A Deusa da Primavera

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Acordo, vejo que estou deitada em uma cama simples mas confortável, me levanto, vejo um espelho e paro em frente dele, não sei o que estou fazendo nesse lugar, me sinto confusa, várias lembranças vem ao mesmo tempo em minha mente.

Vivia em uma casa simples cercada por um imenso e lindo jardim, morava com a minha mãe, mesmo sendo deusas não vivíamos no Olimpo pois ela sempre fala que os deuses que moram lá são falsos, traiçoeiros e por isso o melhor lugar para vivermos e sermos felizes era no mundo dos humanos, mas para que ninguém descobrissem os nossos poderes era necessário morarmos afastadas das outras pessoas.

Tinha uma infância muito tranquila, brincava no meio das plantas e flores, as vezes ia no vilarejo mais perto e brincava com algumas meninas da minha idade.

Infelizmente a minha adolescência chegou e comecei a ser desejada por muitos homens, eu não entendia porque tantos desconhecidos se aproximavam de mim, alguns até me ofereciam presentes, mas eu nunca aceitava.

Eu sou ruiva, meus cabelos são lisos e longos, muito macios, nem tenho trabalho em cuidar deles, meus olhos são verdes escuros, minha pele é branca, mesmo que goste de tomar sol, ela não fica com marcas, meus seios são grandes, sinceramente não me acho mais lindas que as outras moças, mas elas me olham diferente, como se tivessem inveja da minha beleza.

Comecei a receber visitas de deuses que me queriam como esposa, na época eu só tinha 16 anos, mesmo que fosse mais velha não poderia aceitar casar com nenhuma deles pois mesmo eles sendo estranhos para mim sei que somos meio irmãos.

Também recebi visitas de algumas deusas que me ameaçaram por tirar os olhares dos deuses sobre elas, eu não entendi isso, nunca fiz nada contra ninguém, morava longe de todos os deuses e sequer os conhecia.

Quando completei dezessete anos, minha mãe e eu fomos obrigadas a irmos para o Olimpo, era a primeira vez que iria naquele lugar e algo me dizia que lá me fariam mal.

Foi a primeira vez que vi o meu pai, ele me tratou de uma forma muito fria, disse que a minha beleza estava quase causando uma guerra, pois todos os deuses inclusive ele queriam se deitar comigo e que o único modo para trazer paz a todos era eu me casando e vivendo bem longe do Olimpo.

Ouvir aquelas palavras me fizeram sentir um nojo enorme, como o deus que era o meu pai tinha coragem de falar que queria se deitar comigo? Isso para mim é um absurdo, mas infelizmente quem manda no nosso mundo são os deuses, as deusas não tem direitos, muitas sofrem violência e sequer podem reclamarem.

Fui obrigada a me casar com Hades e ir morar no submundo, aquele lugar me causava medo mas aos poucos fui me acostumando com o ambiente, o imperador me tratava bem mas ele não me amava, na verdade, acho que ele não sabe o que significa a palavra amor.

Vivia triste naquele lugar, sofria muitas traições e por causa disso, decidi que nunca teria filhos, comecei a usar uma erva que me impedia de engravidar, mas isso fez com que todos os deuses me humilhassem porque achavam que eu era estéril, aguentava tudo calada mas o meu coração estava cheio de tristeza.

Os únicos momentos felizes que tinha no submundo era quando estava na companhia dos especados, eles me respeitavam e me amavam como se fosse a mãe deles e era esse o amor que sentia por todos principalmente pelos três juízes, pois era com eles que eu tinha mais contato.

Meu casamento se tornou uma tortura para mim, mas não poderia deixar o submundo, não poderia mais viver na terra pois naquela época os deuses foram proibidos de viverem lá, apenas poderiam viverem na terra os deuses que tivessem corpos humanos e eu não suportaria morar no Olimpo.

A minha tristeza era tão grande que resolvi acabar com o meu sofrimento, usei os meus poderes e encontrei uma erva mágica que faz com que a imortalidade de um deus acabe, foi muito difícil a encontrar, pois estava na terra em um lugar de difícil acesso, mas consegui chegar até ela, a colhi e comi bastante, minha imortalidade acabou, aos poucos fui envelhecendo e tive uma morte comum aos humanos.

Passo a mão no meu rosto, não entendo porque reencarnei, eu nunca desejei isso e quem me fez voltar a vida se até o deus dos mortos não poderia fazer isso?

Saio do meu quarto, encontro o único humano que tem me tratado bem, me jogo em seus braços e começo a chorar intensamente.

Albafica: Percebo que ela está diferente, sinto que recuperou as suas memórias de deusa mas não entendo porque sofri tanto, mas prometo a mim mesmo que farei o que estiver em meu alcance para a sua dor acabar. 

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