Perséfone
Faz quinze dias que não converso com o pisciano, não consigo esquecer quando vi outra mulher beijando o seu rosto, achei muito íntimo e não tenho dúvidas que depois acabaram se beijando de verdade, como não quero me magoar novamente por causa de um homem resolvi que o melhor a fazer era me afastar dele.
Sinto muita falta dos dias maravilhosos que passamos juntos, mas não aceitarei o dividir com nenhuma outra, quando o vejo sinto meu coração bater com mais força mas sei que tenho que ignorar esse sentimento que guardo no meu coração.
Acordo com o sol entrando pela janela do quarto, estava sonhando com algo tão lindo e ao mesmo tempo triste, no meu sonho estava sentada em um jardim de uma praça, Albafica estava sentado perto de mim e sorria ao brincar com um menino de cabelos ruivos claros e olhos azuis celeste, o estranho é que essa criança parece ser uma perfeita mistura nossa.
Prefiro tentar esquecer aquele sonho, levanto e vou para o banheiro tomar um banho, ao me ensaboar sinto que os meus seios estão maiores e sensíveis, acho isso muito estranho, coloco a mão na minha barriga e sinto claramente um cosmo dentro de mim, não tenho dúvidas que terei um filho e que estou com 4 semanas de gestação.
Eu nunca planejei ter um filho, não me sinto preparada para ser mãe mas sei que não adianta reclamar pois fui irresponsável, sei de vários chás que impediriam uma gravidez indesejada e não os tomei naqueles dias, mesmo sabendo que poderei passar muitas dificuldades para o criar, não farei nada para abortar, termino o meu banho, me visto e tento me acalmar para fazer a parte mais difícil que é conversar com o pai do meu filho.
Desço as escadas devagar, chego em peixes e vou para o jardim das rosas venenosas que eu adoro, colho uma rosa vermelha e cheiro o seu perfume e isso ajuda a me acalmar, quando sinto o seu delicioso perfume atrás de mim, sinto desejo de me jogar em seus braços e lhe beijar, mas sei que não tenho mais esse direito, ouço a sua voz e o seu tom formal me dói.
Albafica
Estava terminando de lavar a louça do café da manhã quando senti o cosmo de Perséfone no meu jardim, não faço idéia porque ela veio aqui, começou a me tratar friamente sem nenhum motivo, fiquei muito magoado com a sua indiferença, nesses quinze dias me afastei o máximo que pode do santuário para não lhe ver, passava o meu maior tempo em Rodorio mas fui incapaz de me envolver com outra mulher, senti desejo por outra mas não se compara ao que ainda sinto pela ruiva pois a amo de verdade.
Deusa Perséfone, em que posso lhe servir?
Falo em tom neutro e faço uma pequena reverência
Perséfone: Levante-se não tem porque se ajoelhar na minha presença.
Albafica: Você é a deusa a quem devo obediência, é claro que preciso me ajoelhar.
Perséfone: Nunca mandei ninguém se ajoelhar na minha presença e somos muito íntimos para esse tipo de formalidade.
Albafica: Realmente ficamos íntimos por duas semanas quando estávamos longe do santuário, mas desde que voltamos tem me tratado com muita indiferença, como se aqueles dias em que nos amamos não fosse nada para você.
Falo e lhe dou as costas, entro na minha casa e sento no sofá da sala, ela me segue e senta do meu lado mas virada de frente para mim, pelo menos aqui teremos mais privacidade para conversarmos.
Perséfone: Você mereceu ser tratado com indiferença após ter me traído.
Continuo falando em tom baixo mas resolvi fazer uma barreira de cosmo para que ninguém ouça nossa conversa.
Albafica: Como assim te trai? Não sei o que quer dizer com isso.
Perséfone: No mesmo dia que voltamos para o santuário, fui no povoado e te vi conversando com uma moça, estavam muito próximos e ela ainda beijou o seu rosto, fiquei muito triste e magoada com isso então achei que o melhor para nós era nos afastarmos.
