Henry continuava escorado na porta, girando o copo de uísque na mão. Ele sabia exatamente o que a detetive queria. Era uma questão de dias para que eles associassem os Barkers com os Simmons e viessem fazer perguntas. Contudo, ele tinha uma carta na manga.
Ele sempre tinha.
— O que exatamente nós começamos? — O barulho dos saltos de Sarah se chocando com o piso ecoava pelo salão à medida que ela se aproximava para que o homem a encarasse, mas ele mais do que depressa desviou o olhar, levando o copo à boca uma última vez antes de arremessá-lo pelo quintal.
— Sabe, detetive... — Disse com um timbre de voz frio e ao mesmo tempo sensual demais para aquele momento. — Você tem um perfume muito bom…
Dando dois passos à frente, ele praticamente se debruçou sobre ela, usando o outro lado da porta como apoio. Passou o nariz pelos cabelos de Sarah, inalando profundamente o cheiro, como se quisesse gravar aquilo em um lugar que só ele tinha acesso.
A barba por fazer roçou no pescoço da mulher que, mesmo atormentada pela proximidade do homem visivelmente embriagado, mantinha a mesma postura.
— Vem, me deixa te ajudar, você está completamente bêbado. Os clientes não podem te ver assim…
— Tarde demais, você já me viu… — Ele segurou no queixo de Sarah, sorrindo. — Você é uma cliente né?
— Não é hora pra brincadeiras, vamos pro quarto.
— Tão apressada, detetive. Temos a noite toda pela frente...
Sarah revirou os olhos enquanto passava o braço de Henry pelo pescoço. Tentar carregar uma pessoa naquele estado exigia mais força do que ela imaginava. Por sorte, o quarto dele era ao lado da escadaria e a ideia de enfiá-lo no chuveiro parecia o mais certo a se fazer no momento.
Apoiando-se nela, o homem tropeçava nos próprios pés à medida que caminhavam em direção ao quarto. Quando finalmente chegaram, a detetive tentou fazê-lo se sentar na cama, mas ele caiu para trás, deitando no colchão com os braços abertos, como se seu corpo pesasse toneladas.
— Caramba, Henry!
Sarah colocou as mãos na cintura, parada em frente ao monte de músculos estendido na cama. Tudo o que ela precisava para terminar um longo e cansativo dia de trabalho era dar banho em um bêbado.
"Maravilha!", pensou.
Com cuidado para que ele não acordasse e dificultasse ainda mais o que já estava difícil, ela começou a despi-lo, deixando somente a boxer preta. Henry tinha um corpo de dar inveja a qualquer pessoa: o peitoral e o abdômen bem definidos combinavam perfeitamente com as pernas torneadas. Mesmo instigada a continuar admirando a cena, a detetive afastou aqueles pensamentos e focou no que se propôs a fazer.
— Vem, eu preciso que se levante.
Quando finalmente entraram no banheiro, ela o colocou dentro do box. Em uma fração de segundos Henry já estava sentado no chão de azulejos cinza, com a mesma expressão vazia de poucos minutos atrás. Sarah prendeu o cabelo num coque frouxo, arregaçando as mangas da camisa branca que vestia, e começou a girar o registro do chuveiro lentamente enquanto checava a temperatura da água.
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Motel Ander's
HorrorSarah Torres será a detetive responsável por tentar solucionar a sequência de mortes que vêm acontecendo em AnderWood. O que ela não imaginava é que seu caminho se cruzaria com o de Henry, um morador conhecido por todos na pequena cidade devido ao h...