Contrato inviolável

EXTRA - Nada importa sem você

E hoje tem extra!!!

Boa leitura <3

  Já tinha apagado todas as luzes, mas não conseguia dormir. Já nem sabia quanto tempo estava olhando para o teto quando meu celular avisou que tinha mensagens. Olhei de relance e era tio BM.

Hein?

"Yuto, tenho uma surpresa para você na cobertura, tome o tempo que precisar, eu vou garantir que usufrua até o amanhecer se quiser. Feliz aniversário adiantado"

Me senti confuso. Tio BM não era do tipo que fazia surpresas e eu só pensei que talvez fosse algo proibido que o papai ia brigar. Eu mal andava de skate agora... Seria um skate novo? Algo mais radical?

Me senti um pouquinho animado pela primeira vez em muito tempo, e me ergui da cama saindo de fininho do meu quarto e do apartamento. Não troquei o pijama porque sabia que se fosse skate, não ia poder fazer algo que exigisse roupa esporte, e subi para a cobertura ficando cada vez mais curioso.

O que seria, o que seria?

Cheguei na cobertura indo para a parte aberta e vi uma pessoa de costas, olhando para a paisagem noturna com as mãos no bolso. Ele estava todo de negro e definitivamente não era tio BM, os ombros eram largos, mas nada nível meu tio.

Meus joelhos falharam de tal modo que eu me agarrei na parede para não cair. O céu estava claro em uma lua crescente e mil estrelas estavam meio encobertas por nuvens. A pessoa que eu conhecia até mesmo de costas, em sua silhueta alta e imóvel, estava ali, silencioso, como eu sempre o via e todo o tempo que passou da última vez que eu o vi, desapareceu.

Levei a mão na boca para não soluçar enquanto lágrimas caiam rebeldes dos meus olhos já exaustos de tanto chorar por tanto tempo... Seria um delírio meu? Seria um sonho? Seria loucura?

Então ele se virou e nossos olhares se cruzaram nos mais de trinta metros que nos separavam. Aquele olhar... Aquele olhar era como estar no céu depois de uma vida longa no inferno.

Eu caí e ele veio em minha direção rápido, contudo para mim, o tempo se tornava lentíssimo... Mil anos em alguns segundos.

Chin vinha para mim, meu Chin... Como se nunca tivesse desaparecido. Como se nunca eu tivesse perdido aquela pessoa...

— Yuto, você está bem? - Ele se agachou a minha frente e estendeu a mão só para parar o movimento com os dedos a milímetros do meu braço. Ele olhou para sua própria mão e eu fiz o mesmo – Eu não mereço de tocar, desculpe.

Eu caí em choro convulsivo desistindo de tentar ser contido. A voz dele era a mesma, o tom o mesmo, o carinho o mesmo... Chin... Chin...

— Ei, ei...

Na minha mente a nossa cena na floresta voltou com tudo, éramos quase a mesma coisa ali, era...

Eu agarrei o pescoço dele e me encolhi no peito forte chorando tudo de uma só vez.

Os braços dele finalmente vieram para o meu corpo, me puxando mais para si e me cercando cuidadosamente. Logo o calor do peito dele percorria minha pele e o perfume amadeirado que era todo ele, invadia meus sentidos. Eu me agarrei mais nele sabendo que devia parecer um louco surtado, mas sem conseguir agir de outra forma.

O meu Chin estava ali, me abraçando, me tocando, comigo...

— Eu senti tanta falta, eu... P-por que não me atendeu... Por que sumiu!? Eu nem pude dizer adeus...