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CAPÍTULO 07

Apenas Nós | Livro Um

A água gelada escorria por meu corpo nu arrepiando-me completamente, mas pouco me importava, nesse momento só um banho gelado para me obrigar a colocar os pensamentos em ordem, pois desde que eu e Adam quase nos beijamos. De novo. Não consigo sequer pensar em outra coisa além disso, além da vontade impetuosa que surgiu de sentir sua boca na minha.

Desliguei o chuveiro, afinal já fazia bons minutos que eu estava ali e por pouco meus dedos não enrugam, enrolei meu corpo na toalha branca e fui diretamente para o quarto. Anne ainda não tinha chegado, e como conheço bem a loira sei que não vai cumprir o que em sua mensagem falava, por essa razão decidi apenas colocar um vestido solto, e me atirar na cama para um cochilo enquanto a espero para decidirmos o que jantar. Não demorou para que meus pensamentos fossem invadidos pelo cansaço, deixando meus olhos pesados e o sono tomando conta de mim.

Não tenho noção de quanto tempo passou-se, mas de repente acordo em um sobressalto ao ouvir repetidas batidas na porta me obrigando a levantar da cama, Anne ainda não estava no apartamento e por um momento cogitei ser ela, mas quando toquei a maçaneta e a girei abrindo a porta, fui surpreendida ao encontrar Adam bem diante de mim, com roupas diferentes e os cabelos úmidos ainda mais escuros — Adam? — falei atraindo sua atenção, que estava em um ponto qualquer, para o meu rosto — Esqueci alguma coisa no carro?

Ele não respondeu de imediato, apenas desceu olhos por meu corpo analisando-me como nunca — No carro não — respondeu, e dessa vez seus olhos estavam em meu rosto, ergui a sobrancelhas em um gesto para que ele continuasse não entendendo o que quis dizer — Vai me deixar na porta, Giulia? — seu tom era de brincadeira quando falou, sorrindo dei espaço para que ele entrasse.

Antes que eu fechasse a porta, ele mencionou — Você deixou isso na mesa, aquele dia — Adam estava no meio da pequena sala quando me movi em sua direção, e em uma das mãos segurava o meu exemplar de Dom casmurro'

Praticamente corri até ele, pegando o livro — Eu achei que tinha perdido — falei, caminhando até o criado mudo deixando o livro em cima — Por que não me entregou antes?

Adam deu de ombros, e sem hesitar sentou-se na poltrona de frente para mim — Quando encontrei você no outro dia não estava com ele, e também não estava com ele no carro mais cedo — comenta, falando o óbvio e a parte em que mencionou o carro e mais cedo eriçou os pelos da minha nuca — Suas anotações... elas são bem interessantes — engoli em seco, e com um espanto que não passou despercebido por ele, encontrei seu olhar.

— Você... leu? — posso jurar que meu coração errou uma batida quando ele acenou confirmando, ninguém nunca havia lido as minhas anotações do romance, e não somente sobre Dom Casmurro, lembro perfeitamente de ter guardado algumas coisas que eu mesma havia escrito — Tudo?

Casualmente ele umedeceu o lábio inferior, e devagar se colocou de pé — Se está preocupada por achar que eu li algumas folhas do seu diário pessoal...

Interrompo-o — Não é um diário.

Adam deu de ombros, e avançou mais um passo — Seja o que for, eu não li — ergui as sobrancelhas desacreditada, embora eu não pudesse fazer nada a respeito, Adam continuou avançando a cada passo me deixando ainda mais nervosa, e logo estava em minha frente obrigando-me a erguer a cabeça para encará-lo — Prefiro que você me conte — ele sopra, deliberadamente me fitando.

Sua aproximação me causa arrepios involuntários, e me esforço o bastante para não deixar minha voz transparecer o meu estado — E por que você iria querer saber?

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