— Seu desgraçado! Eu vou matá-lo. Eu juro que vou matá-lo.
Não lhe concedo sequer a oportunidade de se colocar de pé. Eu avanço sobre ele, incapaz de conter meus impulsos. Meu punho acerta sua mandíbula e o crápula desequilibra-se da cadeira, caindo no chão. Isso tampouco me detém, eu continuo o acertando, sentido sua pele sendo esmagada contra cada osso dos meus dedos. Alexander ainda não reagiu, apenas esforça-se em tentar se defender do meu ataque.
— Henry! — a voz de Dereck reverbera atrás de mim. Sinto quando ele agarra os meus braços, tentando me conter. — Você irá matá-lo desse jeito, homem. Acalme-se.
— Me solte, Dereck. — empurro meu cotovelo para trás, atingido suas costelas. — Ou você será o próximo.
Ele não se acovarda diante da minha ameaça. Tento mais uma vez atingir Alexander, no entanto, Dereck segura meu punho no ar, deixando-me malditamente irritado.
— O que deu em você? - ele me questiona, olhando como se não reconhecesse a pessoa que vê.
Eu o empurro mais uma vez e, enfim, consigo me livrar de Dereck. Seus atos heroicos não são bem vindos agora. Viro-me novamente para o pior detetive do continente, e o vejo levantando-se do chão, um pouco cambaleante.
— Você. — aponto o dedo em sua direção. — Você irá arrepender-se amargamente de ter traído minha confiança. Saia da minha casa imediatamente enquanto ainda faz bom uso da perna para caminhar.
Com o dorso da mão, o homem limpa o sangue que escorre pelo nariz.
— Eu posso ao menos saber quais acusações recaem sobre mim, Sr. Hutler?
Sinto como se a minha pele tivesse sido cozida em um caldeirão. Eu poderia facilmente destruir esta sala inteira, com a fúria que sinto.
A começar pela tapeçaria, até os candelabros no teto, apenas para conseguir me livrar dessa sensação sufocante.
Eu guardo comigo três anos de ininterruptos relatórios. Em nenhum deles foi apontado o menor indício de que Isadora Denvalle pudesse estar sendo atingida por algum mal. Muito pelo contrário, ela me foi desenhada como a duquesa perfeita, símbolo de devoção e lealdade, ao arriscar sua vida para salvar o marido. Adorada pela sociedade, reverenciada por todos. Eu me ressenti por pensar que ela havia alcançado exatamente a vida que almejava, e eu não fazia parte dela.
Eu acreditei nisso.
Alexander me fez acreditar nisso.
- Quanto lhe pagaram para ocultar a verdade de mim? - indago, minha voz sai como um rugido. - Por qual quantia você vendeu a sua alma em troca de esconder de mim que algo terrível estava acontecendo com Isadora? Como pode o melhor investigador de Londres não saber que foi ela quem arranjou um jeito de financiar minha locomotiva?
Vejo a culpa cruzar o seu rosto, e tenho vontade de destruí-lo aqui mesmo, bem na minha frente.
- Não me pagaram nada. - ele confessa, mas não acredito em suas palavras.
Antes que ele se dê conta eu já me movi, e agora o mantenho preso pelo colarinho. Fulmino-o com o olhar enquanto falo.
- Se você tem um gota de bom discernimento nesse seu corpo indigno, eu o aconselho a me contar tudo o que sabe. Tudo que deliberadamente escondeu todos esses anos.
- Henry, meu amigo, acalme-se. - ouço a voz de Dereck, vinda de algum lugar da sala. Eu ao menos me lembrava que ele ainda estava aqui.
- Eu irei lhe contar tudo o que deseja saber, senhor. Apenas peço que me ouça antes de formar seu julgamento a meu respeito.
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O retorno de Henrique Hutler
Fiksi SejarahEle está de volta... Após deixar a Inglaterra humilhado e com a alma destruída, o antigo cavalariço de Pwenlly House retorna a Londres para um acerto contas. Agora, escandalosamente rico e com mais influência que muitos nobres jamais chegarão a ter...