Eu abro a porta da dispensa em busca de um comprimido para enxaqueca que Hari me pediu. Meu coração se encolhe toda vez que ela tem essas crises, e elas têm se repetido muito ultimamente.
Estamos no fim da terceira semana do programa, e eu já senti na pele o medo de perdê-la duas vezes. Espero não ter que sentir isso novamente tão cedo.
Eu saio da dispensa com o comprimido nas mãos e caminho em direção à cozinha para pegar um copo d'água.Rizia, Rodrigo, Tereza e Danrley estão conversando na mesa, e não reparam na minha presença se aproximando.
— Meu voto vai ser sempre nelas — eu escuto Danrley dizer.
Um pressentimento ruim passa pela minha cabeça, e eu aproveito o fato de não ter sido notada para me esconder atrás de um armário.
De quem eles estão falando?— Elas não falam com quase ninguém — diz Tereza. — Ficam muito fechadas no mundinho delas. Eu já tentei conversar, mas sabe quando a gente percebe que não é bem vindo?
Rodrigo assente.
— Sim... As duas são muito fechadas.
— Principalmente a Hariany — Danrley diz.
Eu sinto um nó se formar no meu estômago. Não estou gostando do que estou ouvindo.
— Acho que lá fora as pessoas não gostam disso. Desse grude todo. Eles gostam de pessoas que interagem com todo mundo — Tereza fala.
— É — Rizia concorda, abrindo a boca pela primeira vez na conversa.
— Não gosto de combinar voto, — diz Rodrigo — mas também vou nelas.
Eu prendo minha respiração. É isso o que eles pensam de nós?! Que somos alvos fáceis?
— Eu também — fala Tereza.
— Se a gente tirar uma delas, a outra sai na próxima semana — Danrley fala. — Uma não consegue ficar aqui sem a outra. Isso garante duas semanas sem preocupação para nós.
— Mas a gente não pode dividir voto — Rodrigo diz. — Temos que mirar em uma primeiro.
— Hariany — diz Danrley. — A Paula vai surtar sem ela aqui.
Eu reprimo um grito na garganta. O jeito que eles estão falando... É horrível.
Mas eu não quero passar pelo que eu passei de novo. Não vou deixar mandarem a Hari para o paredão outra vez.
Eu tenho que fazer alguma coisa pra proteger nós duas.***************************************
Eu me remexo na cama, sentindo minha cabeça explodir a cada movimento que eu faço, e imploro para que Paula volte logo com meu remédio.
Como se lesse meus pensamentos, ela aparece pelo vão da porta, com um comprimido numa mão e o copo d'água no outro.Eu me sento na cama.
— Obrigada — digo.
Ela dá um sorriso tenso e enrola uma mecha do cabelo atrás da orelha. Parece estar escondendo alguma coisa.
— Como você está? — ela pergunta.
— Acho que vou melhorar com o remédio — eu digo, engolindo o comprimindo com a água.
Me viro de lado e me deito na cama. Ela se deita ao meu lado, e faz um carinho na minha cabeça.— Acho melhor eu te deixar descansando.
— Não — eu digo. — Fica aqui comigo.
Ela sorri de novo, mas eu vejo nos seus olhos que tem algo errado.
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Ayla
FanficO que acontece quando duas vidas completamente diferentes se entrelaçam? Será que uma amizade construída em um reality show consegue ser mantida no mundo real? E se não for mais amizade?