Prólogo

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O Lourenço abriu os olhos devagar, um corpo macio roçando com sensualidade contra suas costas.

— Bom dia — uma voz suave e rouca sussurrou perto do seu ouvido e sua nuca foi atacada por pequenos beijos e mordidas.

— Bom dia — ele respondeu, o corpo preguiçoso despertando lentamente. — Humm, meu jeito preferido de acordar.

— O meu também. — A mulher se apertou mais contra ele.

Ele se virou e ela passou a perna pelo seu quadril, o puxando para perto. Ele absorveu o gemido que passou pelos lábios carnudos com um beijo, ignorando o celular que começou a tocar em cima da mesinha de cabeceira atrás dele.

Uma pessoa tinha que ser muito sem noção para ligar num domingo cedo. Tudo bem, não devia ser tão cedo, mas para ele, que trabalhava à noite e chegava em casa com o sol quase raiando, qualquer parte da manhã era madrugada. A campainha irritante parou por alguns segundos, recomeçou e continuou a ser ignorada pelo casal envolvido nas carícias cada vez mais quentes.

Quem ia querer atender o telefone quando tinha um par de seios espetacular como aquele ao alcance das mãos?

A mulher beijou seu peito, descendo em direção à sua parte preferida de sua anatomia, e o telefone voltou a tocar pela terceira vez. O Lourenço estendeu a mão para a mesinha, o dedo impaciente indo direto no botão de desligar. Seu olhar pousou por um segundo na tela exibindo o número do Rio de Janeiro. Ele sentou com um pulo, quase jogando a mulher para fora da cama.

Só podia ser uma pessoa, e ele não podia ignorar.

— O que foi? — A moça se agarrou nele para não cair e afastou os cabelos loiros do rosto com uma pontinha de irritação nos olhos azuis.

Ele levantou um dedo, pedindo silenciosamente para ela esperar.

— Alô? — Ele não conseguiu evitar o tremor na voz.

— Lourenço? — A voz no telefone era tímida e fraca, mas, mesmo depois de tantos anos sem ouvi-la, ele soube quem era.

— Aconteceu alguma coisa? — Seu corpo gelou.

— Aconteceu. Quer dizer, não, nada grave. — Ela suspirou alto. — Eu precisava conversar com você. Você tá ocupado?

— Não. Só um minuto. — Ele levantou e olhou para a moça que o encarava insatisfeita. Ele tampou o microfone do celular com o polegar. — É importante. Eu já volto.

Ele deu um beijo rápido nela, aplacando um pouco da birra que ela tinha todo o direito de estar demonstrando e foi até a cômoda pegar uma cueca. Não parecia certo conversar sem roupa com a pessoa no telefone.

Somente depois de atravessar o corredor e fechar a porta do aposento espaçoso de janelas grandes que ele gostava de chamar de seu escritório, o Lourenço voltou ao telefone.

— Você tá bem, Bia? É alguma coisa com a Alícia?

Mesmo com a garantia de que não era nada grave, seu corpo ainda tremia e ele desabou na cadeira em frente à escrivaninha de tampo de vidro. Ela nunca tentou nenhum contato em cinco anos, tinha que ser muito sério.

— Não aconteceu nada. A Alícia tá bem, é que...

A pausa foi tão longa que o Lourenço afastou o aparelho do rosto e checou se a ligação tinha caído. 

Não tinha.

— Bia?

— Desculpa. — Ela soltou outro suspiro quebrado, como se estivesse tentando se controlar. — Eu preciso de um favor... E eu não tenho mais ninguém...

Bem Te Quero [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora