§Capítulo 67§

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Lylian


Já estava terminando o banho e coloco uma regata preta sem estampa que parava abaixo da minha cintura, apenas com uma faixa branca em cada manga, que paravam acima do meu cotovelo e um short jeans claro.

Saio do banheiro secando o cabelo e encontro Alex lendo um dos livros que Lauren me deu e sorrio achando graça.

– Decidiu aprender a ler Avatar? – pergunto sorrindo já que ele nunca se interessou por nenhum livro desde que éramos humanos, pelo menos foi oque Jesy me disse. Ele se senta e sorri fechando o livro.

– Até que você não tem mal gosto Anã, pensei que ia pegar um livro e já vomitar se tivesse romance enfiado no meio.

– Disse a pessoa que está namorando comigo. – digo escorada de braços cruzados contra a base da porta do banheiro e ele ri.

– Eu sou um belo de um hipócrita. – diz e reviro os olhos, “estima é tudo nessa vida não é mesmo galerinha?”

Alexander se encosta na contra a quina da cama e me deito sobre seu peito. Ele novamente abre o livro e por sorte estava na parte onde eu parei. Ficamos um bom tempo lendo até que começo a me sentir cansada e acabo dormindo enquanto ele ainda lia. Não sei se ele dormiu também pois estava acariciando minha cabeça.

(...)
Acordo e Alex não estava mais lá. Me levanto e entro no closet para pegar uma roupa, mas ouço a porta do banheiro que liga ao closet se abrindo e Alex sai apenas enrolado na toalha. Sinto meu rosto queimar e deduzi que já estava tão vermelha que poderia competir contra uma lagosta.

– Desculpe... Não sabia que já estava acordada.

Saio do closet calada e me sento na cabeceira da janela mais vermelha do que uma pimenta.

Alguns minutos depois ele sai do closet, “claro que eu ainda estava vermelha como um tomate maduro”.

– Am... Você está bem? Parece que está tentando competir contra uma lagosta. – diz com ânimo forçado, agindo como se nada tivesse acontecido, “típico...”

– Estou... E por que está forçando humor pra falar comigo? – ele suspira entregando que também estava envergonhado com o que aconteceu quando passava a mão pelo cabelo escuro e pontas vermelhas.

– Desculpa, é que eu sou lerdo e esqueci de pegar a roupa, estava torcendo para que você ainda estivesse dormindo ou já tivesse saído do quarto. Mas acabei dando de frente com você. – ele bufa frustrado. – Argh, desculpa.

– Tudo bem, pelo menos não esqueceu a toalha. – ele ri e rio também muito arrependida por ter deixado o comentário escapar.

Ele se junta a mim na cabeceira e a sensação de estar ali com Alex era boa. Me sentia finalmente em paz, com o homem que eu amo, minhas melhores amigas, meu considerável e egocêntrico irmão mais velho. Além de ter o privilégio de ver Moncin, Kuren, Nalãn e Yong cuidado de Kalil, mesmo ele achando tudo aquilo desnecessário.

Sem querer sorrio em meio aos pensamentos olhando para a praia e aproveitando a brisa leve.

– O que foi? – Alex pergunta com um sorriso bobo no rosto.

Olho para ele e devolvo o sorriso, ele se aproxima e me dá um selo.

– Melhor irmos... Daqui a pouco alguém vai entrar aqui, fazer cara de deboche, rir que nem uma foca, e depois falar que os Guardiões estão nos chamando para comer, porque hoje o treino vai ser puxado.

– Como sabe de tudo isso?

– Eu vejo o futuro meu amor. –  ele olha para mim com um sorriso debochadamente perfeito.

– Do que você me chamou?

– De meu amor. – falo com um sorriso, “Lylian Garcia Carson sendo amorosa? Ouvimos um Amém Irmãos?”, vai te lascar subconsciente repugnante.

Ele me dá um beijo na testa e se levanta comigo colo, quando acho que ele ia me carregar até a cozinha, ele me joga na cama como se eu fosse um saco de cimento e grito com o susto.

– Alex por que você fez isso?

– Só para te irritar mesmo Lyli. – diz correndo até a porta. – Eu também te amo meu amor! – grita saindo porta afora.

– Eu mereço. – digo revirando os olhos.

Eu até o perseguiria. Mas estava de bom humor e não ia estragar aquilo esmagando meu Avatar contra a parede.

Me levanto da cama e vou tomar um banho. Coloco uma camiseta cinza escuro e uma legue preta. Quando desço, todos estavam arrumando a mesa para comermos. Vou até a cozinha e ajudo Jesy a fazer a massa dos pães, “já que não tínhamos nenhuma padaria ali”, enquanto Lauren tinha acabado de chegar, “já que ela era a única que conseguia sair da barreira de vento, ela trazia leite humano, farinha, e entre outras coisas como açúcar e sal”. Ela carregava uma caixa de ferro pesada e dentro dela haviam várias caixas de leite com a marca humana de uma fábrica que eu não conhecia.

Lucas vai até ela e a ajuda a colocar a caixa no chão da cozinha. Com minha telecinese, abro o armários onde eles podiam colocar as caixas. Alex estava terminando de ferver a água que Jesy usaria para fazer o café e também estava aquecendo o forno de pedra onde colocamos os pães. Kuren agora tinha uma horta que Nalãn ajudou a regar fazendo água doce e a armazenando em uma caixa enorme feita com o vidro que Kuren usou também para fazer as janelas da casa. Tudo isso sem a tecnologia humana.

“Fala como se você também nunca tivesse usado essa tecnologia também. Até parece que não tem saudade do celular ou de uma série na tv”, subconsciente chato.

– Jesy se eu ferver essa água mais um pouco ela vira vapor! – Alexander quase grita.

– Calma aí Fogãozinho ainda tenho que terminar a massa do pão!

– Me chama de Fogãozinho de novo e vamos ver o que acontece com o seu precioso pão!

– Me ameaça de novo juro que corto sua língua enquanto você dorme!

– Ameaças?

– Não, promessas! – todos arregalamos os olhos. Parece que ela não estava no melhor de seus dias.

– Jy você está bem? – pergunto colocando a mão em seu ombro.

– Ah, estou sim Lyli não precisa se preocupar. Não estou com raiva de ninguém... Só dele que já está me enchendo o saco. – diz docemente, o que foi bem estranho levando em conta os gritos que ela deu a nem um minuto atrás direito.

– Como é que é? Nem parece que você estava fazendo um show agora pouco! – Alex reclama e jogo os braços pro alto, “pronto, é agora que meu namorado morre!”

– Alex!

– Eu estou falando sério, essa água vai evaporar aqui.

– Ok, não precisa fazer birra. – falo indo até ele com o café que Kuren acabara de moer.

Lucas me trouxe uma folha que foi amarrada em cone e estava cheia de minúsculos furinhos. Até parecia com os filtros humanos, “só não era humano”.

Coloco em uma jarra de vidro que Kuren fez com muito cuidado e com uma alça de madeira para que eu não me queimasse. Quando termino, já dava para sentir o cheiro fresco de café.

Os pães de Jesy ficam prontos alguns minutos depois e estavam com uma aparência ótima.

Nos sentamos e pego uma das caixas de leite que Lauren havia trago e coloco sobre a mesa. Lucas vai até uma das dispensas que fez com madeira clara e olha para as geleias que Kuren fez com as frutas que plantara.

– Amora, goiaba ou jabuticaba? – pergunta colocando as mãos na cintura de costas para nós.

– É a sua vez de escolher Lu. – Lauren diz com um sorriso genuíno.

– Ah, é mesmo.

– Mas é lerdo viu. – Alex provoca e Lucas faz um dos cipós presos no teto descer e chicotear a orelha de Alex que reclama e fuzila as costas de Lucas enquanto eu e as meninas dávamos risada.

– Vai amora então.

– Boa escolha. – Jesy diz e Lucas se senta colocando o pote de geleia sobre a mesa para passarmos no pão.

Antes de fazermos tudo aquilo pedimos para a Joia Mãe pedir permissão para Terra, só para não corremos o risco de abusar de nossa hospedagem. E segundo ela, Terra estava até contente em nos ver fazendo todas aquelas coisas sem a tecnologia humana e quis que colocássemos nosso plano em prática, ele tem esperança de que com aquilo nós possamos ensinar os humanos a não abusar de sua hospedagem obrigatória em Terra já que todos eles são seus filhos. E como todos nós, os Herdeiros dos Guardiões, já fomos filhos dele também, tivemos uma permissão bônus.

Depois de comermos, eu e Lauren lavamos os pratos e os copos de vidro com base de madeira escura. Jy guarda as coisas e os meninos vão reciclar oque não íamos usar mais, como os guardanapos de papel feitos por Lucas. A maioria usávamos para acender a lareira e os outros molhávamos e enterrávamos na areia para que fossem reciclados naturalmente pelo sal.

As sementes das frutas que comemos eram replantadas na horta de Kuren, e quando não tinha espaço na horta, Lucas dava para os pássaros que Lauren trouxe dentro da mesma caixa de ferro e os soltou na floresta para que aquela ilha tivesse um pouco de vida selvagem. E a água tratada por Lauren, que usávamos para tomar banho, limpar a casa e lavar os pratos armazenávamos em uma caixa separada e regávamos a plantação de Kuren com ela ou esperávamos Nalãn a tratar de novo para a usarmos novamente.

Tudo ali fluía muito bem. Não precisávamos de tecnologia e nem dos humanos para termos nossos recursos, e Lucas estava animado com a ideia de fazer os humanos pararem de abusar de sua hospedagem na Terra. Já que agora pela escolha de Terra ele seria o rei de todos os seres terrestres e Lauren a rainha de todos os seres aquáticos. Ambos estavam animados com a ideia e já organizavam seus planos futuros.

Quando acabamos, já estávamos prontos para o treino. Já que agora eu teria dois turnos treinando, com a ajuda de Xombi, os Guardiões pegavam mais leve comigo durante o dia, para que durante a noite eu estivesse completamente disposta a treinar com Xombi. Normalmente eu volto para casa umas três da manhã por aí.

§Guardiões da Terra: Os Novos Herdeiros§ [REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora