Prólogo

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SEXTOOOOOOOOOOOOOOU! 

Boa Leitura! 

Eva Fernandes 

Há exatos dois anos, eu estava no meu último dia de quimioterapia contra um câncer no seio e hoje estou feliz por estar vida. Eu retirei os dois seios e coloquei próteses, com a ajuda da minha ex patroa que hoje não está mais viva. Criar uma filha sozinha nas condições que eu vivia, não foi fácil e não me orgulho disso, talvez esse seja o motivo para Ariela sentir tanta raiva de mim. 

Eu era garota de programa e fui durante boa parte da minha vida, só parei, pois descobri que estava grávida de um dos meus clientes. Eu fui burra e nunca deveria ter contado pra ele, mas contei e o mesmo só fez me humilhar e rejeitar a filha. Se pensei em abortar? Mil vezes e eu tinha certeza que isso era o certo há se fazer mas pensei bem e achei que era uma boa oportunidade de sair daquela vida. Então eu sai e tive minha filha sem ter um real para comprar uma fralda ou roupa que fosse, se não fosse minha vizinha na onde morava não sei o que tinha sido de mim. 

Hoje com cinquenta e um anos, não tenho nada de valor e tão pouco vou deixar algo para minha filha. Trabalho como diarista e muitas vezes não sobre dinheiro para comprar o básico, por isso vim morar nessa favela onde estou agora. Pensei que seria mais fácil, engano meu o aluguel tem que ser pago em dia e se passar do dia, juros e mais juros. 

Agora estou chegando de mais um dia cansativo, trabalhei em duas casas aqui no morro mesmo e já recebi. Abro a porta de casa e Ariela está deitada no sofá com um celular na mão, só que diferente do que ela tem esse é muito mais moderno.

-Dá onde saiu esse celular Ariela? - pergunto deixando minha bolsa no chão da sala, que é bem pequena e humilde. 

-É da sua conta? - me olha atravessado. - Para matar sua curiosidade, ganhei de um carinha ai... - diz sorrindo. 

-Carinha? Que carinha Ariela? Eu já te falei, vai terminar seus estudos e arrumar um trabalho. 

-Que nem o seu? - levanta rindo. - Eu não nasci pra lavar chão mamãe. 

-Mais pra ser prostituta sim? - questiono. 

-Você foi a vida toda, se eu virasse não seria estranho. - me olha. - Tá no sangue, dona Eva. - responde e volta a mexer no celular. 

-Eu não tenho orgulho do que fiz e se fiz foi para não morrer de fome, eu não tinha escolhas Ariela. - brigo com ela. - Você é bonita, jovem e tem a mim e pode sim arrumar coisa muito melhor. 

-Ter você e não ter é a mesma coisa né? O cara que é meu pai não gosta de mim por sua causa, também o que eu poderia esperar... - calça seus chinelos e abre a porta. - Vou sair. - bate a porta e vai embora. 

Eu sempre fiz tudo que podia para dar o que ela precisou, desde pequena ela sempre quis mais do que eu pude dar mais pensei que era coisa de criança. Engano meu. Ela cresceu e parou os estudos no segundo do ensino médio, passou há andar com pessoas não muito boas e depois que viemos morar aqui piorou. Ela anda com muito dos bandidos daqui e sei que transa com eles por dinheiro, roupas e afins. 

Já tem um ano que moro aqui, faço o possível para não esbarrar com o dono do morro depois do que aconteceu aquela vez. Eu estava na hora errada e no momento errado, sorte ele não ter me matado por ter visto o que vi. Nesse um ano fiz amizade com minha vizinha da frente, Solange temos a mesma idade. Ela é um amor de pessoa e muito louca por sinal, nem parece que tem a idade que diz ter. Ela sabe do meu passo e nunca contou para ninguém, sei que muitas pessoas vão me julgar e prefiro evitar essa exposição. 

Nosso Amor Bandido - Livro BônusOnde histórias criam vida. Descubra agora