosto. Entre esses anos todos fazendo entrevista e trabalhando como jornalista e escritora nunca tinha passado por uma situação tão tensa. Em dez anos obviamente eu já tinha me relacionado com outras pessoas, já havia me apaixonado e obviamente achava que Alex era apenas uma lembrança de Sheffield. Na verdade me dou conta que não posso deixar Alex virar minha vida de ponta cabeça depois de dez anos, afinal, o que eu era? tão vulnerável a ele assim?

Novamente o cigarro está entre meus lábios, então eu trago a nicotina que me traz um estado de relaxamento assim que entra em contato com o meu fluxo sanguíneo. É como se meu corpo todo ficasse dormente, não sabia se era pelo cigarro ou pelo nervoso que eu estava ali. O cheiro de álcool e cigarro inunda o ambiente e eu sinto uma presença atrás de mim. Eu não precisava me virar pra trás. Meu corpo me dizia que era ele ali.

— Bela jaqueta. — Alex estava parado atrás mim, e eu podia sentir seu corpo bem próximo ao meu. 

Ele claramente dizia pois estávamos com o mesmo tipo de jaqueta.

— Muito obrigada, parece que nisso concordamos Turner. — Eu respondi tirando o cigarro da boca.

— Posso? — Alex esticava o braço em direção ao cigarro na minha mão.

Passei o meu cigarro para seus dedos, e soltei a fumaça que restava presa em minha bochecha.

— Seu cheiro também me remete alguma coisa. — Ele soltou depois de uma longa tragada.

— Provavelmente todas as meninas de 2003 usavam. — Eu respondi, ainda sem fazer nenhum contato visual com Alex.

"Puta merda, onde ele quer chegar com essa conversa? "

— Bom, eu vou por um café. Quer alguma coisa? — Finalmente eu me viro pra Alex que está sem óculos, me pegando de surpresa quando seus olhos castanhos encontram os meus azuis. 

Um calafrio percorreu meu corpo, e eu senti a mesma sensação de quando nos olhamos pela primeira vez na sala de aula em Stockbridge. Alex não parecia mais o garotinho do interior inglês que eu conheci, pelo contrário agora ele era um homem, um homem muito bem sucedido, que usava roupas de grife, sapatos de marca, personalidade imponente de menininho do interior a virilidade americanizada, a personificação do macho alfa, poderia dizer que achava isso meio seboso, mas também não poderia mentir, ele estava gostoso pra caralho com esse ar intimidador. Mas no fundo dos olhos dele eu ainda conseguia ver o meu Al.

— Eu te acompanho. — Alex deu um passo a frente ficando num limite não muito seguro de proximidade.

— Acho que você tem umas fotos para fazer Turner. 

— Me chame de Alex, e qual o seu nome mesmo? — Alex perguntava parado na porta do estúdio enquanto eu descia a escadas. 

— Maddison, Turner... Maddison Hughes. — Exclamei e sai.

Definitivamente Alex não me reconheceu, e é meio que lógico, se passaram dez anos, eu mudei muito, nós mudamos, hoje meu cabelo é mais longo e mais claro e eu não uso tanto meus óculos quanto eu usava na adolescência, essencialmente eu continuava a mesma Maddison, mas fisicamente eu havia mudado significativamente e convenhamos, se eu não soubesse que  Alex Turner vocalista do arctic Monkeys era Alexander David Turner de High Green eu provavelmente não o reconheceria também. Depois disso eu estava decidida a não voltar para o estúdio.

— Maddie — Lisa falou exaltada ao telefone e depois diminuiu o tom e eu escutei passos, provavelmente estava se afastando de onde estava — você não pode simplesmente não voltar pro estúdio, meu carro está no hotel e eu preciso de uma foto sua com os monkeys, além do mais, Nick está perguntando de você.

— Tá bom, tá bom Lisa, eu só vim buscar um café, já estou voltando. — Não posso evitar sorrir, Nick me pareceu muito amigável. 



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