Já se passavam das duas, quando Sarah e Peter deixaram a delegacia e entraram na pequena estrada de terra que dava acesso a mansão dos Simmons.
O caminho que cortava os pinheiros levava a dupla para um dos maiores terrenos que já viram. Com um estilo rústico, o casarão parecia ter saído de algum filme americano, com suas imensas janelas verticais refletindo o lago que cercava a propriedade.
Assim que o carro parou, Sarah desceu, olhando encantada para aquele cenário. O lugar estava bem cuidado, a grama verde devidamente aparada, cercava o caminho de pedra que levava à entrada principal. Era como admirar aqueles quadros de paisagem que ficam pendurados na parede de alguma sala.
- Você sabe que isso é violação de domicílio. - Sarah disse para Peter, que estava parado em frente ao portão de madeira.
- Quando o proprietário esquece de trancar o cadeado não... - O homem encarou a amiga, com com sorriso vitorioso no rosto, enquanto balançava um pedaço de corrente nas mãos. - Vamos chamar isso de convite.
O detetive empurrou as duas partes de madeiras que rangeram ao se abrir. Sarah entrou primeiro, pouco se importando com as pedras que indicavam o caminho a seguir. Andando pela grama, era impossível não relaxar ali. O vento que soprava sereno, agitava bem levemente as águas do lago e o único barulho que se ouvia, era dos pássaros cantando... E dos sapatos de Peter pisoteando alguns galhos secos ao se aproximar.
- É um belo lugar. - O homem parou ao lado da amiga com as mãos nos bolsos.
- Porque os Simmons comprariam uma propriedade dessa? Eles passaram a vida cuidando daquele hotel.
- Eu não faço a menor idéia... Vou olhar em volta.
- Não vi nada de interessante, as portas estão trancadas. - Peter disse com os lábios apertados, segurando o cigarro na boca enquanto lutava contra o vento, tentando acendê-lo.Sarah estava parada com os braços cruzados, admirando um pequeno canteiro de rosas brancas, na lateral da casa.
- Quer um? - Peter apontava o maço para a colega.
Sarah balançou a cabeça negando.- Vamos voltar pra cidade, eu preciso fazer algumas perguntas para o senhor sarcasmo.
- Senhor sarcasmo? - Peter olhou confuso para a amiga, que saiu andando na frente.
Ao passar pela porta da recepção, Sarah notou algo incomum no lugar. Henry não estava presente, atrás da pequena bancada como de costume e o local estava pouco iluminado. A detetive caminhou até o grande salão e não foi difícil reconhecer a silhueta do homem escorado no batente da porta que dava acesso ao quintal da propriedade.
Mesmo de longe, Sarah, pode sentir o perfume de Henry misturado a algo a mais. Uísque. A medida que se aproximava, a mulher fazia careta devido ao forte cheiro que emanava dos poros do homem. Henry estava de cabeça baixa, a camisa branca perfeitamente colada ao corpo estava amarrotada e a mão passava repetidas vezes pelo cabelo.
Sob a luz fraca do quintal, os olhos verdes do homem encararam os de Sarah.
- Eu preciso te fazer umas perguntas Henry... - a mulher disse num sussurro.
Ele deu de ombros enquanto girava o copo de uísque lentamente. O homem continuou calado, com olhos e pensamentos desconexos e então levou o copo à boca dando um último gole.
- O que você quer detetive? Veio pra terminar o que começamos mais cedo? - O tom da voz de Henry não era comum para Sarah. A raiva era quase palpável em cada palavra dita e por um momento, o medo percorreu a espinha da detetive.
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Motel Ander's
HorrorSarah Torres será a detetive responsável por tentar solucionar a sequência de mortes que vêm acontecendo em AnderWood. O que ela não imaginava é que seu caminho se cruzaria com o de Henry, um morador conhecido por todos na pequena cidade devido ao h...