04☕Maré de má sorte

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Betado por ephemerar

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Betado por ephemerar



Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Mas, em matéria de azar, Kang Haeyon sabia que estava acima das leis da física.

Era quase um costume afirmar que havia nascido desprovida de sorte em certos aspectos, e Hae tinha várias provas daquela teoria nada aceitável sobre si mesma.

"Por que essas coisas sempre acontecem comigo?", era o que a jovem se perguntava diante de acontecimentos como aquele e não precisava pensar muito para encontrar a resposta conexa que pudesse sanar tal dúvida. Era uma maré de má sorte envolvendo-a profundamente dia após dia, até mesmo nas melhores e mais inusitadas ocasiões. Às vezes achava que alguém no mundo a odiava. Alguma força espiritual, talvez, permitindo que coisas daquele gênero ocorressem com ela sem que a própria Kang tivesse a chance de fazer algo para reverter a situação.

Era inevitável não pensar daquela maneira e a situação a qual se encontrava naquele momento era apenas mais uma fiel prova de sua tese.

Haeyon não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Tinha de haver uma câmera escondida em algum lugar do escritório, porque ela recusava-se a crer no que estava presenciando bem à sua frente naquele instante. Tinha de ser uma piada doentia. Talvez até mesmo uma miragem, alucinação, ilusão de óptica ou coisa parecida. No entanto, ao perceber que o tal Jeon utilizou a mão direita para retirar os fios castanhos do cabelo em seu rosto, ela soube que não era um sonho.

Esqueceu-se de todos os nomes científicos — outros não — que talvez estivessem exercendo algum tipo de efeito metaforicamente alucinógeno sobre ela, fazendo com que viesse a duvidar de sua própria visão.

Era ele.

O homem de silhueta sensual que ela observava — deslumbrada com sua visão de costas — minutos atrás, na verdade era ninguém mais, ninguém menos que o estranho alto e de óculos escuros que esbarrou nela no dia anterior pela manhã, no Burket's em Seocho, depois que se encontrara com Namjoon. Ele era o homem trajando o blazer vermelho, estiloso e elegante, e o mesmo que ela havia xingado de "imbecil" ao deixar o estabelecimento.

"Céus", Haeyon rumorejou para si mesma, tomada por uma angústia lasciva que transformava-se em tremores e bolos na garganta aparentemente impossíveis de se dissolver. Apertou as pálpebras e engoliu em seco, visivelmente desconcertada.

Jungkook conseguia discernir o quão envergonhada a jovem estava, a julgar pela linguagem corporal, graças às bochechas coradas e uma fina gotícula de suor que escorria pela lateral do rosto delicado em formato de coração. Por trás dos óculos de grau dela, conseguia vê-la remexer as pálpebras com insistência, olhando para todo lugar menos para ele. Os ombros dela seguiam quase o mesmo ritmo dos olhos e Haeyon apertava os dedos uns nos outros enquanto segurava a bolsa. Ela provavelmente havia até esquecido da pasta de plástico translúcido presa abaixo do braço.

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