Capítulo 28

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— Onde você se meteu?

Quando o Fred encontrou a Bia no cantinho do bar, bebendo um suco de laranja, ela tinha a desculpa do seu sumiço na ponta da língua.

— Eu estava aqui.

Não era uma grande desculpa, tudo bem, mas quem conseguia fazer o cérebro cooperar depois de ter sido eletrocutado por três dedos? O Lourenço tinha acabado com ela com três dedos! Ela não queria nem pensar no que ele seria capaz de fazer com o resto do corpo.

Não queria e nem podia!

— Tem duas horas que eu tô te procurando. Por que você não tá atendendo o celular?

— Fred, a gente deve ter se desencontrado. E como eu ia escutar o celular com esse barulho? — A banda estava fazendo um intervalo, mas a música dos alto-falantes continuava alta o suficiente para validar sua justificativa.

— A gente precisa ir embora. — Ele segurou o braço da Bia, que só teve tempo de largar o copo em cima do balcão, antes de ser puxada. — A Mariana tá passando mal.

— O que você fez com ela? — A Bia se apressou para acompanhar os passos do irmão. — E cadê o Lourenço?

— Por que a culpa é minha? — ele gritou confuso, por cima do ombro. — O Lourenço tá lá fora com ela. E não é nada de mais. Ela bebeu um pouco além da conta.

Mesmo sendo arrastada pelo irmão, a surpresa da Bia foi forte o suficiente para fazê-la parar o movimento dos dois.

— Tem alguma coisa errada aqui. Você tá falando da Mariana? A irmã do Lourenço? Mariana?

Se alguém tivesse lhe perguntado no começo da noite qual o cenário mais improvável de acontecer: escutar o Lourenço confessando que era gay, ter praticamente transado com seu ex-namorado no banheiro do bar ou a Mariana tomar um porre, a Bia teria apostado todas as suas fichas na intoxicação alcoólica da mulher que, um dia, tinha olhado para ela com desprezo porque ela estava bêbada quando conheceu o Lourenço. Ah, as voltas que o mundo dá.

O Fred não se dignou a responder e voltou a puxá-la, sendo interrompido uma segunda vez pela Naiara se plantando na frente deles.

— Você já tá indo, Fred? Tá cedo — ela gritou por cima da música.

— Eu tenho que...

— Você não tem que nada. — A Bia chegou perto do ouvido dele. — Por que você não fica?

Ele se inclinou para perto dela, juntando as cabeças para poderem conversar sem gritar.

— Claro que não. A gente veio junto, a gente vai embora junto.

— É a confraternização de Natal da clínica, você é o patrão, o anfitrião. Tem que ficar com os seus companheiros de trabalho. — E com a minha futura cunhada, a Bia quase acrescentou. — E o que você vai fazer pela Mariana? Eu vou dirigindo e ela tem o irmão pra cuidar dela.

— Você não acha que pega mal? Eu abandonar vocês?

— Claro que não — a Bia respondeu o irmão e se virou para a Naiara. — Ele vai ficar.

O sorriso que a moça abriu foi o incentivo que o Fred precisava, e ele assentiu, concordando.

— Eu te dou uma carona, depois — a Naiara ofereceu com um olhar que disponibilizava muito mais que um lugar no carro dela.

A Bia achou que estava fazendo um ótimo trabalho em disfarçar a satisfação ao ver que a fofoca da clínica tinha fundamento, mas o rolar de olhos do Fred jogou sua ilusão por terra, mas ela não estava nem aí se ela era transparente.

Bem Te Quero [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora