02⠸ CAPÍTULO DOIS

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Sujeira escorria pela sua pele junto a água, pela primeira vez em semanas ela estava, de fato, tomando um banho e, pela primeira vez no ano, lavava seus cabelos

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Sujeira escorria pela sua pele junto a água, pela primeira vez em semanas ela estava, de fato, tomando um banho e, pela primeira vez no ano, lavava seus cabelos. Mergulhou novamente e, no fundo do mar, esfregou os fios quebradiços com o sabão que pegou na casa de Devlon.

Uriah esfregou sua cabeça, seu rosto, seus braços, pernas e todo o seu corpo com calma, tirando toda a sujeira e todo o sangue agarrado em si, Uriah lavou sua alma, tirando os resquícios de seus inimigos que estavam impregnados em si, as provas que passara décadas guerreando escorrendo.

Depois do frenesi da notícia da morte de Amarantha, com os preparativos para finalmente voltar para suas terras e a tomarem de volta, Uriah mal teve tempo para algo, tendo que cuidar de suas coisas e das de seu pai, Devlon. Dias depois, quando conseguiu uma pausa, entrou em sua barraca e pegou sabão, toalha, roupas limpas e voou até um lugar em que ninguém a pudesse ver. Deixou todas as suas roupas no chão e levando apenas o sabão, entrou no mar.

Enquanto esfregava seu rosto, Uriah pensava em como sua vida seria dali em diante, uma coisa era ser um soldado em tempos de necessidade em que um par de asas a mais fazia toda a diferença, mas será que ainda a deixariam treinar e lutar com os outros machos, mesmo sendo mulher? Devlon não permitiu que Uriah fizesse o Ritual de Sangue para que ela oficialmente se transformasse em uma guerreira Illyriana até ser extremamente necessário, visto que a guerra matou muitos dos seus e ele não podia perder uma lutadora habilidosa para sua crença.

A guerra matava, independente se era macho ou fêmea. Se elas podem morrer e sangrar igual, porque não podem lutar?

E assim Uriah passou pelo Ritual de Sangue e se tornou, oficialmente, uma guerreira illyriana e imediatamente entrou na linha de frente da guerra. Muitos machos não concordavam com Devlon, principalmente os lordes Illyrianos que faziam de tudo para manter seus costumes, mas, lordes ou não, nenhum ousava dizer algo em voz alta, se posicionar contra Devlon, que poderia não ser rico, viver em um palácio, mas era respeitado e temido por todos os soldados Illyrianos, era um dos que estavam a frente do exercito e ir contra ele era ir contra toda um exército brutal. Devlon era muito temido entre os Ilyrianos, e agora, depois da Longa Guerra, sua filha também era.

Boiando no mar calmo, Uriah olhava o céu azul, límpido, sem nuvens. Parecia uma fantasia. Não dormia a noite, assim que fechava os olhos via sangue, corpos sem alma e o terror a dominava. Uriah nunca fora inocente, era uma fêmea em um mundo que odiava fêmeas, mas não estava preparada para os horrores da batalha. Tudo que ela viu, tudo que ela fez... Uriah suspeitava que nunca mais dormiria uma noite completa.

A mente da guerreira entrava em contraste com o céu, enquanto nele exibia calma, constância e paz, em seus pensamentos havia medo, urgência e a ansiedade que sempre a dominava. Semanas atrás ela não podia parar um segundo, sempre tendo que estar pronta para assumir o posto de algum soldado ferido. A guerra acabara, mas o inconsciente de Uriah não parecia entender isso, acostumado demais ao passado.

BLOOD TIE, ACOTAR ¹Onde histórias criam vida. Descubra agora