Capítulo VIII

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Surreal. Essa é a palavra. Parecia surreal pensar que aquelas palavras ditas pelo homem, eram reais. Peggy ficou sob o domínio da hidra por mais de vinte anos, sendo torturada, passando por experimentos malucos e vendo o amor de sua vida machucá-la. E agora, depois de mais de cinquenta e cinco anos, ela descobriu que tudo não passou de uma armação.

Com as mãos ensanguentadas dentro do bolso do casaco, ela caminhou pelos corredores vazios e silenciosos da instalação. Não havia mais agentes da hidra lá, e os que restaram, estavam desmaiados em algum canto ou até mesmo mortos. Sua cabeça pareceu ser ligada no 220V e não estava disposta a descansar. Memórias. Lembranças. Devaneios. Não importa como são chamados, só importa que ali estava a fazendo sofrer mais que tudo.

"— Tenho que mergulhá-lo na água. — Rogers falou pelo rádio para a Peggy.

— Por favor, não faça isso. Temos tempo, daremos um jeito — clamou.

— Estou no meio do nada. Se esperar, muita gente morrerá. — um silêncio pairou no ar — Peggy, é a minha opção.

Os olhos da agente encheram-se de lágrimas.

— Peggy.

— Estou aqui.

— Precisarei adiar aquela dança.

— Está bem — lágrimas desciam pelo seu rosto — Uma semana. Próximo sábado, boate Stork.

— Combinado.

— Às 8h em ponto. Nem pense em se atrasar. Entendido?

— Mas ainda não sei dançar.

— Eu te ensino. Esteja lá.

— A banda terá que tocar algo lento. Detestaria pisar no seu…

A comunicação foi cortada.

— Steve? Steve? — chamou mais uma vez com a voz chorosa. — Steve?”

Ela já estava acostumada a lembrar-se da época em que era torturada. Mas, recordar-se da época da guerra, era algo raro, ela nunca o fazia. Pois já havia sofrido o suficiente, e não queria mais isso. Agora que descobriu a verdade não sabe o que pensar, e não sabe como reagir.

Assim que chegou do lado de fora da instalação, deixou o ar gélido da cidade invadir suas narinas. Ela fechou os olhos tentando raciocinar e tomou um pequeno susto, quando uma mão tocou seu ombro.

— Vem, vamos sair daqui. — era Natasha. Ela estava compadecida da dor da nova amiga.

Romanoff não estava sozinha. Estava com Danyela, Daisy, Camila e Steve - o verdadeiro. Estavam todos lado a lado, e encaravam a britânica. Ela não sabia o que fazer, estava se sentindo culpada e ao mesmo tempo, destruída. Não é fácil descobrir que toda a sua vida, fora uma mentira. Os planos. O sentimento de vingança. A vontade de matar o Steve. Os pedidos clamados para ele parar. Tudo isso, fora uma enganação.

— Eu preciso de um tempo sozinha. — era provável que todos fossem para o mesmo local, e isso era a última coisa que Peggy queria. Ela só queria ir para casa, pensar na recente revelação.

— Eu vou com você. — Natasha deu um passo a frente, pondo-se ao lado dela. Romanoff não iria deixá-la ir embora, pois sabe a dificuldade que é enfrentar os problemas sozinha.

— Conheço um esconderijo aqui perto. — Danyela sugeriu. — Podemos ir para lá, e vocês duas nos encontram depois.

— Obrigada. — Peggy não sorriu, e não teve nenhuma reação diferenciada. Apenas virou as costas mais uma vez, e saiu.

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