Capítulo 29

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Quando o Fred chegou, a Bia estava terminando de virar o café na garrafa térmica.

Foi com muito pesar e força de vontade que ela conseguiu se desenroscar do homem gostoso e sem roupa na cama com ela, mas se o irmão nunca tinha ido lhe procurar nas raras vezes em que chegou antes de ela descer para tomar café, a possibilidade existia. Imagina o drama se ele a encontrasse na cama com o Lourenço?

— Bom dia, maninha — ele cumprimentou a Bia com um beijo e levantou a mão com algumas sacolinhas de plástico. — Eu fui na padaria.

— Bom dia! Você passou na padaria voltando pra casa? — Ela fez a pergunta não olhando para ele de propósito, como se não fosse nada de mais.

Ele ficou alguns segundos em silêncio, até cair na risada.

— Casamenteira e fofoqueira? Você não era assim, Biatriz.

— O quê? — Ela fez cara de ingênua. — Foi uma pergunta totalmente inocente.

— Ah tá! — ele disse tirando os pães de dentro da sacola. — Ao invés de cuidar da minha vida, você devia me agradecer por ter feito o favor de não deixar as visitas passando fome.

— Awww! Que irmão bonzinho que eu tenho! — A Bia colocou a garrafa na mesa da cozinha, onde eles costumavam tomar café aos domingos. — Quer dizer que a carona da Naiara foi só uma carona?

— Meu Deus, você não desiste? Não que seja da sua conta, mas eu dormi e acordei sozinho na minha cama. Que nem você.

Ainda bem que ela estava de costas, jogando o resto da água fervente na xícara com o saquinho do seu chá, e teve tempo de se recompor antes de voltar para a mesa. Além do mais, tecnicamente, a cama do quarto de hóspedes era sua. E não tinha acontecido nada com o Lourenço. Foi igual a dormir sozinha.

— E é só o que eu vou dizer. — O Fred puxou a cadeira para ela sentar. — A Naiara é uma moça linda e superbacana e em outras circunstâncias podia até rolar algo mais, mas eu acabei de me divorciar.

— Tá certo. Eu vou parar de me meter nos seus casos. É só vontade da irmã chata de te ver feliz.

— Você não é chata. — Ele deu um sorriso de lado. — Não muito. E eu não tô com pressa. Quando a gente convive de perto com um casamento como o do papai e da mamãe, é impossível não querer a mesma coisa. Eu errei da primeira vez. Eu não quero errar de novo.

— Eu entendo. — Os olhos da Bia se encheram de lágrimas. — Eles colocaram o nível lá no alto, né?

— Nada de choro. — O Fred deu um aperto de leve na mão dela. — Mudando de assunto, a Mariana passou muito mal ontem?

— Não, ela veio quietinha no carro. — A Bia limpou os olhos. — O Lourenço ajudou ela a deitar e os dois estão dormindo ainda. Deve estar tudo bem.

— Tá tudo bem — a própria Mariana respondeu entrando na cozinha.

A Bia não saberia dizer quantos porres tinha tomado na vida. O mais memorável, sem dúvida, o da noite em que ela tinha transado com o Lourenço pela primeira vez, e alguns outros poucos. Mas de uma coisa ela tinha certeza, em nenhuma das suas ressacas, ela acordou parecendo uma modelo prestes a entrar na passarela. Tirando um leve ar de cansaço, que só quem olhava com muita atenção ia detectar, a Mariana estava com a mesma aparência perfeita de sempre. Vampira, confirmado.

— Eu trouxe pra você. — O Fred remexeu numa das sacolinhas da padaria e entregou duas garrafas de Gatorade, um laranja e um vermelho, para a Mariana, que tinha se sentado na frente dele.

— Obrigada — ela agradeceu com um ar de surpresa no rosto.

— E você devia comer alguma coisa também. — A Bia colocou um pratinho com torradas do lado dos Gatorades.

Bem Te Quero [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora