X° Fragmento - Zahira

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_tem alguma coisa errada! – Gael falou assim que nos aproximamos da aldeia.

_veja Gael, a floresta... – falei olhando para o modo como as arvores começavam a se mover, tentando nos impedir de chegar ao nosso destino – estão bloqueando o caminho!

_elas nunca fizeram isso antes! – a pequena loira comentou se aproximando e olhando atentamente para a movimentação lenta e continua das arvores, como um farfalhar por conta de uma ventania, elas moviam-se e se realocavam.

_Gael, não é a melhor hora, mas você sabe o que eu acho sobre isso... – falei e retomei a caminhada, sendo parada bruscamente por sua mao firme em meu ombro.

_ela não seria capaz... – ele ponderou.

_eu não estou disposta a correr esse risco! Precisamos acabar com ela agora! – fui firme à minha decisão, e encarei a loira – antes que outros morram!

_quem vai morrer? – perguntou curiosa, se aproximando subitamente para perto.

_todos nós, se não formos até a fonte do problema agora! – fui direta – Gael, você sabe que eu tenho razão! Odeio estar certa sobre isso, mas você e eu sabemos!

_só vamos ter cuidado, sim? – pediu suspirando derrotado – você venha conosco Valquíria, será nosso apoio, se necessário!

_é serio? – perguntou surpresa – isso é algum tipo de missão? Teste? O que esta acontecendo?

_nosso primeiro objetivo é conseguir chegar até a aldeia, afinal, para nos proteger, a floresta vai tentar nos impedir de chegar até lá de todas as formas possíveis! – Gael respondeu as duvidas estampadas no rosto da loira – e quando chegarmos lá, você saberá o que fazer!

_vamos logo! – os apressei.

Quanto mais caminhávamos, mais a floresta se fechava para nós. Íamos desbravando o caminho por entre as arvores estreitas, com as pontas dos galhos nos machucando levemente enquanto forçávamos nossa passagem. Quando conseguimos nos aproximar, ao ouvimos gritos, nem choros, nem nada. Não havia qualquer sinal de perigo, e isso era o maior alerta de todos.
Estavam agindo silenciosamente.
Saindo ao centro da aldeia, passamos por entre as casas, notando-as vazias e em silencio. Não havia ninguém em qualquer lugar que mirássemos os olhos, parecia que todos nunca tivessem existido; Porém havia algo estranho no ar.
Cheiros.
Cheiros de pólvora, algo químico, cheiro de álcool e látex e o pior de tudo: cheiro de humanos.

_já estão aqui! – falei sem quase ouvir minha própria voz.

_como assim? – a loira perguntou – onde estão todos?

_se não estão mortos, estão presos! – resmunguei, tentando concentrar minha magia em direção ao rastro certo, embora uma parte dela estivesse se direcionando automaticamente para dentro do meu corpo, protegendo meu bebê. Era o instinto maternal primitivo em ação.

_precisamos nos esconder! – Gael puxou-me pelo braço e liderou a pequena corrida, rumo a cabana mais próxima. Agilmente começamos a escalar a arvore, nos escondendo o mais rápido possível.

_será que Ane e Thomas estão por perto? – indaguei – não senti o cheiro de nenhum deles...

_a tenda do curandeiro não fica na aldeia, é um pouco afastada. Talvez eles estejam escondidos! -  Valquíria falou – e agora, o que faremos?

_temos de sondar o local! Teremos de ir do modo antigo, cobrindo o terreno em linha horizontal, a 5 metros um do outro! – Gael explicou – iremos de onde paramos, para o fim da clareira, eles não devem ter ido longe, a floresta não os deixaria!

Alma de Urso - Livro II - Série Amores IndomáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora