Há algo em minha família, e eu não sei bem dar nome, mas era um instinto, um bom instinto. Instinto que nos dizia quando o mundo deixava de ser o entorno e se tornava algum ser em específico.
Eu tinha entendido o sentimento no momento em que aquele garoto baixinho e de olhos arregalados chorou quando eu disse que iria cuidá-lo. Foi uma atitude que para qualquer outra pessoa soaria sem sentido, mas não para um submisso. Nunca para eles.
Não se promete algo a um submisso sem ter a certeza de cumprir, são as regras, regras invioláveis.
A dúvida foi plantada em mim, mas eu custei a acreditar, não era possível, não era e então ele reconheceu as coleiras, eu vi seu olhar ir do tio Baek para tio Chanyeol. Ele sabia muito bem do que se tratava e ali foi meu xeque e mate.
Ele era um submisso e eu tinha oferecido proteção a um, sem saber, ou melhor... Meu instinto soube desde o início. O instinto que minha irmã sempre ouvia sem pensar duas vezes e eu relutava até o último segundo.
Minha crise em se tornar uma lunática extremista controladora como ela caiu por terra e eu estava prostrada diante daquele serzinho choroso e lindo de um modo absolutamente irreversível. E agora eu sabia que não era a única.
O que JY diria quando soubesse?
O que meu primo diria quando soubesse que tio Channy já tinha arrastado o Yuto para debaixo das asas também? A verdade era que nunca deixávamos estranhos invadir o núcleo familiar, estranhos eram problemáticos, cheios de preconceitos, cansativos.
E eu pensei que Yuto fosse um desses, por mais quietinho e aparentemente fofo que fosse, ele era um coreano e as chances de ser conservador eram altíssimas. Mas depois do olhar consciente e aliviado que ele deu ao processar o que seus olhos viam eu pude mesmo, mesmo relaxar e sorrir de verdade. Ele era perfeito, perfeito...
Mas... ainda havia o assunto poligamia...
Nem tudo estava resolvido.
Por isso eu me mantive controlada e silenciosa enquanto subíamos para a sala do terceiro andar todos juntos no elevador maior. Yuto disse que podia ir andando e eu fiquei ao lado dele o tempo todo, mas não o toquei. Se ele fosse mesmo um submisso – E eu tinha certeza que ele era – Eu não poderia tocá-lo sem permissão. Tio Soo iria arrancar minha orelha fora, ainda que quisesse ajudá-lo com os movimentos, a anestesia estava passando, eu podia sentir ele respirar mais pesado, eu podia sentir seus olhares intensos sobre mim, ainda que desviasse o olhar todo tímido antes de eu encará-lo.
Ele era a versão mais cute e graciosa do tio Minmin, ele ia me enlouquecer de glicose antes que eu pudesse colocar uma aliança no dedo dele...
Então ofeguei em choque mudo e um pouco de epifania atrasada e insana.
"Ficou louca Bianca, ele tem quinze anos, sua idiota!" Tio Soo vai esganar você, esganar!"
Maldito sangue Campone!
— O pitelzinho da Lulu!
— Ai como ele é fofinho!
— A gente pode ficar com ele!?
Acordei do transe quando tio Ghan e tio Minmin se ergueram do sofá e vieram em nossa direção como uma manada de elefantes de dois. Sim, eles eram juntos uma pequena multidão louca, para dizer o mínimo.
Algo sobre minha família, todos os babys eram doidos por crianças.
— Se controlem vocês dois e você, Jeongmin! Não ia comigo no clube, porque está vestido de pijama, criatura!?
Meu tio fez cara de quem aprontou e eu evitei sorrir. Minha mãe tinha algo naquilo?
— Desculpa Baekie, mas Woohyun volta para casa hoje talvez, eu quero ficar com o meu marido!
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Contrato inviolável
FanfictionEle vivia uma vida boa agora, rodeado de amor e carinho, mas como todo adolescente tinha impulsos idiotas e sabia bem disso. Seu coração era um bobo e caiu de amores por uma quase estrangeira recém-chegada à escola, mal sabendo que ela tinha uma fam...