" Capítulo 02 "

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              * Ariel Anderson

  Ainda não acredito que eu realmente consegui o emprego, o senhor Erick foi bem educado a entrevista toda, só exigiu que eu esteja amanhã mesmo na fazenda, porque ele quer que as aulas comecem o mais rápido possível para que as crianças não fiquem atrasadas nos conteúdos.

Quando chego em casa, já é inicio de noite, tia Rosana e Vivian já estão em casa e me esperando.

– E ai como foi? – tia Rosana pergunta ansiosa.

Faço um pouco de suspense para dar mais emoção.

– Eu... Consegui – respondo fazendo as duas se levantarem e me abraçar, em um abraço coletivo, com direito à pulinhos e gritinhos esganiçados pela sala de casa.

– Eu sabia que iria conseguir – Vivian diz quando nos separamos.

– O único problema, é que terei que ir amanhã mesmo para lá – falo suspirando quando nos sentamos – E, ainda estou brigada com Guilherme.

– De novo Ariel? – tia Rosana pergunta, fazendo sua cara de brava, a mesma que faz quando falamos do meu noivo ou ex – Vocês vivem brigando, não sei porque ainda insiste nesse noivado, se está assim agora, não quero nem imaginar depois de casados.

– Ah tia, o pior é que nem posso falar com a irmã dele, ela me odeia e ele ainda deixa ela se entrometer em tudo no nosso relacionamento, as vezes até parece que estou namorando a irmã e não ele – digo frustada.

  Um suspiro cansado escapa de minha boca, conversamos mais um pouco, até eu ir para o banho e logo depois começar a arrumar todas as minhas coisas que irei levar, em uma mala grande, amanhã de manhã Pascal irá me levar até a fazenda novamente, à pedido do senhor Erick, quando termino deixo a mala ao lado da porta e fui me preparar para dormir, mais quase não preguei os olhos a noite, por causa do nervosismo e da ansiedade, de manhã levantei super cedo.

  Estava terminando de fazer o café, quando tia Rosana entrou na cozinha.

– Já está de pé? – perguntou caminhando até a geladeira.

– Já, não consegui dormir direito a noite, acho que foi a ansiedade, faz tempo que não me sentia assim – respondo enquanto coloco a garrafa de café na mesa.

– Tomou seu remédio, sabe que não pode ficar muito ansiosa – diz preocupada.

– Eu sei tia e já tomei o remédio – falo para tranquiliza-lá.

Desde os doze anos de idade, tenho crises de ansiedade, por isso, que tomar remédios de ansiedade ocasionalmente para controlar-las, não tenho essas crises com frequência, elas são raras. Minha primeira crise foi no dia em que descobrir que mamãe havia morrido, logo após tia Rosana me levou a vários médicos, todos diziam a mesma coisa, crise de ansiedade, tia Rosana me contou que mamãe também tinha as mesmas crises, então é hereditário ou algo assim.

  As oito em ponto Pascal veio me buscar, para levar-me até a fazenda, como a fazenda fica a quase quatro horas da cidade, chegamos quase na hora do almoço. Maria me mostrou o quarto em que vou ficar na casa grande, ela me contou que o senhor Erick ordenou que arrumassem o quarto para mim, após o almoço que para os empregados são na cozinha, onde experimentei a deliciosa comida da Maria, ela me mostrou toda a fazenda, o que mais gostei foi da área dos estábulos, onde ficam os cavalos, são um mais lindo que o outro.

– Você é tão bonito rapaz – digo enquanto passo a mão pela crina de um dos cavalos.

  Ele é preto, com uma pequena estrela branca no meio da testa, este é o maior cavalo que eu já vi na vida e o mais bonito também.

– Um puro sangue – me assusto com a voz atrás de mim.

  Ao me virar me deparo com o senhor Erick me olhando intensamente, abaixo a cabeça envergonhada ao sentir meu rosto corar, coisa que nunca aconteceu quando estou com Guilherme.

– Ah, eu não entendo muito de cavalos, mais sei quando um é bonito e esse é muito lindo.

  Falo tentando mudar o foco do meu rosto e acho que consigo, porque logo ele passa por mim, indo até a última baía e sumindo para dentro dela.

Começo a andar para fora do estábulo, lembrando que Guilherme ainda não me ligou hoje, ainda estou magoada por ele não querer que eu arrumasse um emprego, qual o problema de eu querer trabalhar e quiser ser independente e ter meu próprio dinheiro. As vezes Guilherme age como se estivéssemos no século passado, não sei se nosso noivado vai para frente assim, as vezes acho que tia Rosana tem razão e Guilherme não é homem para mim, mais ai eu lembro o quanto eu o amo e abandono esses pensamentos.

– Ariel? – ouço alguém me chamar e paro de andar, me virando vejo Pascal vindo em minha direção.

  Pascal é um homem de quase cinquenta anos, com algumas rugas ao redor dos olhos, consequências da idade e pelos anos de trabalho, sempre soube que ele é apaixonado por tia Rosana, Pascal é viúvo e nunca teve filhos.

– Oi Pascal. Não sabia que ainda estava aqui.

– O patrão pediu que eu ficasse, ele quer que eu resolva algo para ele na capital – explica enquanto anda ao meu lado – E como está sua tia? – pergunta como quem não quer nada e acho graça de sua atitude.

  Ele passa a mão pelos cabelos e segura seu inseparável chapéu na outra.

– Ela está bem... Porque você não faz uma visita à ela? – sorrio de lado ao vê-lo corar.

    É muito engraçado ver um homem da idade dele corar na verdade é fofo, mais não vou dizer isso em voz alta para não envergonha-lo ainda mais.

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  Somente à alguns quilômetros dali, Guilherme estava em um hotel, acompanhado de uma mulher desconhecida por Ariel, mais muito bem conhecida por ele.

– Já se acertou com sua noivinha? – a mulher pergunta com a cabeça apoiada em seu peito, enquanto ele abraçava sua cintura.

– Não, ela ainda está com a ideia de arrumar um emprego, na cabeça... Ela foi a uma entrevista ontem, ela não me disse onde era, por isso não fui até o local ainda, só sei que é em uma fazenda – ele responde indiguinado pela noiva não ter contado a onde era a tal fazenda.

  Guilherme guarda grandes segredos de sua noiva Ariel, o primeiro deles envolve sua irmã, Vivian, o segundo é que ele não consegue ser fiel a ela e o um dos últimos é que ele vem impedindo que sua noiva consiga o emprego de seus sonhos que é: Lesionar.

– Você tem que fazer as pazes com ela logo – a mulher diz brava.

– Eu sei e eu vou – Guilherme responde sério.

– Qual é a sua coisa com ela arrumar um emprego? – ela pergunta curiosa.

– Simplesmente porque não quero mulher minha trabalhando, é só que você tem que saber – responde ignorante.

– Machista.

  A mulher diz antes de beijar-lhe a boca sorrindo.

Susana = 26 anos

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Susana = 26 anos.
Pascal = 49 anos.

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