Capítulo 1

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" - Após dezesseis dias desaparecida, o corpo de Hellen Parker foi encontrado ontem à tarde abandonado, às margens da rodovia 76

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" - Após dezesseis dias desaparecida, o corpo de Hellen Parker foi encontrado ontem à tarde abandonado, às margens da rodovia 76. A jovem apresenta sinais de desnutrição e fraturas. Estamos neste momento, ao vivo, com a detetive que será responsável pelas investigações Sarah Torres. Bom dia detetive... A polícia já tem algum suspeito para tamanha brutalidade?

- Bom dia, infelizmente ainda não posso dar muitas informações sobre o caso, mas posso afirmar que vamos trabalhar incansavelmente para colocarmos esse assassino atrás das grades o quanto antes.

- A polícia trabalha com alguma hipótese de ligação entre os crimes, detetive? Afinal, são quatro jovens em pouco mais de um mês.

- Nós não estamos descartando nenhuma possibilidade. Cada pessoa, em cada metro quadrado de AnderWood, será investigada."

O vento que entra pela janela do Mustang vermelho alvoroça os cabelos loiros de Sarah

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O vento que entra pela janela do Mustang vermelho alvoroça os cabelos loiros de Sarah. Enquanto uma mão segura firme o volante, a outra leva mais uma vez o cigarro à boca. A mulher traga lentamente, segurando a fumaça em seus pulmões, enquanto seus olhos azuis estão apertados formando uma linha fina mirando a estrada.

Uma vibração constante a tira de seus devaneios. A jovem estica o braço em direção ao porta-luva segurando o cigarro entre os dedos. Ela puxa a pequena maçaneta e tenta desajeitada pegar o celular. O aparelho acaba caindo, fazendo Sarah bufar.

- Merda! - A mulher retorna a bituca à boca segurando-a entre os lábios e se curva sobre o banco do passageiro tentando alcançar o telefone.

Ela se estica em direção ao chão, se revezando entre olhar para a estrada e para o assoalho, abrindo e fechando os dedos que só esbarram no aparelho. De repente, um sobressalto no banco, as duas mãos novamente apertando o volante e uma freada brusca aceleram a respiração da mulher.

Enquanto tenta se recuperar do susto da quase batida, ela analisa os centímetros de distância entre seu carro e o Buick preto estacionado à sua frente.

Ainda com as mãos trêmulas, a detetive destrava o cinto de segurança, abre a porta e sai do veículo. Ela caminha um pouco desnorteada em direção ao homem alto e forte que está escorado no carro, bebericando um café.

- Foi uma bela parada. - Ele diz sarcástico, com uma mão enfiada no bolso do jeans e dando mais um gole no líquido fumegante.

- Me desculpa... Eu me distraí e não o vi parado. - A mulher afasta uma mecha do cabelo, colocando-a atrás da orelha.

O homem vira o copo na boca, bebendo o resto do café e fazendo um barulho irritante.

- Jura? Por um minuto pensei que era alguma especialista em baliza. - Descruzando as pernas e se afastando do veículo, ele caminha até a lixeira concretada na calçada e descarta o copo de isopor.

- Não, eu não sou... Já você parece ser especialista em sarcasmo. - A mulher retorna para o Mustang, trancando o veículo. Ela passa pelo homem revirando os olhos e caminha em direção à Cafeteria Woody.

- Eu tenho muitas especialidades, detetive. - A voz grave do homem sai como um sussurro, enquanto segura com delicadeza o braço de Sarah. - E uma delas é reconhecer uma mulher bonita.

 - E uma delas é reconhecer uma mulher bonita

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Os dois se encaram por alguns segundos. O homem solta o braço da mulher gentilmente, que, por sua vez, assume uma posição mais dura.

- Como você sabe quem eu sou? - Com as mãos na cintura, a detetive o fita com os olhos semicerrados.

O homem passa a mão na barba por fazer, fazendo um bico com os lábios, como se procurasse a resposta. Imitando o gesto da mulher, ele coloca as mãos na cintura, se inclinando levemente para a frente, quase roçando o nariz no de Sarah.

- Digamos que, sua entrevista passou em todos os noticiários de ontem... - Ele sorri para a mulher, que não consegue evitar e acaba sorrindo de volta.

- Por isso eu detesto dar entrevistas, acabam com meu anonimato. - Sarah finalmente relaxa.

- Anonimato não combina muito com AnderWood. O hobby dessa cidade é falar da vida dos outros. - O homem diz retirando a chave do bolso e enfiando na porta do Buick.

- Só não falam o que eu preciso saber... - A detetive olha para o céu e solta um suspiro cansado.

- Você se refere aos assassinatos?

- Exatamente... Ninguém viu nada, ninguém sabe de nada.

- Mas esse é o seu trabalho, não é mesmo? Descobrir?- O homem volta a encarar a mulher.

- Voltamos para o modo sarcástico? - Ela levanta uma sobrancelha, encarando-o de volta.

- Não estou sendo sarcástico, só estou dizendo que, mesmo sem a colaboração das pessoas, ainda assim você conseguirá descobrir. Ou eu estou errado?

- É... eu vou sim. Só vai ser um pouco mais difícil do que imaginei.

O homem entra no veículo, batendo a porta do carro e dando partida, deixando Sarah em pé sozinha, do lado de fora. Ele então abaixa o vidro e coloca a cabeça para fora, sorrindo para a mulher.

- Tenho certeza de que fará um bom trabalho detetive. -Ele pisca e sai com o carro.

 -Ele pisca e sai com o carro

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