Uma semana.
Faz uma semana que meu pai faleceu. Uma semana sem meu pai aqui, comigo. Uma semana que eu sinto um enorme vazio no peito. A casa parece ser tão grande e ao mesmo tempo tão pequena, sufocante.
Estou sentido mais falta dele do que já senti em toda nossa vida.
No dia do seu "velório", eu não tive capacidade para ir, eu não tive coragem nem de sair da cama, da minha pequena bolha que é meu quarto. Passando o dia todo chorando.
Faz uma semana que não compareço a faculdade, uma semana que não vejo meus amigos, uma semana que não estudo, uma semana que não faço exatamente nada.
No primeiro dia, foi tão doloroso pra mim, após eu ter desmaiado em minha cama. Acabei acordando no hospital, com Justin lá. Parecia tudo apenas um sonho, bom.. um pesadelo. E por um momento eu queria que fosse apenas um dos meus pesadelos terríveis, mas não era, não é. Quando fui liberada, tive alta, fui para casa devastada, sinto que não foi só meu pai que morreu, e sim, eu. Meu corpo e minha alma. Dispensei Justin e fui direto para o meu quarto fazer o que eu queria fazer, chorar, quebrar tudo e voltar a chorar, para depois, dormir.
Hoje em dia não tem mais nada para eu quebrar, já até pensei em me mudar daqui. Bom, aqui tem tantas lembranças, tanto da minha mãe, quanto o do meu pai.
Débora dormiu aqui apenas uma vez. Eu achava que ela realmente não gostava do meu pai, mas não foi isso que ela demonstrou sentir. Fiquei sabendo que há dois dias ela tentou se matar por sentir tanta falta dele. Não a julgo, eu a entendo como ninguém, já pensei em fazer isso, mas sei que se fazer vai ser pior. Eu sei que consigo superar, eu tenho que conseguir superar, mas poxa.. dói tanto porra..
Meus amigos tem tentado vir aqui, eu os ignoro sempre, únicas pessoas que recebi aqui foi April e Lizzy mas isso ocorreu apenas uma vez, as outras vezes eu nem sequer abria a porta, fingia que eu não estava aqui e juro, não queria estar não.
Hoje resolvi sair da cama, do quarto, da minha bolha. Andei pela casa, a limpei também já que estava tudo uma zona pois a única coisa que eu sabia fazer era quebrar tudo, chorar e atacar coisas contra a parede.
Recebi uma grande visita inusitada do meu querido ex namorado. É claro, o expulsei daqui, como ele diz, estou muito agressiva. Na verdade, eu nem ligo mais para o que ele pensa. Ainda estou tão puta por ele ter saído com a Alexis apenas para tentar me atingir, o que foi baixo até mesmo pra ele.
Na noite passada, adivinha só quem resolver me fazer uma visita? Isso mesmo. Malik.
Não foi nada grande nem demorado, eu fiquei assustada obviamente por ver ele na minha porta, mas aí ele veio todo carinhoso, dizendo que sentia muito pelo ocorrido com meu pai. No começo, eu o xinguei e o culpei pela morte do meu pai, mas ele negou até o fim e disse que não tinha nada haver com isso, que ele já havia o ameaçado mas ele não faria isso sem motivo. Decidi nem falar de Bieber pra ele, pois sei que ele sabe, só está se fingindo de bom moço, mas sei que ele já já vai voltar ao normal, me xingar, me bater e fazer sei lá mais o que caralho.
Malik foi embora tão irritado quanto eu estava, pode ele não ser o culpado mas se não fosse por ele ter aparecido na minha vida, eu com certeza teria passado mais tempo com o meu pai, sem ter medo dele morrer agora ou daqui trinta anos.
Mais cedo recebi uma mensagem de Bieber dizendo que viria me buscar as 19 horas para dar uma volta, de início recusei mas ele insistiu e não pude negar até porque estamos falando de Justin, ele não iria desistir tão fácil.
Agora são quase seis e quarenta e cinco e ainda estou colocando meu tênis Adidas branco, com uma calça jeans escura cós alto e uma regata preta, por cima uma cardigã cinza escuro. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e passei apenas um gloss rosa nos lábios.