Empecilhos

Folhas voam, vem vindo uma tempestade de ódio.

Natalie estava cansada, justo naquele dia não tinha colocado seu relógio de pulso e agora não fazia a menor idéia de que horas era, ou quantas horas andou por essa extensa floresta. Mesmo andando devagar para que não se esgotasse tanto, estava cansada como nunca, até mesmo sentia sede, parece que o seu corpo era traiçoeiro com ela mesma.

Só pode sentir um pouco de alívio quando pode escutar o barulho de água e perceber que já não havia mais todo aquele barulho de pássaros, aquilo só podia significar que ela estava perto da civilização e finalmente poderia pedir ajuda para voltar para casa.

Encontrou o pequeno rio que cortava a floresta e se sentou em uma pedra próxima, aquele lugar era muito lindo, era uma pena ela não poder tirar uma foto, mas logo pensou que depois disso tudo iria algum dia retornar ali e aproveitar melhor aquela paisagem, doce ilusão de Natalie.

Escutou então o barulho de passos e ficou alerta, assim como poderia encontrar ajuda, também poderia arrumar problemas para si.

Todavia a pessoa que se aproximou era um cara, que até então ela não sabia, era João Head, ele não aparentava nenhum perigo eminente, mais Natalie sempre soube que aparências enganam, mesmo que fosse desastrada, ela era esperta.

Ela não sabia exatamente onde estava, mas estranhou os trajes do homem, eram como aquelas vestimentas antigas, que dava aquele ar medieval e só o deixava ainda mais encantador, não que Natalie se importasse com aparências, mas tinha que reconhecer o ar misterioso, que dava um charme a mais.

Gentilmente perguntou ao homem desconhecido:

-Olá desculpe-me por atrapalhar mas poderia me dizer o nome desse lugar?- Fez sua melhor cara de boa moça e esperou pela reação dele.

-Você está na cidade de Cedro, de qual dos três grandes reinos você veio? Jamais vi viajantes com roupas como a sua.- Finalizou João Head com um olhar acusador.

Realmente a diferença de vestimenta dos dois eram bem diferentes, Natalie estava com sua típica calça jeans rasgada nos joelhos e uma blusa de manga dizendo: Troca o hino nacional por evidências.

-Como assim Reinos? E essa tal de Cedro por acaso faz parte da capital? Eu sou de São Paulo mais jamais fiquei sabendo de um lugar tão verde assim e nem vou comentar sobre esse seu preconceito com as minhas roupas.-Natalie falou já com uma leve raiva do desconhecido a sua frente que parecia fazer pouco caso dela.

-Olha aqui revoltada, faço a menor idéia de quem você seja, e onde raios é esse tal de São Paulo, se você está por aqui para roubar, lamento informar mas cheguei muito antes e não vou deixa-la surrupiar as mercadorias que eu pus o olho antes.

E ali começou a discussão mais idiota de todas, uma garota desesperada pra saber onde estava e um ladrão entediado que não aceitava dividir furtos. Neste mundo o número de roubos tinha aumentado muito por isso era comum a desconfiança de todos, a arte de roubar e sair livre era para poucos, por isso um bom bandido sabia que também poderia ser roubado. Não era que João Head fosse um cavalo com todos, apenas julgou que Natalie era uma das ladras de estrada que usavam dessas situações como:

"Fui atacada, me ajude lindo homem".

Só pararam de se xingar quando já nem tinham mais nada a dizer um para o outro e a calmaria da floresta parecia não ligar para aquele evento tosco.

Ela então se sentou no chão, aquela sensação de perdida era horrível e agora havia descontado todo o medo em forma de ódio naquele cara que também não era lá muito legal com ela. E ele resolveu se sentar no chão também, não sabia porque havia sido tão grosso com a garota, mesmo que desconfiasse dela, em momento algum ela demonstrou que iria tentar algo e no meio daquela enorme confusão de palavras ele só viu que realmente ela não era de nenhum lugar que ele já havia passado antes, as gravuras da blusa da garota eram estranhas aos seus olhos e até mesmo algumas palavras ditas por ela, ele nunca tinha ouvido antes.

-Olha não sei quem é você ou se quer apenas me enganar, mas com toda certeza você não é daqui- João Head lhe disse em um tom mais harmônico.

-Eu não faço idéia de como eu cheguei aqui, só estava em uma livraria de livros antigos e puf cheguei aqui tonta e sem explicação alguma.- Natalie direcionou seu olhar ao chão, estava triste e aquele homem era o primeiro ao qual ela encontrara ali, precisava esclarecer tudo.

-Se você estiver mentindo é realmente muito boa nisso, até mesmo entrou no papel e se rasgou.- Riu para a moça em deboche e antes que eles começassem a se xingar novamente, ele completou:

-Estamos no Reino Primavera, ao todo são 4 e cada um representa uma época da estação diferente, os territórios são equivalentes a sua estação e assim se predominam, suas cidades tem como nome a representatividade da estação do ano, é basicamente isso. Fora o fato de haverem 4 babacas no poder que mantém esse falso equilíbrio.

- Se isso que você estiver me dizendo for verdade e não alguma pegadinha do Silvio Santos ou até mesmo um canal de YouTube, então realmente eu preciso agora de um tapa na cara pra não enlouquecer- Os neurônios de Natalie ferviam e por fora ela tentava ao máximo parecer tranquila e normal para João Head, mas por dentro tudo que queria era gritar, chorar ou quem sabe dormir e descobrir que era apenas um sonho louco.

- Não sei quem é esse tal de Silvio Santos ou YouTube e também vai contra minha moral bater em uma dama.

-Você me xingou de várias coisas e agora quer pagar de cavaleiro nobre ladrão?

-Sabe sua louca sua sorte é que eu sou um bom bandido e não vou mais deixar você me enlouquecer como antes. Eu realmente não entendo nada sobre o que você diz fazer parte desse seu tal lugar e nem você do meu, sorte sua que eu sempre fui um bom curioso e ouvinte, então me diga tudo sobre onde veio e eu te ajudo como posso.

Aqueles dois adultos/crianças estavam começando a se conciliar e parar de bater de frente.

Começaram então uma longa conversar ali mesmo entre a fauna e a flora, não eram lá muito gentis um com o outro mais tentaram se entender, era um misto de confusão para ambos pois nenhum deles achavam normais as singularidades do mundo de cada um. Essa era só uma conversa que desencadeou para uma aventura na vida dos dois e você leitor terá o prazer de acompanhar.

Fala galera, tô bem empolgada aqui com o livro, olha só esse capítulo passou de mil palavras (meu mini projeto é mil em cada). Obrigada pela leitura e aguardem por mais ;)