Capítulo Treze

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__ O que uma mulher do seu porte faz num bar como esse? __ o homem, de estatura mediana, em seus trinta e cinco anos, pergunta.

__ Se não é quem procuro, dê o fora. __ diz a mulher de cabelo liso e negro, num corte Chanel até os ombros; maquiagem forte e óculos escuros.

Sentada sozinha à mesa no bar, no canto mais sombrio do ambiente, vestida toda de negro, como uma viúva rica de alguém importante.

__ E quem seria esse? __ pergunta curioso.

__ Se não sabe, é sinal que não é você. Adeus. __ corta, friamente.

Este, todavia, senta-se à mesa sem convite, apesar do papo cortante da mulher.

__ É perigoso para uma mulher sair sozinha a noite e falar com estranhos. Sua mãe não te ensinou?

__ Assim eu soube. Acontece que o perigo no escuro sou eu. __ diz antes de dar um gole em sua bebida.

O homem ri do comentário ousado da mulher.

__ O que faz a minha procura?

__ Preciso de um servicinho rápido e fácil.

__ Manda.

__ Qual é a garantia que você é quem procuro?

__ Porque todos que o fazem, sabe exatamente o tipo de "servicinho" que eu faço. Quanto a rápido e fácil... fica a critério do cliente, entende? __ insinua ele com uma piscadela.

A mulher misteriosa abre e remexe dentro de sua carteira, tão preta quanto suas vestes; tira uma foto de dentro e a arrasta pela mesa até o homem.

__ Essa. __ diz unicamente. __ Seu pagamento será feito após o serviço.

Ele ri, mais uma vez.

__ Não é assim que a "banda toca", princesa. É metade antes e outra depois. Sem mudanças de regras aqui. Nosso amigo não te explicou?

__ Farei o pagamento por ele, então.

__ Sabe, é bem arriscado fazer esse tipo de negócio pessoalmente. Tenho que reconhecer que as mulheres são muito mais corajosas nesse quesito. __ o homem espera por uma resposta.

__ Não vou expor o que quero para mais ninguém.

Ele ri um pouco mais alto.

__ Pode apostar, querida, ele sabe. Ninguém me procura se não for para isso.

__ Só que a pessoa em questão ficará só entre nós, entendido?

__ Perfeitamente. Normalmente, não faço perguntas que não sejam da minha conta; mas qual é o seu motivo? Será o de sempre? Para as mulheres, é por inveja ou cobiça. Qual desses pecados é o seu?

Ela responde calmamente:

__ Ajudarei a manter sua rotina de "não saber além do que precisa". Preciso do seu número, caso ocorra mudanças.

Eles fazem a troca, ela se levanta; sinaliza para o garçom; deixa o dinheiro em baixo do copo e vai embora, estalando o chão com seus saltos agulha...

***
__ Acho que algo está acontecendo aí dentro, ouvi algo quebrando; talvez Krekgor esteja machucado. __ Andie inventa para o síndico do prédio, um sujeito de óculos e careca com jeito de rato de laboratório, para que o homem abra a porta.

Passou a manhã inteira batendo e esperando que a abrisse. Como não aconteceu, não achou problema em encontrar quem o fizesse.
Ouviu dos vizinhos que Kregkor chegara às três e vinte sete da madrugada e não houve nenhum indício de sua saída.
'Se quiser informações eficientes, procure os vizinhos'. Como repórter, Andie sempre soube disso.
A demissão prematura e a desgraça eminente do ex funcionário da ONE não é um segredo, já que a empresa contratante fez questão de informar isso nas redes sociais e mídias locais, em prol de amenizar os danos que essa contratação causou. 'Que lástima'; mas muito conveniente aos seus projetos. Com as coisas dando errado para ele, seria um ótimo momento para usá-lo: uma aliança agora viria a calhar; então, faria uma proposta. Ajudaria bastante no objetivo de eliminar a concorrência do cargo tão aguardado.
Se isso seria bom para o dr. Kregkor? bem... não é sua preocupação. Entretanto, faria acha-lo que sim. Precisa, apenas, convencer o idiota do síndico a abrir a maldita porta, ao invés de continuar batendo como um imbecil.
'Anda logo com isso, paspalho, e abra a maldita porta'.

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