Mordida

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Meu dia com as meninas havia sido incrível, fomos ao shopping - obviamente - e compramos roupas, tomamos café e refrigerante e obviamente comemos muitas porcarias ao longo do dia. Comum para garotas da nossa idade obviamente. Ao final do dia, voltamos para meu apartamento e ligamos meu amado som no volume máximo e bebemos uma garrafa de vodka juntas enquanto cantavamos completamente fora de sincronia e decidiamos com quais roupas iriamos para a One Last Night Club hoje a noite.
Na boate o ritmo contagiante e pesado de Rumor de Producer 48 tocava em volume máximo enquanto as luzes coloridas em rosa, roxo, azul e verde acompanhavam as batidas eletrizantes. Eu poderia estar dançando, obviamente, eu amo essa música mas o tédio era tudo o que eu conseguia sentir naquele momento, Levy estava dançando sozinha - e eu realmente me impressionava com o quão ela poderia ser autoconfiante quando bêbada. Juvia estava em um canto com um cara bem gostoso eu devo admitir e bem, eu realmente não queria incomodar nenhuma das duas então fiquei sozinha no bar - bebendo obviamente - na verdade, eu até acho que fico melhor aqui do que com elas. 
Minha cabeça já dava algumas rodopiadas pelo local e o remix de Animals do Maroon 5 não ajudava em nada.
Me levantei do banco de plástico barato vermelho, ou melhor tentei me levantar, mas meu corpo caiu contra o banco e uma risada foi solta por mim mesma. Tentei mais uma vez e desta vez consegui - foi uma puta vitória - comecei a andar e sinto meu braço ser puxado, olhos azuis como o oceano me encaram e eu engulo em seco, o jovem começa a me beijar e eu estava tão bêbada que simplesmente permiti, suas mãos desceram para minha cintura e seus beijos lentamente desceram para meu pescoço e eu estava entregue a este desconhecido, e minha mente implorava para que eu corresse mas meu corpo permanecia sem qualquer reação. 
O homem volta a segurar meu braço e minha visão fica turva, sinto meu corpo cambaleante, e ele me morde. Sim, ele me mordeu! Puta que pariu! Existe algo mais ridículo e estranho e assustador que isso? 
Puxo meu bravo para mim e vejo a marca de seus dentes e o sangue escorrendo, olho para ele e vejo seus olhos amarelos, meu corpo - finalmente porra - desperta e eu corro daquele lugar o mais rápido que posso.
02:22 AM_ Estou indo embora, um estranho ficou atrás de mim. Se divirtam, nos vemos segunda!
Enviei uma rápida mensagem no grupo para as meninas e continuei a andar pela rua enquanto encarava aquela mordida estranha, pareciam com caninos, eu devo estar muito bêbada mesmo, é impossível que um humano tenha caninos.
- Finalmente achei você! - Pela segunda vez naquela noite alguém puchou meu braço e pela primeira vez senti meu coração pulsar com... Felicidade? - Lucy?
- Natsu? - Eu encarei suas feições por alguns segundos, o rosado pegou meu outro braço e observou a mordida, de imediato seus olhos mudaram para um vermelho tão vibrante e ameaçador quanto os que eu vi naquela mesma noite após o acidente. 
- Quem foi? Quem te mordeu? - Ele perguntou com uma voz rouca e em minha mente, pareceram duas vozes e não uma.
- Eu não sei... Foi um cara estranho na balada em que eu estava - Respondi e tentei puxar meu braço de volta para mim, mas obviamente, o rosado era muito mais forte do que eu. Senti meu sangue esquentar em minhas veias e meu estômago vibrar de forma nada agradável, mas felizmente quem ganhou está batalha foi minha cabeça - Natsu...
- O que foi? - Ele perguntou um pouco bravo, mas eu sabia que ele não estava bravo comigo e sim com quem fez isso. De alguma forma estranha, eu sabia.
- Eu estou meio sonolenta... - E isso foi o suficiente antes que eu apagasse de vez nos braços do rosado.

