As coordenadas eram, aparentemente, no meio do nada. Mas o guerrilheiro falara que tinham um alvo em mente, que obviamente não seria tão distante do ponto de encontro. Ele não se arriscaria a fazer uma movimentação de mais que algumas horas, sendo que a cooperação do rei c’erit havia sido forçada. Não, aquilo seria pedir para algo dar errado. Então...
– Preciso me conectar ao computador da minha nave. – falei.
Kai não discutiu, apenas gesticulou indicando um dos terminais. Assentindo, ativei o comando que precisava no meu bracelete de controle, antes de abrir a tela que me permitiria acessar os mapas. Rapidamente, entrei com minhas senhas, antes de digitar as coordenadas.
O homem se aproximou quando dei zoom no quadrante indicado, procurando sinais de vida por perto. Mas, mesmo que meu mapa indicasse diversos detalhes que os mapas c’erit não tinham, não havia nada nas coordenadas, nem em um raio de pelo menos um dia de viagem.
– Não faz sentido. – ele murmurou, seus dedos traçando possíveis rotas que terminavam em lugar nenhum.
Faria, se tivéssemos um traidor entre os Guardiões. Eu balancei a cabeça, tentando afastar o pensamento. A paranóia estava ganhando espaço, e eu veria conspiração e traição em qualquer coisa que acontecesse. Mas não podia me permitir isto, tinha que analisar os fatos friamente.
– Tenho mais uma opção. – contei, enquanto me desconectava e fechava as telas.
Ele me encarou, sem dizer nada, enquanto eu voltava a ativar o bracelete, desta vez o usando como comunicador. Em movimentos rápidos, entrei o código que precisava, e houve um rápido ruído de estática. Esperei até o ruído se repetir, e logo uma voz masculina falou:
– Guardião Ziderrenoh na escuta.
– Zid, preciso de ajuda. – falei, depressa.
– Aíla? – sua surpresa era facilmente perceptível. – Não esperava notícias tão cedo! Já estão falando...
– Não importa. – eu o interrompi, era capaz de imaginar exatamente o quê estariam falando sobre esta missão. – Preciso de informações. Mapas, para ser mais exata, mas não quero que ninguém saiba que estou pedindo isto.
– Certo. Que mapas? – sua resposta foi rápida. Ele provavelmente pensava que eu queria manter segredo sobre o pedido para evitar mais falatório, e era melhor que continuasse a acreditar nisto.
– São cinco quadrantes, que nos meus mapas aparecem como desertos. Mas tenho motivos para acreditar que exista alguma coisa neles. Os registros antigos podem ser um bom lugar para começar a procurar. – falei, enquanto digitava os dados dos quadrantes e enviava.
– Recebido. Estou indo para a biblioteca agora. Entro em contato quando tiver alguma coisa para você.
– Obrigada. E, Zid... Tenha cuidado. – eu precisei completar.
– Terei.
O ruído de estática mostrou que ele havia desconectado, e eu fiz o mesmo. Agora, precisaria esperar.
– Seu amante? – Kai perguntou, novamente soando irritado.
– Meu amigo e meu parceiro. – respondi, engolindo em seco quando as memórias voltaram mais uma vez. Eu era o motivo para Zid não ter prestado o juramento de Arqui-Guardião ainda. – Ele tem acesso aos níveis antigos da biblioteca.
Ele assentiu, o movimento parecendo seco, antes de voltar a falar.
– Acha que pode ter existido alguma coisa ali antes?
– Ou então ainda existe, mas foi retirada dos mapas comuns por algum motivo. – falei, voltando a encarar a tela onde os mapas estavam abertos. – Não seria a primeira vez que isto acontece. Mas os registros antigos não podem ter sido modificados.
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Sentinela (Crônicas de Táiran #1) [Degustação]
Science FictionDesde sua criação, ninguém atravessara os portões do Reino C'erit. Ninguém sabia o que acontecia por trás dele, ou o que acontecera com as pessoas que, tempos atrás, haviam se instalado ali para construir um novo lar. Por isto, até mesmo os Guardiõe...