twenty eigth

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Entro no carro de Alex que dirige até uma parte sossegada de Los Angeles, está um pouco afastado do centro mas parecia ser um bom bairro. Entramos no que parecia um condomínio, e nesse condomínio havia uma sequência de casas iguais. Cor de tijolo, janelas tipo Bay window e em sua maioria dois andares.

Alex para o carro de frente a uma que tem o número 6 ao lado da porta e desce. Ainda sem entender eu também saio do carro. Que lugar é esse que Alex esta me levando ?

Subimos a pequena escada que tem em frente a porta e Alex tira um chaveiro com 2 chaves do bolso. Esse lugar também lembra o interior da Inglaterra. Não fosse o clima quente se Los Angeles facilmente eu teria me sentido teletransportada para lá.

— Eu tenho essa casa a alguns anos — disse colocando a chave na porta.

E então se abriu a casa de Alex. Que revelou uma sala toda em tons amadeirados com dois sofás no centro em um verde musgo escuro e uma mesa de madeira no centro. Algumas obras de artes que para mim pareciam de gosto duvidoso perto do lado de dentro da Bay window, para o outro lado uma ilha dividia a sala da cozinha que apesar de toda equipada parecia nunca ter sido usada, a não ser a geladeira para colocar bebidas. De frente para um dos sofás uma televisão na parede e uma estante de livros que ficava em torno da tv. Diferente do meu apartamento a casa de Alex era bem escura se não fossem as janelas pelo tom da madeira escura que revestia quase toda a casa. Logo eu descobriria que no segundo andar era igual.

— Vem, quero te mostrar meu quarto. — Alex diz puxando minha mão em direção a escada.

— Eu conheço esse tipo de proposta senhor Turner. Não tenho mais dezeseis anos — eu dou a mão a Alex me divertindo com a situação.

— Por mais que eu tenha muito interesse que você conheça meu quarto dessa maneira também, eu também não tenho mais 17 e pode ter certeza que quando eu tiver te chamando pra isso eu vou deixar bem claro. — Alex respondeu confiante e um arrepio correu pelo meu corpo. Sua fala remete autoridade, parece que ele sabe que tem minha posse, e eu não me negaria nem um pouco se ele me convidasse
— Mas por enquanto quero só te mostrar o Alex que você não conheceu nesses 10 anos — Ele me dizia tranquilo enquanto me guiava em direção ao seu quarto que também era todo revestido de carvalho. Apenas uma cama de casal enorme forrada impecavelmente com um lençol branco e na ponta da cama dois edredons nas cores cinza e marrom contrastavam com o resto do quarto, haviam cortinas do teto ao chão na cor verde como os sofás da sala. No mesmo andar um banheiro simples mas elegante com balcão e banheira. A casa era bem menor do que eu imaginava para uma estrela de rock mas refletia fielmente todos os gostos de Alex.

De frente pra cama uma mesa de madeira com algumas folhas com anotações e em cima uma estante com alguns prêmios da banda. Uma folha em particular me chama atenção. Eram versos escritos de uma canção que eu sabia que não era do arctic monkeys pois não havia escutado.

O tempo veio novamente
Galgando os degraus vagarosamente
Até onde ela teria estado
Se ao menos eles tivessem 17
Esperando pacientemente
Entre uma costura desgastada
Se escondendo de si mesmo
Tão bem quanto qualquer um
Sem permissão
Seu rosto ficou tenso
Ele achou que tinha aprendido como não ficar chateado
Com bilhetes embrulhados em envelopes
Me encontre embaixo da lua, não se vá tão depressa
Ela se foi depressa demais.
O tempo veio novamente
E galgando os degraus vagarosamente,
Até onde ela teria estado
Se ao menos eles tivessem 17...

Eu estou parada lendo cada palavra do poema. Digo poema pois ainda não sei se de fato é uma canção. E por mais que não seja compositora eu sei o que essas palavras querem dizer, e como em dez anos atrás quando Alex rabiscou os versos que eu tinha em meu caderno em uma das primeiras vezes que tivemos contato, eu estou novamente abobalhada pela capacidade de Alex em conseguir expor seu sentimentos em palavras, e ainda, como ele conseguia colocar tanta delicadeza no que quer expressar. Estou sentindo borboletas no estômago quando Alex se aproxima de mim.

— Escrevi algumas noites atrás. Depois que eu estive na sua casa. Ainda não está terminada mas pretendo usar no projeto que tenho paralelo ao arctic monkeys com meu amigo Miles. Não sei se você chegou a conhecer.. — Alex está atrás de mim o que me impossibilita de ver seu rosto mas sei que está com aquele sorriso que eu amo e o brilho no olhar.

— eu ainda fico impressionada com suas composições, que dizer.. são lindas Alex.
— eu respiro fundo e me viro para ele que está com um cigarro na mão e sorrindo, percebo que Alex esta corado e sorrio ao ve-lo.

— É só o que eu sinto — Alex da de ombros e fuma um trago do cigarro soltando a fumaça que parecia o aliviar. — se quiser eu posso tentar toca-la pra você, quer dizer.. seria a primeira pessoa a ouvir.

Em uma tarde Alex já havia demonstrado tantos sentimentos a mim. Muito mais do que em toda a vida. Ou seria esses sentimentos que ficaram reprimidos durante toda a vida e finalmente agora poderiam ser demonstrados. É exatamente o que diz a canção. Como se quisesse resgatar o tempo perdido de quando tínhamos dezessete, e que talvez poderia ter dado certo. Quem saberia, e se realmente agora for o momento de fazer dar certo? Eu me sento ao lado de Alex em sua cama e ele já está com o violão no colo quando começa a tirar as primeiras notas da canção com perfeição. Uma lembrança específica me vem a mente. Nosso primeiro beijo...

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