- 🌙 - 

Segurei o corpo de Lucy assim que ela apagou, não sei ao certo se foi por conta da bebida ou por conta da mordida. Porra eu fui muito descuidado com ela, deveria ter levado ela direto para a alcatéia assim que coloquei meus olhos sobre ela a primeira vez. Foi um erro meu e agora na próxima lua cheia ela será uma loba e na lua vermelha terei que marca-lá. Queria tanto que ela tivesse mais tempo longe do meu mundo, queria tanto que nosso começo fosse de uma forma simples e romântica, como acredito que ela iria adorar e lembraria pelo resto de seus dias comigo.
Segurei seu corpo desacordado em meus braços no estilo noiva e a levei pela flores em direção a minah alcatéia, a cada passo que eu dava com ela em meus braços os olhos olhavam curiosos e cochichavam uns com os outros sobre quem seria aquela humana em meus braços, segui em silêncio por todo o caminho e quando finalmente adentrei meu quarto a deitei em minha cama com cuidado.
- Ah loirinha... Não era para ter sido assim... - Falei comigo mesmo, não esperando que qualquer resposta fosse obviamente entregue a mim - Você deveria ter tido mais tempo como humana...
- Natsu...? - Erza entra em meu quarto sem ao menos bater e fica sem reação ao olhar para a loira adormecida em minha cama.
- Sabia que eu poderia estar sem roupa não é? - Perguntei a ela tentando amenizar o clima um pouco tenso no quarto.
- Você a mordeu? - A ruiva perguntou e deu passos cuidadosos em direção a cama, mas um rosnado foi solto por mim e ela parou no mesmo instante, não pode medo mas por respeito, ela sabe que quando um dos companheiros está machucado o outro fica extremamente protetor e nunca é bom se aproximar nesses momentos.
- Não, um desgarrado a mordeu - Rosnei ao me lembrar do cheiro que senti na minha loira.
- O que vai fazer agora? - A ruiva me perguntou ainda com certa preocupação em sua voz.
- Caçar cada desgarrado que ousou entrar em meu território, e com aquele que a mordeu vou coloca-lo dentro do lobo de prata, avise a Blue Pegasus e a Saberthoot sobre os desgarrados adentrarem territórios e morderem humanos, algo me diz que não foi ela a ser mordida essa noite - Me viro para a ruiva - Avise Gray para ir a cidade atrás de pessoas mordidas e as tragam para cá, acho que estão querendo um exercito maior e por isso recuaram.
- Pouco a pouco vão aumentando os números para um ataque final, bem pensado - A ruiva disse - Vou avisa-los agora, mas e a luna?
- Eu cuido dela não se preocupe, você fica no comando até que a Luna acorde Erza - Informo, ela concorda com a cabeça e sai do quarto, fechando a porta atrás de si. Sinceramente, eu confiava em Erza minha vida e se um dia viesse a acontecer eu confiaria a ela a vida de minha companheira, a ruiva era esperta e uma excelente lider, uma pena que não pudesse ter sua própria alcatéia.
- Toc toc - Meu lobo rosnou de imediato e se levantou com os pelos arrepiados, me virei para a porta e pude ver Lisanna ali parada - Natsu, quem é essa? - Apontou para a cama e se aproximou, mais um rosnado foi solto e deixei claro para ela isso.
- A futura luna e minha companheira - Informa de forma ríspida e a ruiva pareceu entrar em um estado de choque, ela com certeza não esperava por aquilo - Lisanna saia, não tenho tempo pra você agora.
- ... - Recebi o silêncio como resposta mais do que adequada e observei a jovem albina sair de meu quarto. Após sentir meu lobo bufar e voltar a se aquietar no fundo de minha mente eu me sento na cama ao lado de minha companheira e observo os traços finos de seu rosto, sua pele me lembrava as que as bonecas de porcelana que Wendy costumava brincar antes de completar seus onze anos e ter sua primeira transformação, os lábios dela estavam rosados e, por conta do álcool, suas bochechas também. Ao passar das horas, observo seu sono tranquilo e a mordida ir desaparecendo.
A próxima lua cheia seria na segunda, ela teria que ficar aqui até segunda a noite e mesmo depois disso eu não a deixaria sair de dentro da alcatéia por conta dos desgarrados e dos lobos negros, e também, ela ainda teria que aprender muito sobre sua, não, nossa raça, sobre nossa alcatéia e sobre como ser uma loba. Sobre como ser livre. E eu iria ensinar tudo o que pudesse a ela antes da lua de sangue em dois meses.

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