A garota de cabelos cacheados

Escolhas- Katarina

Acordo, dou um beijo em Emily e vou para a escola. Vou logo de motorista para que não haja problemas com a minha mãe.

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Quando entro naquela imitação de escola tudo me sufoca. Decido dar uma volta pelo pátio e de longe vejo a moto de João e meu coração até agora repleto de coisas vazias fica ainda mais pesado. Ando em sua direção e passo pela puta-rica que me fuzila com os olhos, desejo que de toda a minha alma ela fique vesga.

-Que que você está fazendo aqui?

-Vim te ver, gata- João passa a mão pela minha cintura, meu coração acelera de leve.

-Pensei que nunca mais iria te ver depois de tudo.

-Bora esquecer, princesa. Fiquei sabendo que as coisas estão estranhas pra você por aqui. Tá afim de dar uma fugida básica? - ele sussurra mordendo minha orelha.

Vejo Daniel olhando em nossa direção. Não êxito:

-Sim.

Subo na moto preta agarrando João e peço para que ele ande o mais rápido possível.

O vento quebra em meus cabelos, meu coração partido em milhões de pedaços como caco de vidro estão prontos para ferir á todos, inclusive á mim.

Ele me leva direto para o hotel em que ficamos a primeira vez. Ele trabalhava em uma festa da minha mãe, eu havia acabado de pintar o cabelo e ele me achou perdida no jardim. Tão perdida com agora. Ficamos jogando e flertando por horas. Agora estamos em um quarto a sós e ele me beija de um jeito que eu não quero.

Seu celular toca e ele olha pra tela irritado.

-Preciso atender, gata. Me espera que eu volto rapidinho.

-Claro.

Ele entra no banheiro e sussurra até que os sussurros se transformam em gritos uma língua que eu não entendo. Percebo que nem de longe eu queria estar aqui. Pego minha mochila e saio correndo do hotel, passando pelo belo salão e empurrando a todos e sendo xingada por todos.

João vai ficar furioso quando não me vir lá, isso é tudo que ele deseja desde quando nos conhecemos e já deixou isso claro de várias formas. Ele vai me matar.

Pego o primeiro ônibus sem pensar em nada. Deixar o hotel para traz foi um alivio acompanhado por outro medo. Estava confiando na sorte, que nunca tive, me guiar e em um destino que nunca se mostrou útil.