Albafica: O melhor para nós? Você me vê com uma amiga, acha que lhe trai e simplesmente me trata com indiferença sem ao menos saber o motivo. Desde a sua rejeição eu sofri muito, cheguei a pensar que gostasse de outro homem ou que só quis ficar comigo porque estava carente. Devia conhecer o meu caráter e saber que jamais lhe trairia ou ter se aproximado de mim que lhe apresentaria a minha amiga sem problemas ou se tivesse continuado nos observando veria que aquele beijo no rosto foi apenas uma despedida de amigos que se tocaram pela primeira vez. Não consigo acreditar que me tratou tão mal por causa de ciúmes bobos.
Perséfone: Sei que você tem razão, eu não deveria ter sido precipitada mas estava com muito ciúme e não sabia como reagir a esse sentimento que para mim é novo.
Albafica: Todos os sentimentos que dizem respeito a relacionamentos são novos para mim mas jamais lhe acusaria de traição sem ter provas.
Perséfone: Perdoe-me, não deveria ter te julgado dessa forma, sinto tanta falta dos dias maravilhosos que passamos juntos, eu te amo tanto.
Albafica: Quem ama confia no outro, mesmo que te perdoe não posso ficar com uma pessoa que ache que na primeira oportunidade a trairei. Acho que não temos mais nada para conversarmos.
Perséfone: Eu fui uma idiota, me levei pela impulsividade e acabei perdendo o homem que amo, vejo claramente toda a sua dor através dos seus olhos, mas preciso ser honesta com ele, mesmo que nunca mais fiquemos juntos, ele tem o direito de ser o primeiro a saber sobre o nosso filho.
Você tem toda a razão de me odiar, mas não posso ir embora sem antes lhe dar uma notícia que você odiara.
Respiro fundo tentando ficar calma e falo olhando fixamente em seus olhos.
Estou grávida, dentro de oito meses teremos um filho.
Albafica: Jamais pensei que um dia teria um filho, as suas palavras me deixaram em estado de choque. Respiro fundo tentando acalmar as diferentes emoções que passam no meu coração mas é muito difícil, estou muito confuso mas jamais fugiria das minhas responsabilidades, sei das enormes dificuldades que teríamos em criar esse filho e elas só aumentariam se estivermos separados.
Perséfone: Eu sei que sou a culpada por essa gravidez não desejada, deveria ter tomado algum chá que impede a gravidez.
Albafica: Vejo a ruiva chorando e isso me deixa triste, me aproximo do seu rosto, passo a mão direita com delicadeza em seus olhos para secar as suas lágrimas.
Nós dois não pensamos nas consequências dos nossos atos, não tem que se sentir culpada de nada, não chore, nós encontraremos um jeito de criarmos o nosso filho.
Perséfone: Sinto sua mão no meu rosto, como sentia falta dos seus carinhos, mas sei que sou a única culpada por não estarmos juntos.
Você aceitará esse filho?
Albafica: Sinceramente, nunca imaginei que um dia seria pai, mas jamais abandonaria essa criança, aprenderemos a criar ela juntos.
Coloco a mão esquerda na sua barriga e sinto que ela me ajuda para conseguir sentir o cosmo do nosso filho, sinto uma emoção enorme ao ter certeza que em breve serei pai.
Ainda estou muito chateado com a ruiva, mas me deixei levar pelos meus sentimentos e a beijei intensamente, fui retribuído da mesma forma, sentia muita saudade dos seus beijos, de sentir a maciez da sua pele, das suas carícias, enquanto tocava em seu lindo corpo, percebi como ele já tinha diferenças causadas pela gravidez, ela também está mais sensível aos meus toques e isso tornou o nosso momento inesquecível.
Após fazermos amor, a aconchego nos meus braços enquanto nos olhamos com muito carinho.
Eu te amo, farei de tudo para sermos uma família, até abandono o santuário se for necessário, mas preciso que me jure que nunca mais desconfiará de mim e que resolvemos todas as nossas diferenças conversando.
Perséfone: Eu prometo confiar em ti e também farei tudo que puder para sermos muito felizes juntos.
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Destino
Fiksi PenggemarMoros (deus grego do destino) cansou de ver as guerras entre Atena e Hades acontecerem, pois elas sempre tem um final ruim para os humanos. Ele decidiu colocar um ponto final nesse ciclo de guerra e para isso mudou o destino de reencarnação da deusa...