§Guardiões da Terra: Os Novos Herdeiros§ [REVISADO]

§Capítulo 27§

Lylian

Não consegui dormir, não mais. Não conseguia tirar a imagem de minha mãe morta e nem negar para mim mesma que eu realmente fiz o que fiz, que realmente matei uma pessoa, que realmente matei meu pai.

Alex nota minha inquietes, como sempre para variar, “sinceramente estou começando a pensar que ele instalou algum chip com apito em mim do tipo: “Lylian não está bem!” E o alarme toca.”

– Você está bem? – gesticula em um sussurro para não acordar ninguém.

– Estou. – minto.

– Não consegue dormir? – pergunta ainda num fio de voz, suspiro e volto a olhar para o céu noturno.

– Não. – respondo finalmente.

– Por quê? Tem alguma coisa te incomodando? – “Sim está tudo errado comigo, matei meu pai por ter matado minha mãe e agora estou sendo assombrada por isso”, penso essa e mais algumas respostas.

– Não – digo evitando contato visual.

Olho novamente para o horizonte e avisto algo estranho. Uma luz azul claro voava acima das copas das árvores e outra amarela que falhava por causa que seu brilho era retido pelas folhas das árvores.

– Kalil. – chamo por seu nome e ele acorda, fazendo a conexão comigo e, logo, julgando o incômodo nos olhos, sabia que nossos olhos estavam daquele jeito.

– O que foi? – pergunta se levantando.

Kuren e Moncin também acordam e ficam de pé, Lucas também acorda ao ser chamado por Alex. Me levanto e Kalil direciona o olhar fixamente para aquelas luzes. De repente, seus olhos observadores são tomados por olhos tranquilos.

– Até que enfim. – comenta.

Parece que eles reconheceram aqueles brilhos, todos eles se materializam em seus corpos de plasma brilhando intensamente suas luzes vermelha, verde e roxa no topo da montanha.

As luzes amarela e azul claro parecem nos ver e se viram vindo em nossa direção, ficando mais rápidos.

A luz azul chega primeiro e vejo que tinha a forma de um morcego, ele pousa na pedra em que estava Moncin e depois de alguns segundos a luz amarela que tinha forma de lobo aparece pulando um pouco atrás da árvore em que eu, Lucas e Alex dormíamos.

As figuras ficam paradas e vejo Lauren descer do morcego e Jesy descer do lobo.

Fico com os olhos cheios d’água, a essa altura do campeonato não me importava mais com quem estava vendo, as duas me abraçam vindo de lados opostos e, por algum motivo, Lauren soluçava desesperada, e o medo de descobrir o que tinha causado aquilo me invade. Já Jesy estava mais retida em pensamentos, o olhar estava escuro, aquele brilho não estava mais lá, olhos de um oceano em tempestade, um oceano que nunca mais teria o brilho tranquilo e iluminado de antigamente. Lucas e Alex apenas se aproximam mas mantém distância, respeitando nosso momento.

Os “Guardiões” se aproximam e fazem a conexão com todos nós, fazendo nossos olhos mudarem de cor ao mesmo tempo que os deles mudaram, cada um com a cor dos olhos do seu Guardião.

– Agora que todos estão aqui temos que tirar a Sala dos Elementos daquela mina, muito tempo já se passou e não sei se meu feitiço continua intacto. – afirma Kalil.

Lauren e Jesy nos olham querendo que explicássemos tudo para elas, mas, de certa forma, nem nós sabíamos como explicar.

(...)
Depois de falar tudo até o último detalhe, Alexander, o que parecia saber mais sobre aquele assunto em específico além de Lucas, explica para nós a história de que eles nos escolheram por um motivo, só não soube explicar o porque.

Apresentamos cada um deles para decorar seus difíceis nomes. Quando todos já sabiam quem era quem, já não tinha mais nada que Lucas ou Alex soubessem.

Os Guardiões fazem um círculo e uma esfera branca se forma entre eles e sinto o chão tremer, olho para o pé da montanha e vejo a terra se elevando, tomando a forma de uma grande esfera de pedra que brotava do chão, ela para de brotar do chão um pouco acima de seu meio e os olhos de Kuren começam a brilhar intensamente.

Logo, toda a vegetação fazia o possível para esconder a esfera que estava ali no meio. Então uma caverna surge no final da grande montanha que foi formada ali.

Quando Kuren termina, mal dava para saber que tinha uma esfera de pedra enterrada ali.

Voltamos os olhares para os animais aguardando explicações.
Todos se abaixam para subirmos em suas costas, por exceção de Kuren, que pega Lucas pela camisa e o ergue do chão, feito, todos se direcionam para a montanha recém formada e, ao chegarmos, nos aproximamos da “caverna” formada ali e entramos.

Não estávamos enxergando nada. Percebendo isso, os Guardiões se materializaram como plasma iluminando toda a caverna com uma bagunça de luzes coloridas. Com isso, continuamos a andar, mas logo descobrimos que era sem saída, uma parede atrapalhava nosso caminho.

– Sem saída, e agora? – pergunta Lucas.

– É sem saída para uma mente que acha que não tem saída. – comenta Kalil que se abaixa para me deixar descer.

De alguma forma, sabia o que tinha que fazer. Me aproximo da parede de pedra e levanto a mão invocando a chama roxa que dançava e circulava minha mão.

Aproximo a chama que estava na palma da minha mão e a descanso na parede, que, no mesmo instante, tem uma camada de pedra virando poeira que cai no chão da caverna. Me deparo com a mesma porta que estava na mina e com os mesmos elementos desenhados com tinta brilhante.

Vejo o cristal negro no meio, coloco minha chama sobre ele a chama entra no cristal e começa a dançar embaçada dentro do cristal. Ouço um barulho e a grande porta de pedra começa a ceder para o interior do salão.

– Como você fez isso? – pergunta Lauren tirando minha atenção do interior do salão para ela.

– Eu também não sei. – digo e Kalil vem até mim.

– Eu já te dei o controle de seus poderes. Agora você só precisa treinar. – diz e, por instantes, uma estranha conexão a raposa gigante ao meu lado me fazia querer confiar nele, querer entregar tudo nem que fosse minha vida. Mas, com tudo que aconteceu, parte de mim queria simplesmente sair correndo e não olhar para trás, porque sei que, se eu olhar, a raposa negra estará bem atrás de mim.

– Vamos. – diz apenas enquanto me levava para dentro da sala que ainda me dava calafrios pelo o que aconteceu.

Quando todos entram a porta se fecha devagar. A pedra que, “pelo o que sei”, guardava os poderes do elemento do Ar, não estava mais ali.

– Acho que podemos começar com Jesy, já que ela é a única com poderes de cura aqui. – pronuncia Moncin. – Minhas costas estão ardendo de novo. – termina se deitando em um dos cantos da enorme sala circular.

Olhamos para Jesy, que estava esfregando o punho e percebo que a queimadura não estava mais lá.

– Acho uma boa ideia. Assim pode curar a queimadura de seus amigos. – Yong diz calmamente para Jesy enquanto se posicionava atrás dela e a vira para mim.

– Pode começar com a Herdeira da Escuridão. – diz e gesticula algo apenas para ela que ninguém mais entendeu.

Jesy olha para mim, um frio sobe minha espinha e o coração erra uma batida, o que ela vai fazer!? Atirar em mim!? “Por que a primeira a se ferrar sou eu!?”, Kalil se posiciona ao meu lado por algum motivo e aí sim meu coração acelera fazendo o peito doer.