§Guardiões da Terra: Os Novos Herdeiros§ [REVISADO]

§Capítulo 35§

Lylian

A aparição de Moncin corta nossa conversa pela raiz, o olhar fixo e vibrante dos olhos vermelhos de esclera negra do leão faz um frio subir a espinha e Lauren treme. O leão já havia sumido escadaria acima, mas o silêncio agora era  castigo e, aos poucos, começamos a criar coragem e nos levantarmos. Lucas e Jesy guiam Lauren até as escadas e, eu que estava logo atrás, olho para Alex e percebo que o olhar escurecido ainda estava fixo em algum ponto do chão onde Moncin estava há poucos segundos na escada.

– Você não vem? – Jesy pergunta quando estava pronta para subir as escadas. Lauren e Lucas já tinham se adiantado e, julgando as vozes, já estavam lá em cima com Moncin, olho para ela e então para Alex.

– Já vou. – respondo e Jesy entende o recado, logo, sobe as escadas.

Me viro e ele ainda estava sentado na cama com o olhar tão duro quanto o de uma estátua. Me aproximo e me sento ao lado dele. Coloco o braço em volta de seu corpo e ele descansa a cabeça em meu ombro.

– Quer conversar? – pergunto e, como já imaginava, Alexander nega com a cabeça.

– Não, por enquanto não. Ele já sabe de tudo já sabe que estamos desconfiados e já sabe das perguntas que Lauren fez. Tentei cortar a conexão dele mas foi como cortar uma linha de ferro fundido com um simples faca de cozinha. Odeio isso, essa invasão. – explica e seu olhar parecia distante, focado em outra coisa.

– Não é culpa sua. É deles, e temos uma coisa ao nosso favor. Quando eu e as meninas fomos para o quarto ontem antes de encerramos o assunto Jesy disse que o segundo principal poder dela é o de ler mentes, assim como Yong fez com Kalil. E como Yong já deu para ela o controle dos poderes da luz a gente testou essa teoria e ela leu exatamente o que eu e Lauren estávamos pensando. – digo esperançosa.

– Então mesmo se Yong não contar irá pensar na verdade e ela poderá ver dentro da mente dele e nos entregar a verdade. – ele diz se levantando e percebo a ansiedade saudável tomar conta dele, inconsciente, sorrio ao me levantar.

– Exatamente. – concluo e ele se ergue com o brilho nos olhos, esperança, reconheço esse brilho de longe.

– Agora temos que fazer o possível para não ocorrer mais esse incidente. Mesmo tendo uma telepata no nosso lado eles também tem o deles, que está muito mais acostumado com seus poderes do que Jesy. Agora vamos e pense em qualquer coisa menos no que conversamos agora. Provavelmente Moncin e Kalil vão forçar uma conexão com a gente e temos que fazer o possível para não entregar nosso plano para eles. – falo calmamente, ele assente com a cabeça e subimos.

Chegando no andar de cima, a conexão é feita e nossos olhos mudam de cor.

– Comam alguma coisa que logo começaremos o treino. – diz Kuren.

– Tudo bem – respondo evitando o olhar de Kalil, que, como sempre com sua percepção que tento ignorar, vêm até mim.

– Você está bem? – pergunta com, o que parecia, um tom preocupado.

– Estou. – respondo encarando seus olhos roxos púrpura que se destacavam no meio de seu pelo negro.

(...)
Quando todos terminamos de comer, Moncin aparece das escadas.

– Agora que já se alimentaram podemos começar. – afirma olhando para os outros Guardiões que assentem com a cabeça.

Os olhos de Kuren brilham e a mesa junto com as cadeiras somem deixando a sala limpa. Então ele olha para o canto da sala mas seus olhos continuam brilhando intensamente, então um armário grande de madeira escura aparece.

– Vão se trocar e depois nos encontrem lá fora. Kalil, você fica responsável por eles agora. – Yong avisa se virando e saindo com os outros antes que Kalil pudesse responder, este, que rosna, mas não foi um rosnar típico de um bicho violento ou perigoso, foi um rosnar muito mais grotesco do que deveria ser considerado normal, até porque, apesar de terem corpos de animais, os Guardiões não são animais.

– Maldito seja, Yong. – resmunga para ele mesmo.

– Kalil? – chamo em cautela e quase que em modo automático e me arrependo disso quando seus olhos brilhantes pousam em mim.

– Sinto muito, não é necessário expressar esse tipo de situação para você. – diz e se aproxima e, com isso, engulo seco com o frio na espinha corroendo meu corpo.

– Você confia em mim? – a voz ecoa em minha mente e, por algum motivo, senti que só eu estava escutando sua voz agora, em resposta, eu gostaria de ter negado mas, em teimosia, assinto com a cabeça.

– Então me encontre fora da caverna hoje de noite. Vou responder suas perguntas sem pular nenhuma e te contarei a verdade, mas te peço que não conte para seus amigos até eu permitir, ok? – o maxilar fica rígido, “como assim não contar nada? Não faz sentido algum! Eles precisam saber assim como eu! Eles têm esse direito!”, minha teimosia se cala ao perceber o olhar rígido de Kalil, eu não posso contar para eles, mas, momentaneamente, poderei faze-lo, então, assinto com a cabeça.

Ele me guia até os outros e continua andando até o armário, quando se aproxima, uma joia roxa aparece em sua testa. O armário faz um barulho e a joia de desaparece em meio aos seus pelos negros. A raposa se afasta e o armário abre. Dentro dele, haviam armaduras de couro com os elementos em cada cor.

– Lylian, pegue a roxa a esquerda. Lauren a azul que está atrás e Jesy a amarela mais ao fundo. Lucas pegue a verde na sua direita e Alex a vermelha logo atrás. – depois de ter falado qual é de qual pegamos as armaduras de couro escuro. De repente, duas portas apareceram na parede.

– Sejam breves para vestir as armaduras. Estarei esperando aqui. – ao terminar, adentramos os cômodos.

Eu e Jesy ajudamos Lauren a trocar primeiro, ela veste a parte de tecido azul primeiro, que era um tipo de macacão, e a ajudamos com a parte de couro que protegia seu torço e parava um pouco acima do umbigo, protegia nossas costas também. Ela veste a calça de couro que tinha uma saia voltada para trás, tão curta que não chegava a alcançar nem o meio das cochas direito, depois as botas de cano alto. Terminando, Lauren veste os protetores do cotovelo e de joelho, em seguida as luvas de couro desnuda nos dedos que parava em cima do pulso. Comigo e Jesy foi a mesma coisa, aquela roupa era justa, mas incrivelmente confortável.

Vou até o espelho olhar se já estava tudo certo. Me olho no espelho e vejo que a roupa fazia quase todas as curvas aparecerem mas o roxo do macacão com o escuro das partes de couro despistavam bem.

Jesy e Lauren vêm ver como estavam e percebo que o símbolo de nossos elementos estavam desenhados no meio do peito da proteção de couro.

A minha possuía uma lua crescente lilás, a de Lauren uma gota de água cinza e a de Jesy um sol branco. Pegamos nossas coisas e saímos.