Capítulo Doze

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POV Ana Paula

Uma semana havia se passado, desde a visita em que escolhemos o nome de Frederico.

Paola estava cada dia mais apegada ao menino, e por consequência, eu também.

Eu tinha medo disso, afinal, assim que Fred estivesse em condições adequadas, seria enviado ao orfanato.

Na terceira noite consecutiva de visitas ao pequeno, Sara resolveu nos alertar que o que temíamos, não tardaria a acontecer. 

Naquela noite, após a conversa com a assistente social, Paola saíra do hospital arrasada. Via a tristeza estampada em seus olhos.

Chegamos em casa e ela se limitou a tomar banho, trocar-se e deitar-se, virando-se ao lado oposto ao meu na cama.

Pelo movimentar de sua silhueta, percebia que ela chorava. E àquilo partiu-me o coração.

Com as mãos atadas, sem ter o que poder fazer para ajudá-la, apenas abracei-lhe e ela se entregou ao choro. Não se fez de forte, tampouco tentou me afastar. Enlaçou meus dedos nos seus e me puxou contra seu corpo. Eu queria ter o poder de tirar-lhe toda a dor que sentia. Incapaz de tal feito, apenas permaneci ali, para que ela soubesse que passaríamos por qualquer situação juntas.

Depois daquele momento, Paola adormeceu em meus braços. E eu velei seu sono até entregar-me ao meu.

.

Era domingo e minha esposa e eu estávamos em casa. As gravações do programa estavam mais tranquilas. Alguns participantes já não se encontravam mais conosco e o estúdio ficava cada dia mais vazio.

Neste dia, gravamos pela manhã e Pato encerrou as atividades pouco depois do horário do almoço.

Como havíamos ido em um único carro, passei com Paola no Arturito para que ela verificasse o funcionamento do restaurante. Enquanto ela comandava a cozinha, eu ficava em seu escritório comandando as minhas empresas.

Chegamos em casa próximo das cinco horas da tarde, e aproveitamos para descansar um pouco. Tínhamos visita à Fred marcada para às oito da noite.

E assim, se dava o motivo de estar eu, sentada no sofá olhando um ponto fixo na estante à minha frente e refletindo sobre a recente ideia que tivera.

Minha cabeça andava cheia naqueles dias, eu pensava em milhões de coisas.

Eu me preocupava com o estado emocional de Paola com toda a situação que vinha acontecendo. Me preocupava com os assuntos das minhas empresas e das palestras que vinha organizando. Com os assuntos do MasterChef que me eram incumbidos. Com minha filha, que passava por seu período de provas e, em toda ligação diária, me pedia dicas e conselhos sobre determinados assuntos. Me preocupava com o pequeno Frederico, sozinho no hospital, prestes a ser mandado para um orfanato, novamente sozinho.

Eu pensava tanto, em tanta situações diferentes, que só me concentrava em não surtar para me manter forte para Paola, principalmente. Mas algo não deixava minha mente em paz. E eu resolveria isso hoje, sem mais delongas.

Sou tirada de meus pensamentos, quando sinto Paola passar a mão por meu braço exposto. Ela me olhava com a expressão intrigada e preocupada ao mesmo tempo.

Olhei para ela e sorri, passando minha mão por seu rosto.

- Tudo bem? Tá se sentindo bem? Perguntou baixo e carinhosa.

- Tudo bem, amor! Beijei-lhe a bochecha, próximo ao canto dos lábios. Tá pronta, podemos ir? Finalizei.

- Estou sim, vamos! Pôs-se de pé e esticou sua mão, ajudando-me a levantar.

Acasos do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora