§Guardiões da Terra: Os Novos Herdeiros§ [REVISADO]

§Capítulo 54§

Alexander

Três dias já se passaram. Não dormi nada essa noite. Jesy já havia voltado a dormir mas sua feição estampava a preocupação que sentia por Lyli mesmo dormindo.

Ouço um barulho na barreira. Olho para fora da cabana e vejo Nalãn, Moncin e Kalil voltando de uma ronda. Eles se revezavam durante a noite e o dia. Nalãn sempre ia com eles para vigiar pelo céu e ter um campo de visão maior. O que era estranho, já que levando em conta que ele era um morcego e morcegos não enxergam bem durante o dia, mas com ele era o contrário. Enxergava bem até demais. Paro de pensar nisso e vou até eles.

– Alguma coisa? Algum rastro de Dimon? Qualquer coisa? – pergunto quase implorando por uma resposta que não fosse não.

– Nada ainda. Mas não vamos desistir eu prometo. – Moncin diz e bufo passando a mão pelo cabelo.

Kalil suspira frustrado, ele estava acabado. Seus pelos estavam emaranhados, e seus olhos cansados. Era demais para ele admitir que perdeu sua Herdeira. Ele é o Guardião dela mas não conseguiu protegê-la, mas ele não entende que esse tipo de coisa acontece com todo mundo, seja um deus ou não. Fico até com pena dele, pois se fosse eu em seu lugar estaria exatamente assim ou pior.

– Moncin você é o mais velho entre todos nós, deve ter alguma coisa em que não pensamos ainda. – Kalil diz esgotado.

Ele não quis trocar com ninguém a ronda dele. Por mais cansado que estivesse, Kalil estava carregando uma mochila de culpa que ele mesmo colocou ali, mesmo sabendo que não é culpa dele.

– Já olhamos pelo ar. Se ele estivesse lá estaria dentro de uma tempestade. Se estivesse em solo, já teríamos sentido o cheiro de Dimons a muito tempo. Já consultei a Joia Mãe, que também está muito preocupada, mas ela disse que não consegue senti-lo, e a muito tempo atrás ela disse que o único jeito de não nos sentir é... É isso! Como pude ser tão tolo? Faz total sentido! – Moncin diz eufórico e corre até a grande cabana onde estava a Joia Mãe, Kuren e Yong.

– Moncin do que você está falando? – Nalãn pergunta confuso, e pelo visto Kalil também estava, mas também tinha um brilho de esperança em seu olhar. Moncin ainda esperançoso volta com Kuren que também estava sorrindo.

– Devo admitir que nem lembrava mais disso. – Kuren diz para Moncin que estava ao seu lado.

Yong sai logo depois, olho para ele pedindo uma resposta para aquilo com o olhar, mas ele dá de ombros. A resposta era clara: “Não faço a menor ideia do que esses dois estão falando”.

– Dá para alguém explicar, por que dessa barulheira? – Lauren pede sonolenta e Lucas aparece atrás dela a segurando pelos ombros.

– Venham, eu e Moncin vamos explicar tudo. – diz Kuren.

Todos fizemos um círculo e nos sentamos pois ambos estávamos tomados pelo cansaço.

– A muito tempo, no tempo da guerra entre a Joia Mãe e o Deus da Existência, a Joia Mãe convocou os três mais velhos dos sete de seus filhos, no caso eu, Kuren e Tarin. Ela disse que para o caso de alguma coisa desse errado, era para que nós três escondêssemos os quatro os mais novos dentro do oitavo filho dela, no caso, Terra. Pois lá nem ela e nem o Deus da Existência nos achariam. Já que esse é um dos poderes do oitavo filho, romper a conexão com nossa mãe e nos proteger do Deus da Existência, por isso Lauren também não consegue usar a clarividência com Lylian, mesmo já tendo dominado esse poder. – Moncin explica. Todos o olhamos confusos mas com esperança de termos encontrado alguma pista que nos levaria até Lylian.

– O que ele quer dizer é que Tarin, Valkin e os Dimons estão escondendo Lylian abaixo do subsolo! Podemos finalmente encontrá-la. – Kuren conclui a fala de Moncin. Me levanto em um pulo esperançoso de que finalmente vamos encontrar Lyli.

– O que estamos esperando? Preparem tudo! Partiremos assim que amanhecer! – falo e mais que depressa, todos se levantam e vão para suas cabanas.

Mas percebo que Kalil continua no mesmo lugar inerte. Estava esgotado mas se recusava a descansar. Suspiro e vou até ele, me sento e coloco sua grande cabeça em meu colo.

– Você deveria descansar. Como quer lutar contra Tarin desse jeito? Ainda são cinco da manhã, o sol aqui costuma aparecer às sete. Aproveite essas duas horas para dormir, ok? Desse jeito não vai poder proteger Lylian de ninguém. – falo calmamente e ele solta uma risada baixa.

– Acha que eu não sei disso? Mas você tem razão, estou acabado. Vou voltar para a cabana e vocês me acordem tudo bem? Se me deixarem aqui juro que mato cada um de vocês assim que estiver com Lylian em minhas costas. – ameaça e sorrio.

– Acredito nisso. Não se preocupe, eu mesmo te chamarei. – garanto e ele assente com a cabeça, em seguida ele se levanta e vai até a sua cabana.

Vou em direção a minha e encontro Jesy arrumando as proteções de ouro nos antebraços. Vou até minha bolsa e começo a colocar a minha armadura de couro por cima da roupa mesmo.

– Acha que vamos finalmente encontrá-la? – pergunta arrumando a proteção do outro braço.

– Tenho minhas esperanças. Procuraremos em cada buraco da Terra até encontrá-la se for preciso mas eu não parar até conseguir. Já a perdi uma vez e não vou permitir uma segunda. – falo e Jesy força um sorriso.

– Vejo que seus sentimentos por ela continuam os mesmos ou até mais fortes. São esses sentimentos que estão dando energia para você e Kalil. – diz e a encaro suspirando em seguida. Volto a atenção para a armadura, coloco meu sobretudo de couro vermelho escuro que me fazia parecer um bruxo do fogo ou algo parecido.

Esperamos um tempo e quando o sol aparece vou até a cabana acordar Kalil. Ele estava em um grande tronco de árvore caído, estava dormindo ainda, mas pelo que vi, ele havia arrumado os pelos antes de ir dormir, e agora parecia uma grande almofada de pelos negros.

– Kalil. Kalil! Vamos acorde logo iremos partir. – falo sussurrando.

Ele pisca os olhos e me afasto para que se espreguiçasse. Ele abre a boca o máximo que pode deixando todos os seus dentes brancos incrivelmente afiados a vista. Depois desce do tronco e me olha.

– Parece bem melhor. – falo sorrindo ele também sorri fracamente.

– Eu realmente estava precisando disso. Me sinto com muito mais energia. Vamos?

– Lógico.  – afirmo e, logo, saímos da cabana e vamos ao encontro dos outros.

Jesy desfaz a barreira de luz e depois Lucas desfaz o acampamento. Quando terminam, adentramos na floresta que logo seria iluminada pelo sol.