Segundo final de semana depois que começaram as aulas, fomos convidados por alguns bichos do curso de odonto para irmos a uma festa que um deles faria em uma chácara não tão longe do pólo.
Eu e o Fabrício não nos cabíamos de tanta empolgação. Seria sem mentira a minha primeira festa da faculdade. E os garotos que nos convidaram eram realmente gatinhos, quem sabe era um deles que fosse ficar com meu amigo e o fazer feliz em todas as formas.
Eu queria muito que tudo fosse perfeito, por mim e pelo Fabrício também. Merecíamos diversão.
Assim que chegamos na festa eu logo vi duas pessoas e uma delas eu conhecia muito bem. Manú e sua nova namorada, que eu ainda não havia visto, e o Fernando, o meu primeiro boy. Fiquei feliz por ver ele, mas extremamente incomodada com a presença da Manú e sua garota, era o meu momento e não deixaria que ela roubasse ele de mim. Ou melhor, não deixaria meu próprio ciúmes destruir o role.
Eu fiz de conta que não havia os visto e segui conversando com o Fá.
— E aí, já viu alguém interessante?
— Acho que já perdi as contas de quantos, o mundo parou e desceram todos os bonitos nessa festa. — Ele era sempre um fofo em seus comentários, tinha muita gente feia na minha opinião, mas se ele não os enxergava assim por mim tudo bem. Apenas dei risada e seguimos andando.
Nossa primeira parada, no bar. Eu queria experimentar cerveja, pois é, até então eu não tinha bebido essa bebida tão popular. Não gosto do cheiro e isso me fez acreditar que não iria gostar do sabor, e eu estava certinha. Assim que a coloquei na boca, só não cuspo para fora por vergonha.
O Fá ama cerveja, então ele bebeu a dele e depois a minha que já estava um pouco quente.
— Amiga, tem uma garota que não tira os olhos de você. Chega nela, é gatíssima.
Olhei na direção em que ele apontou e a adivinhem quem era a garota, se chutou Manú, vossa senhoria errou, era a namorada dela, o que eu achei hiper estranho, eu a encarei de volta caprichei no sorriso e me virei para outro lado.
Fá percebeu minha jogada e comentou empolgado.
— Malvada ela, malvada...
— Não sou não, a garota que estava me encarando é a atual da minha... digamos... 'ex' que te contei. A que me deu o pé na bunda para namorar outra garota.
— Ah então a malvada é ela. Se já tem a girl porque ficar encarando outra?
— Bem vindo ao mundo real onde nada tem valor e o momento fala mais alto do que todo o resto.
Ele não respondeu nada, ficou encarando a Marcela e eu percebi o peso das minhas próprias palavras. Entendi sem nem perceber que aquele glamour que existe nos romances na vida real não está presente. Acho lindo o sentimento e tudo o resto, mas duvido muito que muitas pessoas realmente o valorizem.
Olhei para trás e bum, lá estava Manú quase engolindo sua maravilhosa namorada, bem na minha frente...
Respirei fundo, sorri por não ter vontade de fazer absolutamente nada com ela e me senti livre.
Nesse momento eu percebo que em minha incansável busca por liberdade a cada dia que eu vivia um novo tipo de liberdade eu descobria. Se livrar de sentimentos passados, superar situações que te deixaram extremamente triste, entender que o mundo real é bem diferente e tudo bem para isso, cada coisa nova que me acontecia era um passo a mais que eu sentia ter dado com os pés bem postos sobre a terra.
A música começou a tocar e fomos dançar. Os garotos que nos convidaram vieram falar com a gente e um deles se engraçou com o Fá. Eu achei muito fofo quando os vi aos beijos. Como eu já não quero mais fantasiar o amor e romantizar nada eu simplesmente entendi que ele seguiu o baile e agarrou o boy. Ponto para ele.
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Liberdade Divergente.
SpiritualDaniela acaba de completar dezoito anos e vai iniciar seu primeiro semestre na universidade. Isso seria completamente maravilhoso se não existisse todo o resto de sua vida. Nunca antes beijada, com uma insegurança sem fim, uma m...