O Vizinho

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Naquele mesmo dia conseguir levar algumas coisas para o meu novo lar, livros, revistas, sandálias, e um criado mudo.

Quando voltei para a casa dos meus pais, contratei um entregador que mora no bairro para levar minhas coisas maiores para a casa. Quando olhei para meu quarto, e o vi vazio, fiquei aliviada por perceber que estava conseguindo caminhar com minhas próprias pernas.

Pai, mãe...

Pela manhã eu consegui alugar uma casa, estou de mudança. Obrigado por tudo.

Ligarei mais tarde.

Saí de casa as oito e quarenta, sábado era dia de minha mãe e meu pai trabalharem até mais tarde.

Cheguei em minha nova casa, observei os sofás e a estante na qual já estavam na casa, não era nada igual aos da minha antiga casa, mas seria meu por um tempo.

Dormir...Foi a única coisa que fiz no final daquele dia.

***

Sete chamadas em meu celular. Todas do meu pai, acho que ele está satisfeito pelo meu feito. Havia acabado de acordar e não tinha nada para tomar café. Fui até uma padaria que vi no final da rua e comprei alguns pães, leite, queijo e presunto, e suco de graviola. Foi ao chegar em casa que vi as chamadas perdidas de meu pai, eram oito horas, ele já devia está no quartel.

__ Droga, não tenho geladeira. Vou ter que ir a padaria novamente para tomar café.

Saí apressada e dei de cara com Daniel, ele estava estranho, aparentemente triste. Olhou para mim e deu um sorriso apertando os lábios, seguiu para o carro, aparentemente de seus pais...que milagre ele não ter dito nada.

__ Oi Daniel...__ O que estou fazendo?

__ Oi...__ Ele entrou no carro.__ A gente se vê.__ Ele se despediu como se tivesse apressado.

Tranquei o portão e me virei para ir a padaria, mas me surpreendi com uma mulher loira com a expressão de quem aparentemente estava a chorar. Seus olhos e o seu perfil me lembra muito o Daniel.

__ Oi, você é a vizinha nova não é? Eu sou Cintia, acho que você viu um garoto que saiu aqui de carro..

__ Daniel?

__ Ele mesmo, você falou com ele?

__ Não muito, ele estava apressado.

__ Ele te disse para onde ia?

__ Não! Bom, eu e Daniel não somos muito amigos, eu não sei para onde ele iria. Bom dia para a senhora.

__ Bom dia, desculpe incomodar.

Saí em direção a padaria, e fiquei a pensar sobre o meu vizinho, o que será que está acontecendo? Porque ele parecia triste? Haaaa...para de pensar nele Lee...

__ Bom dia, o que vai querer?

__ Ham, quero suco de beterraba, e um bolo de chocolate com cenoura, e panqueca doce.

__ Tudo bem.

Estava no meio do meu café da manhã quando ele chegou. Daniel estava com o rosto vermelho, acho que estava chorando. Sentou-se uma mesa a minha frente, e ver aquele rosto triste me causou dor.
Por que disso tudo? Eu não sei!

__ Oi...

__ Alinne...__ Ele passou a mão sobre o rosto.

__ Eu queria pedir desculpas por ontem, eu fui uma idiota e não devia ter sido rude com você. Mesmo eu sendo tão anti social, não devia ter sido grosseria com você. Esta sendo difícil pra mim estar aqui te pedindo desculpa? Esta, mas você é...legal.

__ Tudo bem...eu desculpo.

__ Sabe, eu vou passar no Shopping daqui a pouco, quer ir comigo?

__ Quero...

__ Vamos lá em casa depois que terminar aí!__ Falei acanhada.

__ Lee, você não vai me perguntar por que estava chorando?

__ Não! Não é da minha conta.__ Falei sem pensar. Droga Lee, para de ser grossa.__ Desculpa, sabe o que é Daniel, eu fiquei com uma ponta de curiosidade, mas eu não posso está me intrometendo em sua vida, esmiuçando as coisas que te faz...sofrer.

__ Obrigado. Você é diferente! Eu queria ser menos sentimental, assim como você. Não é uma ofensa, certo! Só tô dizendo que quem é sentimental sofre mais.

__ Você está errado. Você acha que eu não queria poder expressar as minhas emoções, alegria, felicidade, tristeza...eu queria poder sentir algo e desabafar com lágrimas, mas o modo como fui criada não me permitiu isso, e a prisão desses sentimentos fazem com que eu me torne essa pessoa grossa...É ruim Daniel, acredite.

__ Olha, eu quero começar diferente com você, porque és legal e quero mesmo sua amizade, e daquele dia eu te assustei com o meu jeito tagarela.

__ Tudo bem...

__ Meu nome é Daniel Pinheiro, tenho dezenove anos e quero ser o seu melhor amigo.__ Me estendeu a mão...essa vai ser a decisão que mudará a minha vida.

__ Oi Daniel, eu sou Alinne Styles, tenho vinte e um anos e sou a escritora do seu livro favorito. Vai ser um prazer ser sua amiga.__ Apertei sua mão macia.

__ Você não parece ter vinte e um anos Lee, quem ver a gente juntos, pensa que eu sou mais velho.

__ Isso foi um elogio?  Obrigado.

Eu não perguntei a Daniel o que lhe fazia chorar, e aquele foi um dia muito legal. Fomos ao Shopping e comprei algumas coisas para a minha casa, pratos e panelas aos montes, coitado de Daniel, querendo ser gentil pegou peso a bessa.

No final daquele dia com tudo pronto da minha pequena casa, só restava descansar.

__ Eu não queria voltar para casa.

__ O que aconteceu?

__ Eu...eu não quero ser médico. Eu quero ser cantor, e meu pai...quer me obrigar a fazer medicina.

__ Porque não diz  ele que você não é feliz com a escolha dele.

__ Eu já disse ao meu pai, mas hoje parece que ele está irredutível e ficou a dizer o quanto eu sou imprestável e que não irei ter sucesso na vida.

__ Sabe, eu sempre quis ser fuzileira, mas há três anos eu fui impedida de poder servir ao país, além de ser o meu sonho, era o dos meus pais também. Eles não são os melhores pais do mundo, me ensinaram a ser anti sentimental e outros coisas mais, mas meus pais nunca deixaram de acreditar em mim...__ Telefone tocando.__ Com licença, alô!?

__ Oi mana, Malcon me falou sobre seu livro. Vou comparecer...

__ Promete?

__ Prometo, palavra de soldado.

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