Capítulo 13

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Eu jurei que eu era especial. Eu tinha a certeza que estava destinada a grandes coisas desde pequena, talvez fosse por isso que eu tinha tantos problemas. Eu sempre imaginei que quando eu conseguisse resolvê-los eu estaria em um patamar tão diferente da minha vida... Eu acreditava completamente em uma idéia de grandiosidade que realmente não tem o menor sentido agora.

Talvez isso pareça um pouco incoerente dado a toda a insegurança que narrei até aqui, mas é exatamente isso.

Quando eu descobri que o Fernando estava me traindo eu morri.

Parte de mim morreu.

Ou eu morri pela segunda vez em apenas dezenove anos.

Primeiro foi a Manú que me trocou por outra pessoa, e agora ele. Não importa com quem você esteja. Não importa se é homem ou mulher. Não importa nada que acreditara sua vida inteira. Só acredite que não importa.

Porque eu deveria pensar o contrário. Nada mais importava.

— Ok Daniela, não é o fim do mundo. — Eu repetia uma e outra vez. O amor dói, é normal, não é assim nos filmes?

Mentira. O amor não era para doer, então porque doía tanto?

Como pode alguém que em um momento te faz sentir como se fosse a pessoa mais importante do mundo e no outro de faz sentir a pior, dormir em paz? Ah, sim eles não tem coração. Eles não sentem o mesmo que você. Não são vivos.

Vivem através de aparelhos. Vivem com um coração de plástico, ou ferro, ou qualquer outro material que seja duro e frio.

Eu sinto a dor da traição todos os dias. Até hoje...

Depois que eu vi aquela foto, eu me levantei disse a minha avó que precisava ir ao banheiro e saindo da presença dela eu corri para meu quarto e me tranquei nele e juro que queria morrer. Finalmente era bom estar de volta naquele quarto obscuro, onde eu vivi os piores dias da minha vida. Onde eu chorava habitualmente querendo ser livre, viva. Que brincadeira mais sem graça do destino. Agora era exatamente ali que eu queria estar e de preferência morta.

Eu era dele, eu havia o escolhido. Eu o amava; Eu não conseguia me convencer que ele realmente havia feito aquilo. Ele teria um motivo. Uma explicação e eu com certeza o perdoaria em algum momento.

Eu tinha que viver com ele para ser feliz.

Sabe o que eu mais estranhei, foi eu estar sofrendo tanto. Por que com a Manú não fora igual? Por que com ela eu consegui superar e seguir em frente tão facilmente?

Como eu seguiria em frente agora. Depois de um chifre desses? Era tudo o que eu queria saber...

Minha mãe poderia me ajudar nessa situação se ela fosse uma mãe normal, mas não ela não era uma mãe normal. Ela sequer falava comigo. E eu já nem sabia mais qual era o real motivo. O que tanto importava tudo aquilo que estava acontecendo comigo?

Talvez fosse mesmo uma punição. Talvez eu devesse mesmo voltar a ser como antes e seguir as vontades de Dona Flávia e tudo voltaria a ser como era antes.

Eu estava disposta a tudo desde que essa dor infernal desaparecesse do meu peito.

Dois dias sem comer. Sem tomar banho e sem querer levantar da cama. Foi o que meu avô permitiu eu ter, foi meu momento extremo de sofrencia pelo Fernando, mal sabia eu o real motivo que faria tudo isso piorar e parecer uma pequena tempestade no copo d'água.

Antes do almoço do terceiro dia de 'luto' ele abriu a porta do meu quarto com uma troca de roupa, um sabonete novo, uma toalha e uma bandeja com pão e café. Tinha também uma barra do meu chocolate favorito.

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