Capítulo Dezoito

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__ Come-se muito bem por aqui. Mas e você? Achei que ganhasse bem o suficiente para se alimentar. Seus ossos começam a ficar pontudos sob a pele. É um tanto esquisito.

__ Pois é... Tive que me virar com macarrão instantâneo; dá pra acreditar?! E sabe o que dizem? As magras vestem de tudo e ficam bem. __ Andie não termina por aí: __ Mas e quanto a você? Parece-me um tanto gorda...

Valentina ignora o insulto e ataca:

__ Por falar em roupas, você está um trapo. __ Valentina torce o nariz. __ além de tudo, está fedendo.

Andie dá risadas, do tipo que chamam Valentina para a agressão.

__ Nada que um bom banho não dê jeito, você não acha?

E, como se não bastasse,  olhos de Andie a ultrapassam, com aquele maldito sorriso irritante. __ Você deve ser "o tal", acredito eu. __ ela acena o queixo para além de Valentina, como dica a quem se refere. __ Será que é tão bom quanto aparenta? __ Andie lança um olhar lascivo ao homem as costas de Valentina e o sangue esquenta.
'Irei mata-la!'.
Ela sabe que é provocação; e isso não ameniza em nada a raiva efervescente que emana de si. Então, avança...

***
Dra Allison lhe avisou que mulheres grávidas tem o temperamento e as emoções aflorados pelos hormônios. Mas Valentina grávida partindo pra cima de outra fêmea? Não vai acontecer.
Agarrando-lhe o tronco, as mãos presas ao peito, tomando o cuidado exigido para não machucar a ela; e nem ao bebê. Seu aperto comedido, o peito dela comprimido numa respiração acelerada sob seu abraço. Aguarda, enquanto se acalma.
Outra nova provocação é lançada do outro lado da sala. É uma chateação, a fêmea prisioneira torna o seu trabalho complicado em conter sua fêmea, quando essa está grávida e quer uma luta. Conte-la sem machuca-la se torna ainda mais difícil, e antes que outra onda de atividade fosse lançada, ele bloqueia seu avanço se colocando na frente, tampando a visão da provocadora. Foi uma péssima ideia trazê-la aqui, soube desde do primeiro momento.
Eleva as mãos para tirar o seu capacete; e é interrompido por um: "__ nem pense nisso" via rádio, integrado ao objeto.
Darkness, o locutor, assiste a tudo de algum lugar. Assim, é obrigado a permanecer escondido, submetendo-se a gesticular: estende o indicador e balança feito um pêndulo na frente do rosto de Valentina, uma negativa evidente.
Até suas mãos estão cobertas por luvas, para esconder as garras. E se sente preso como o inferno; isso o irrita.
Sua jornalista tenta tirar seu dedo do caminho. Ele aponta a barriga dela, para que entenda os riscos.
'Maldito capacete, abafa quase todo o som que, nessa euforia, Valentina não consegue escutar'.

__ Ela disse que quer conversar comigo. __ os olhos de Valentina se arredondam de inocência e faz um leve beicinho.

'Ela é tão linda, mesmo quando está zangada' ;pensa Vengeance, apesar do embuste.
Ouvem outro comentário, seguido de uma risada, nada agradável, da fêmea detida. Estava ficando de saco-cheio.

__ O que foi que ela disse? __ Valentina pergunta, fazendo menção de passar por ele...

Levado a medidas enérgicas, ele a suspende para tirá-la da sala.
'Chega!Era o bastante!
Ela esperneia e se debate em seu agarre para chegar a outra mulher. É realmente um caso complicado fazê-lo sem machuca-la ou ao bebezinho que estão esperando.

__ Ponha-me no chão! Quero dar um soco na cara dela!

Vengeance a retira as pressas; e a coloca no chão, no corredor, há quase quinze passos de distância da porta de onde saíram, dentro do setor de segurança.
Valentina tenta, mais uma vez, passar por ele, pronta para o combate. Ele a cerca, impedindo sua passagem, tirando aquele maldito capacete.
Valentina cruza os braços e bate o pé.

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