Capítulo 13 SOMENTE 15 CAPÍTULOS POSTADOS - DISPONÍVEL NA AMAZON

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SOMENTE 15 CAPÍTULOS POSTADOS - DISPONÍVEL NA AMAZON

            Sérgio estava há muito acordado. Dormir nunca foi o seu forte quando havia mil e dois problemas para ele resolver. Independente se eles eram em casa ou no mercado, era algum deles despontar em seus sonhos que Sérgio acordava e não dormia mais. E com a vantagem de estar completamente carregado e pronto para encarar o que o dia lhe trouxesse.

Estava imóvel por dois motivos. O primeiro de todos era Fernanda, ela era uma preguiçosa de marca maior, como Sérgio gostava de brincar. Apenas uma pessoa normal que acordava em horários normais, rebatia Fernanda sempre que o assunto era tocado. E o segundo motivo era João Sérgio, o filho mais novo. Rapa de tacho, como Sérgio gostava de anunciar a todos do mercado.

Assim como Inácio e Sofia, os irmãos mais velhos, João Sérgio era uma bênção de calmo e, como todo Chiarelli, só era tirado do sério quando contrariado ou com fome. Duas coisas que aconteciam com mais frequência do que Sérgio gostaria. E era por isso que ele estava imóvel na cama, começando a sentir a companheira dor nas costas por estar na mesma posição por muito tempo. João Sérgio estava tomando grande parte da cama, não aquela que deveria ser a sua, o berço abandonado ao lado de Sérgio, e sim a cama própria, a qual Sérgio era quem deveria ocupar a grande parte dela pelo seu tamanho, e não aqueles centímetros de pessoa que resmungava quando colocado no seu pequeno colchão. Três filhos nos ombros e Sérgio não compreendia como eles conseguiam tudo que queriam.

O sol ainda demorou a despontar no quarto e Sérgio percebeu que precisava se mexer. Estava na hora de João ter o que era dele por direito e se esse fosse o caso, Fernanda não iria xingar Sérgio por ter a acordado àquela hora. E como um passe de mágica, no momento em que Sérgio mexeu dois centímetros do seu corpo, João começou a resmungar.

— Eu aposto que tu fez isso de propósito... — Fernanda murmurou.

— Não, Gorda — suprimiu um sorriso para não apanhar naquela hora da manhã — está na hora do café da manhã do guri.

Fernanda sentou na cama, descabelada, e linda aos olhos do marido. Ele ainda custava a acreditar que Fernanda era sua esposa e havia caído na sua casa e vida há tantos anos. Sérgio nunca imaginou, na sua infância, que um dia comandaria o mercado da família e seria pai de três. Para ele, na sua ignorância e sonhos infantis, no momento em que saiu de casa para estudar na capital seu futuro era todo lá. Formar-se em advocacia, exercer uma carreira no tribunal e encontrar a mulher perfeita para os filhos perfeitos. Longe da pequena cidade em que nasceu e que só visitaria aos finais de semana.

Sérgio aprendeu cedo que os planos futuros nunca eram iguais aos planejados. Leu em um livro há uns anos uma frase que o marcou e que adotou como uma espécie de lema para sua vida "O homem planeja, Deus ri". Essas poucas palavras mostraram a Sérgio que realmente nada estava em suas mãos, muito menos o futuro e o local onde cada um dos seus passos o levava.

Ao perder os pais no fatídico assalto, tantos anos atrás que ele ficava cansando só em fazer as contas, Sérgio percebeu que sua vida não seria mais a mesma. Principalmente pelo fato de que naquele momento era responsável pelos seus dois irmãos mais novos: um reprimido Ricardo e uma rebelde Liana. Ah se Fernanda não entrasse na vida deles naquele exato momento! Onde seria que Sérgio, Ricardo e Liana estariam naquele momento?

Sinceramente, ele nem gostaria de imaginar possíveis palcos para aquela realidade. Nem tinha tempo, por assim dizer. Um mercado cheio de mercadorias para descarregar o esperava, assim como um escritório lotado de notas a serem conferidas e tantas coisas mais que o mercado pedia atenção. Tinha que começar o dia rapidamente.

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