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CAPÍTULO 09 

Apenas Nós | Livro Um


Não sei quanto tempo se passa, não faço ideia do que está rolando ao meu redor, pois estou alheia a qualquer outra coisa que não seja os amassos entre Adam e Anne bem na minha frente, ocasionando um gosto amargo em minha boca, e uma palpitação diferente em meu coração. Eu queria me mover, mas sinto que meus pés não obedeceriam aos meus comandos, e tão poucos os meus olhos que continuam fixos neles, claramente me auto torturando. Honestamente, não sei o que pensar, nesse momento apenas confusão ronda a minha mente não permitindo que eu pense com clareza. Eu sabia que a loira estava aprontando alguma, só não esperava que iria me atingir dessa forma, e muito menos que o cara que eu beijei há alguns dias estaria fazendo o mesmo com ela, como eu disse não sei o que pensar, e agradeço mentalmente aos céus quando consigo me desvencilhar da maldita cena, ao notar Marcos se aproximando de mim — Por um momento pensei que não fosse vir — ele comentou, assim que me alcançou e me envolveu em um abraço.

— É, eu também — respondi no automático, e em minha mente a ideia de realmente ter ficado em casa me parecia bem mais convidativa nesse instante.

— Vem — Marcos chama, e eu o acompanho finalmente conseguindo tirar os meus pés do chão. E quando passo ainda mais perto deles, noto que Anne se afastou, mas ainda continua sentada no colo de Adam e com um sorriso de satisfação, que eu conheço bem, olha em uma direção oposta me obrigando a acompanhar o seu olhar, e quando encontro o que tanto Anne parece gostar de ver, percebo que sem querer fui alvo da sua vingança. Estevão está a pouco espaço longe dela e com fúria observa a cena, e no mísero segundo em que desvio o olhar Adam encontra-me e com os olhos em total espanto me analisa.

— Quer beber alguma coisa? — Marcos questiona, e breves segundos depois eu consigo me desvencilhar de Adam.

— Pode ser — sorri fraco, confirmando. Eu precisava de um pouco de álcool percorrendo a minha corrente sanguínea, na verdade com certeza eu precisava de muito mais para lidar com a loira, que nesse momento me enxerga e ainda mais estampada que Adam, levanta-se e vem em minha direção.

De dedos cruzados eu torcia para que Marcos voltasse logo, assim interrompendo o que quer que fosse que a loira falasse, mas não aconteceu e Anne chegou já comentando — É sério que estávamos vindo para o mesmo lugar, e não sabíamos — ela sorriu, se colocando ao meu lado com naturalidade.

Eu não queria me sentir incomodada, mas não conseguia controlar a sensação estranha que senti no peito, embora tentasse colocar na minha cabeça que Anne não sabia o que tinha acontecido, e de qualquer forma não posso cobrar algo se nada existe — Pois é, não sei — falei, escorando a lateral do meu corpo na parede.

Anne continuou falando, mas em nenhum momento comentou sobre seu beijo com Adam, e isso me frustrou ainda mais, tudo que ela falava não passou de um burburinho qualquer porque ele levantou-se e apareceu no meu campo de visão, e enquanto caminhava em direção as escadas seus olhos estavam em mim, e eu conseguia sentir a confusão atravessando suas íris vindo de encontro às minhas — Toma — Marcos, de repente, materializou-se em minha frente segurando um copo vermelho ao estender para mim, e no mesmo instante levei até a boca e o gosto forte atingiu com vigor o meu paladar — Ei, vai com calma — pediu, com um sorriso torto nos lábios, mas eu já havia virado o líquido por completo.

— Você sabe que acabou de virar uma dose de vodca pura, né — Anne, ainda ao meu lado observou com um "quê" de divertimento na voz.

O gosto forte permanecia queimando em minha garganta, e tentando não transparecer isso, falei — É, eu sei — e nesse momento, posso jurar que ela sentiu que havia algo estranho, mas eu não queria iniciar uma conversa ali, somente dei de ombros e me voltei para Marcos, questionando — Onde fica o banheiro?

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