08☕Olhares suspeitos e atitudes inesperadas

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Betado por ephemerar



Desde muito jovem, Haeyon detestava acordar cedo, porém pior do que isso era ter de levantar-se pontualmente às seis horas da manhã nos dias em que o clima se encontrava frio. Difícil mesmo era levantar-se sob todas aquelas nuvens de coloração cinza e opaca que decoravam o alto do céu com grande melancolia, tornando cada ponto da cidade algo triste e sem vida.

O suave e convidativo barulho da chuva fraca colidindo contra o telhado de sua residência, junto a estranha sonolência que lhe envolvia àquela manhã, era mais que suficiente para fazê-la cogitar a possibilidade de permanecer enrolada nas cobertas por alguns minutos a mais. Poderia puxar os lençóis contra o seu corpo pequeno novamente e, quem sabe, talvez cochilar por mais cinco minutos até a famigerada "preguiça" enfim sumir.

É claro, seria possível, caso o estridente som do alarme em seu celular, acima da escrivaninha ao seu lado, tivesse contribuído com aquilo, assim como seria possível se não fosse o fato de que Haeyon possuía emprego de carteira assinada e precisava cumprir com o horário estipulado no contrato: sete e trinta da manhã, com tolerância de dez minutos.

"O que o ser humano não faz para evitar morrer de fome?", o lado consciente de seu cérebro enviou-lhe a ironia. Depois de passar alguns segundos em uma espécie de luta estúpida contra os cobertores quentinhos e repetir para si mesma que precisava trabalhar e não podia dar-se ao luxo de um atraso, Haeyon finalmente levantou.

Repudiando de forma não proposital as lufadas de ar frio que adentravam o cômodo através de uma pequena fresta na janela do quarto, a Kang rumou em direção ao único banheiro da casa, a fim de realizar suas higienes pessoais.

As energias da jovem estavam revigoradas após sair do banho e, como ela bem esperava, o sono finalmente havia se dissipado. Haeyon pôde agir normalmente à mesa do café da manhã, sem ter de se preocupar tanto com o típico, porém desconfortável, lacrimejar de olhos.

— Talvez você devesse se apressar um pouco mais, filha — disse a senhora Kang enquanto apressava também Ha Na, que até então não havia saído do quarto nem terminado a tarefa de vestir o uniforme escolar.

O senhor Kang aparentemente havia saído mais cedo, então apenas as três estavam na residência. Haeyon sentiu falta do mais velho ao seu lado com uma grande xícara de café e munido de reclamações sobre as notícias do jornal que lia avidamente.

Em meio a uma mordida em um pedaço de bolo de chocolate caseiro, Hae mastigou até poder responder:

— Estou dentro do horário, mãe, relaxe. Bom dia, Na!

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