Capítulo 9 - De dois corações um só se fez

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Eu entro na casa com um sentimento muito estranho dentro de mim. Não é só ciúme... Parece que uma parte de mim está incompleta, como um quebra-cabeças sem todas as peças.
Que história é essa de príncipe? Por que é que eu não sabia disso? E de quem a Bella estava falando quando disse que Paula tinha que ficar com alguém daqui?

Eu me recosto no sofá, sentindo o peso do último dia entortar minhas costas. Detesto estar brigada com a Paula, detesto. E por que eu fui beijar o Diego?!

Agora está todo mundo falando disso aqui dentro. Já devo ter virado notícia lá fora. O que significa que, quando eu sair daqui, meus problemas com ele vão ser maiores ainda.
Eu sou muito burra. Conheço todos os riscos, e mesmo assim insisto em continuar errando. Como se eu não soubesse as consequências disso. Como se eu não tivesse pesadelos todas as noites por causa dele.

Ou seja, estou ferrada triplamente. E ainda nem tive coragem de conversar com Diego. Não quero que ele pense que sou maluca.

— Tá tudo bem, Hari?

Eu olho para onde vem a voz, e vejo Gabriela parada na minha frente. Ela tem o dom de aparecer nos momentos em que eu preciso ficar sozinha.

— Sim — eu digo, sem manter contato visual.

Ela se senta ao meu lado no sofá.

—  Não parece... Você está com uma carinha estranha.

— Não é nada.

Ela apoia uma mão na minha perna.

— Pode falar comigo, se quiser. Vi você beijando Diego ontem.

Ah, pelo amor de Deus. O que essa mulher quer comigo?

— Pois é — eu falo.

—  Você não parece muito feliz com isso — ela comenta.

Eu prendo meu cabelo atrás da orelha.

— A gente ainda não conversou.

— Entendo... — ela diz. — Você parece não querer ficar com ele. Deve ter sido a bebida.

— É.

— E a Paulinha?

Eu me remexo no sofá.

— O que tem ela?

— Ainda estão brigadas? — ela pergunta, e eu olho para os meus pés.

— Sim.

Ela me envolve em um abraço.

— Vi que ela te deixou de lado ali na varanda.

— É — eu concordo, sentindo a garganta fechar. Se continuar falando, vou chorar na frente dela, e eu não quero isso.

A porta da frente da casa se abre, me salvando dessa conversa desconfortável, e Paula entra. Ela vem na minha direção, e eu sinto meu coração acelerar.

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Ela está abraçada com a Gabi. Com a Gabi!

— Posso falar com você? — eu pergunto. Ela não consegue me encarar.

— Hari não quer falar com você agora —Gabriela fala.

— Ela tem boca, você não precisa falar por ela— eu retruco. Quem ela pensa que é para se meter na nossa conversa?

— Gabi, pode sair por favor? — Hari pede.

— Tem certeza? — Gabriela pergunta.

Hari apenas assente. Ela continua olhando para o chão. Gabriela sai da sala com um suspiro, e eu me sento no espaço deixado por ela.

Ayla Onde histórias criam vida. Descubra agora