Capítulo 30

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Existe coisa melhor que uma manhã preguiçosa de domingo nos braços de um homem sexy depois de uma troca deliciosa de orgasmos?

Existiam coisas comparáveis. Escutar a risada das filhas, almoço de domingo em família, ou um pedaço de bolo de chocolate com sorvete de creme, pelo menos na época em que a Bia ainda tinha apetite para aquelas gordices.

A última vez que ela teve um domingo parecido foi... no dia em que o Lourenço foi preso.

Não.

Não podia ser.

Verdade que filhos restringem muito a espontaneidade e a liberdade do casal, e ela e o Diego começaram a vida de casados com uma criança pequena em casa, mas eles não tinham levado a Alícia na lua de mel, claro. Nas duas semanas que passaram no Caribe, com certeza, devem ter tido várias manhãs preguiçosas na cama. Engraçado como a Bia não se lembrava de nenhuma especificamente. Nem na lua de mel, nem depois. Não em tantos detalhes como sua última manhã com o Lourenço, mas também, grandes traumas tinham uma maneira toda especial de ficarem gravados a ferro e a fogo na cabeça da pessoa.

Se ajeitando no peito do Lourenço, e sendo apertada contra ele de volta, a Bia afastou as lembranças desagradáveis. Sua manhã de domingo, que estava indo tão bem, não ia ser estragada, nem pelos seus pensamentos, nem por nada.

A campainha, ou no caso, o interfone, não ia tocar. A polícia não ia invadir a sua casa. O Lourenço não seria arrancado à força da sua vida. Eles tinham a manhã toda e nenhum motivo para não ficarem juntos, ali mesmo, naquela cama.

A Bia deslizou a mão pelo peito e barriga do Lourenço. Só porque ele estava ali. Só porque ela podia.

— Se você tá querendo mais, vai ter que esperar. — A voz dele saiu mole e arrastada. — Eu também não tenho mais vinte e três anos.

— Ah... — A Bia suspirou com exagero. — Ser jovem e não precisar se preocupar com bobagens como vigor e potência.

— Me dá quinze minutos que eu te mostro o meu vigor e a minha potência. — Ele deu um beliscão de leve na cintura dela, que se retorceu rindo. — Aliás, eu vou precisar mais do que quinze minutos. Eu tenho que dar uma saída.

O Lourenço levantou os braços, se espreguiçando.

— Pra ir onde? — A pergunta pulou da sua boca, sem querer, e foi recebida com uma ruga se formando entre as sobrancelhas grossas. Na mesma hora, ela percebeu seu erro. — Desculpa. Claro que você não tem que me dar satisfação.

Ela sentou e jogou as pernas fora da cama. Ela já devia ter se acostumado a não ter nada, nem uma simples manhã de domingo, indo do jeito que ela gostaria.

— Bia... — O Lourenço tentou segurá-la, mas ela conseguiu se desvencilhar.

— Não tem problema, Lourenço. Eu tenho umas roupas sujas pra colocar na máquina de lavar.

Onde a porcaria do seu short tinha ido parar? Ela o avistou do outro lado do quarto e levantou, mas antes que pudesse dar um passo, o Lourenço a puxou pela cintura e os dois caíram juntos na cama, sua cabeça se chocando com a dele.

— Ai! — ela gritou junto do 'merda!' que ele soltou.

Ela se virou e o encontrou com a mão no nariz e sua irritação evaporou.

— Deixa eu ver. — Ela tentou afastar a mão que ele segurava na frente do rosto. — Tá sangrando?

— Não foi nada. — Ele massageou o nariz e olhou a própria mão. — Não tá sangrando. Sua cabeça é dura, mas nem tanto.

Bem Te Quero [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora