§Capítulo 6§

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Lylian


Estava pronta para o meu primeiro dia de aula na nova escola. Levanto de minha cama e me arrumo, passo uma simples base marrom em minhas pálpebras coloco meu colar em forma de raposa “o animal que eu mais amo” e desço.

Olho pela porta do quarto de meus pais, que viviam brigando, e vejo meu pai dormindo mas não vejo minha mãe, presumi que estivesse na cozinha. Desço para a cozinha e vejo ela na geladeira.

– Bom dia – digo para ela que se vira e sorri.

– Bom dia Lyli. – ela diz me chamando por um de meus apelidos na qual eu dava opção de escolher “Lyli” ou “Lian” não me importava, na verdade, eu achava até fofo.

– Vocês discutiram de novo, não é? – pergunto para ela virando seu rosto e vendo um roxo que ela tentava esconder com base, encaro seus cabelos castanhos escuros, que combinavam com os olhos mel.

– Você não precisa se preocupar com isso meu amor, está tudo bem. – sabia que ela tinha mentido para mim, mas não comento nada. Vou até a pia e começo a lavar os pratos que estavam lá, feito isso, ajudo ela a por as coisas em cima do balcão de madeira escura lisa.

– Tem certeza que não quer que eu te leve para a casa da vovó até eu voltar da escola? Eu não quero deixar você aqui em casa sozinha. – digo com um tom de preocupação e ela força um sorriso, já sabia que iria recusar.

– Não filha, eu estou bem. – mente. – Não precisa fazer nada, ok? E por favor não enfrente seu pai como fez ontem. – pede enquanto se virava e terminava de por as coisas em cima do balcão.

Viro a cabeça para encerrar o assunto, ontem de noite meu pai chegou muito tarde e eu discuti com ele, fiquei o esperando assim mesmo. Ele nunca bateu em mim mas em minha mãe já perdi as contas de quantas vezes brigamos pelo simples fato de ele ter levantado o dedo para ela.

– Você não vai ficar mais uma semana sem falar com ele não é? Por mais que vocês briguem ele a ama Lian. – ela diz me chamando pelo segundo apelido, o que significa que ela já está estressada com ele e acho que comigo também.

– Não mãe, ele vai ficar uma semana sem falar comigo, eu vou ficar um mês. – digo sádica e ela acaba rindo inconscientemente.

Depois de tomar meu café e lavar a louça, pego a chave do meu carro, que tinha ganhado depois que recebi o prêmio da minha antiga escola, por ter feito o desenho mais bonito representando minha alma, e o prêmio no caso era o carro, com direito a uma pintura da cor que eu quisesse. Então pedi para pintarem de preto inteiramente e colocar uma cauda de raposa na lateral representando o meu animal favorito e eu pedi para moldurarem no teto do carro o desenho que tinha feito em preto e branco, e tenho que admitir: esses caras são bons no que fazem.

Dou partida em direção a escola olhando a bela vista para a praia particular que tinha em frente a minha casa.

Me mudei para aquela cidade faz pouco tempo, já que meu pai ganhou uma promoção do emprego dele e agora estou aqui, pela primeira vez em uma casa com praia particular.

(...)
Chegando na escola, estaciono meu carro em uma vaga livre e percebo que outra do meu lado também estava vaga, rezei para que ninguém fosse usar aquela vaga já que eu estava evitando contato com outras pessoas no meu primeiro dia e vou para dentro da escola, como ainda tinha que ir na diretoria avisar que eu queria alugar aquela vaga para mim e que eu pagaria pela taxa pois não queria permitir o luxo de deixar meu carro na rua e correr o risco de ser assaltada por causa da arte feita a mão.

– Senhorita Carson, eu presumo. – diz o homem que parecia ser o diretor. – Eu sou o diretor Delevin. – “na mosca”. – E gostaria de te dar as boas vindas a escola de Middlepoint.

– Obrigada diretor Delevin. Eu gostaria de poder falar sobre uma vaga no estacionamento da escola e queria saber quanto que é a taxa para poder manter aquela vaga como minha.
Ele ri alto e olho para ele sem entender o porque da risada, “é doido, só pode”.

– Desculpe senhorita Carson. – diz se recuperando das risadas e enxugando uma lágrima, “imaginária, porque não havia lágrima nenhuma”. – Mas nessa escola as vagas são gratuitas e você não precisa pagar para ter uma vaga só sua. – diz ele ainda com um sorriso no rosto. – Apenas precisa me falar onde está estacionado seu carro vou ver aqui as vagas que ainda não foram ocupadas e vou ver se não estacionou na vaga de outro aluno.

Depois que ele disse aquilo me lembrei que tinha uma letra e um número escritos no chão com tinta azul.

– C7. – digo para ele e este me olha com estranheza.

– Como disse? – pergunta ainda sem entender.

– C7, é a vaga onde está meu carro. Estacionei ele lá e gostaria de poder deixar lá mesmo, para eu não me perder procurando pela vaga que o senhor iria sugerir para ficar como minha. – digo ainda com a voz firme.

– Ah sim, claro. – ele volta a olhar para o computador e começa a sorrir amigavelmente. – Bom, você tem muita sorte pois essa vaga é uma das três que estão liberadas e mesmo que você tivesse estacionado na vaga C8 que já tem dono era só eu passar você para a vaga do lado ou a da frente que é a D6. A outra já é mais distante, no caso a K2.

– Muito obrigada diretor Delevin e, se não for incômodo, gostaria também de saber onde é meu armário e meus horários se não se importa. – digo com tom educado e um pouco tímido só de pensar nas novas pessoas que serei obrigada a saber o nome.

– Não é incômodo nenhum senhorita Carson, vou só imprimir seus horários e pegar as chaves de seu armário. – ele diz se levantando da cadeira e saindo pela porta me deixando sozinha na sala que era bem simples mas espaçosa, a mesa era de carvalho liso e não era tão grande como pensei, sua cadeira era feita de couro e sua base era de rodas as costas não eram tão altas mas eram grandes a ponto de me deixar deitar o pescoço, do lado esquerdo da sala havia um enorme armário cheio de prateleiras de ferro e com o número da turmas, presumi que tivesse o nome dos alunos antigos e os atuais de cada turma juntamente com suas notas.

No meu lado direito havia uma estante com provavelmente coisas dele e até tinha uma cafeteira, oque foi um pouco estranho para mim logo de cara, mas depois não foi tão estranho olhar para a cafeteira ali.

(...)
Passado um tempo o diretor Delevin voltou com dois papéis e uma chave e as me entregou se sentando novamente.

– Tudo aqui senhorita Carson, agora pode ir já assinei o pedido para permitirem sua entrada na sala, o outro papel está com seus horários e as chaves estão com o número de seu armário de um lado do ticket e do outro o número de sua vaga.

– Muito obrigado diretor Delevin e obrigado pela paciência comigo. – digo com o tom educado já na porta.

– Disponha senhorita Carson, e tenha um ótimo dia. – diz ele antes de eu fechar a porta e ir em direção ao meu armário.

Minha primeira aula era de química pelo que estava escrito no papel e no ticket do chaveiro olho um dos lados que estava com o número do meu armário e era o n°127. Quando finalmente o encontro, encaixo a chave e o abro. Coloco minhas coisas lá dentro e pego o que precisava, coloco na minha mochila e com uma fita preta que tinha dentro do meu estojo, colo na porta do meu armário o horário. Feito isso, o tranco e vou em direção a minha sala que era a dois andares acima.

Chego na porta, olho pro relógio e percebo que estava muito atrasada.

– Droga... – resmungo para mim mesma. Respiro fundo e bato na porta, logo, me deparando com um homem alto.

O professor me analisa de cima a baixo, vem até mim, pergunta o que eu queria e dou a ele o pedido do diretor para que me deixasse entrar.

Ele dá um leve sorriso ficando de lado para mim e deixando eu entrar e pediu que eu me sentasse atrás de um garoto alto, pele branca não tanto como a minha, e cabelos escuros lisos. Me sento e presto atenção no que sobrou da aula copio a correção no quadro e respondo uma questão que duas meninas do outro lado da sala responderam errado. “Por favor né como que os elétrons ficam no núcleo junto com os prótons, deixando os nêutrons para fora? Colabora né sociedade!” Penso comigo mesma logo me julgando uma nerd chata e o rapaz que estava na minha frente se inclina para trás e me cumprimenta.

Depois de conversarmos um pouco o sinal toca e vamos embora da sala.

§Guardiões da Terra: Os Novos Herdeiros§ [REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora