Verdade

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Sentir que eu ainda estava viva me fez ficar aliviada, eu odiaria saber que estou morta, sentido? Nenhum. Abri meus olhos de forma lenta e observei o local estranho em que me encontrava, a cama estava vazia e no quarto eu estava sozinha, meu celular estava a minha frente e a primeira coisa que pensei foi que eu devo ter transado com alguém, rapidamente olhei para mim mesma e ainda possuía minhas roupas em meu corpo, olhei para meu braço e as marcas da mordida haviam sumido... Se é que eu realmente fui se quer mordida por aquele estranho. Reviro os olhos e pego meu celular.

Levy - 03:20 AM_ Eu não acredito nisso! Você e a Ju me abandonaram! Que tipo de amigas são vocês?

11:23 AM_ Desculpa Levy, um cara super estranho me mordeu do nada, eu não  nem brincando ele me MORDEU! E vocês estavam se divertindo então eu resolvi sair sem falar nada.

Como não tive uma resposta de qualquer uma das duas me levantei da cama com certo cuidado, sebe-se-lá na cada de quem eu vim parar no final das contas. Não havia nada demais naquele quarto, eram apenas móveis de madeira escura e um papel de parede neutro, mas o cheiro era tão aconchegante... Cheiro?
- Vejo que acordou - Uma voz conhecida por mim chamou minha atenção assim que cheguei a escada.
- Natsu? - Franziu meu cenho - O que eu... Estou fazendo aqui?
- Você... Desmaiou ontem - Desci as escadas com cuidado, eu não queria passar mal, AKA vomitar, na casa de um estranho muito sexy que eu possa ou não estar a fim.
- Oh... E você me trouxe pra cá suponho? - Sorri de canto e senti uma vibração conhecida no meu bolso, uma mensagem de alguma das meninas havia chegado mas eu iria ignorar, minha atenção agora está voltada para este homem a minha frente.
- Foi o mais seguro a se fazer - Observei o rosado atravessar a sala com passos rápidos, ele segurou minha mão e observou meu braço - Dói? - Neguei com a cabeça - Lucy, eu preciso que você seja muito mente aberta agora, tudo bem?
- Tudo bem... Mas só pra avisar a última vez que tive essa conversa com alguém eu terminei tendo que colocar uma camisinha numa cenoura - Franzi o cenho e senti minhas bochechas arderem. Por que merda eu citei o dia de educação sexual que minha mãe me obrigou a ter com ela.
- Enfim... - Ele riu, mas logo voltou a pose seria - ... Como eu começo essa conversa com alguém...? - Ele pareceu falar mais com si mesmo do que comigo - Na prática - A ideia iluminou seus olhos por poucos segundos.
Natsu soltou meu braço e se afastou alguns passos de mim, eu o observei com atenção, e ele começou a... Oh meu Deus. Ele está tirando a roupa mesmo? Isso é sério produção eu não estou entendendo. O rosado retirou a camiseta, o cinto e a calça e depois de um sorriso malicioso lançado para mim eu ouço algo parecer ser quebrado. O corpo dele começa a se reforçar, seus ossos estavam se quebrando, um por um, observei pelos de um marrom escuro cobrirem seu corpo e com o breve medo dei vários passos para trás até sentir minhas contas baterem contra a parede da sala, tapei minha boca com uma das mãos para evitar um grito e ali a minha frente estava ele. Um lobo de pelagem marrom escura, sua face tinha uma pelagem mais negra e seus olhos eram em um laranja quase vermelho, mas então, por breve segundos brilharam em um vermelho puro para mim e eu soube que era real, pois já havia visto antes no meu quarto na mesma noite em que houve o acidente da ponte. Era ele. Natsu esteve lá comigo.
Caio de joelhos no chão ainda sem acreditar e o lobo de forma cuidadosa se aproxima de mim, avaliando minha reação a cada passo que dava, a madeira rangeu um pouco debaixo de suas patas e não era para menos, ele parecia ter no mínimo uns dois metros de altura. 
O lobo para a minha frente e eu tiro a mão da boca, ele lambe minha bochecha e um sorriso insconsiente deixa meus lábios. As loucuras de Juvia eram verdade, era tudo verdade.

Algum tempo se passou desde que meu mundo foi por água a baixo, e desde que a verdade sobre o mesmo mundo foi jogada na minha cara com agressividade e violência.
- Seu café - Natsu entregou a mim uma caneca branca com o líquido escuro que eu tanto amava tomar.
- Obrigada - Tentei não olhar para ele, afinal, ele não havia colocado a camiseta de volta e isso estava me atiçando.
- Tudo bem... Perguntas? - Ele se senta na cadeira a minha frente e eu continuo a observar meu café - Sei que deve ser meio louco então... Eu estou aqui por você.
- Aquele cara... Que me mordeu ontem, era um lobo também, não era?
- Sim princesa, ele era, mas não como eu, ele era um desgarrado.
- Desgarrado? - Tomo um pouco do café e encaro seus olhos ônix pela primeira vez.
- Sim, são lobos rebeldes para facilitar para você, eu tenho quase certeza que foram eles a derrubaram a ponte aquele dia - O rosado disse e soltou um longo suspiro frustrado.
- Por que fariam algo assim?
- Por que eles não se importam com nada além do caos, apenas por isso, e no fundo eu acho que a culpa pode ter sido minha - Fez uma breve pausa - Fiquei mais concentrado com o território de outras alcatéias que acabei deixando o meu território aberto.
- Como você... Virou o que é?
- Eu nasci assim, não são muitos que passam pela transformação obviamente... Mas você também pode se transformar com uma mordida, mas o risco de morrer é quase nulo caso se transforme pela mordida - Seu rosto assume uma feição preocupada e eu sei o que isso quer dizer.
- Eu fui mordida, quando eu vou...
- Amanhã a noite, na lua cheia - Ele interrompe minha fala e isso é o suficiente para que eu me afunde em pensamentos.
- Vai doer? - Perguntei quando finalmente achei ter aceitado a ideia.
- Não se você aceitar... - Respondeu. Coloquei o caneca sobre a mesa e ele alcançou minha mão sobre a superfície - Não precisa ter medo Lucy, eu vou estar lá com você durante todo o processo.
- Você não vai me ver nua - Digo sem pensar e mais uma vez sinto minhas bochechas arderam, eu preciso controlar mais minha boca perto dele, mas é difícil.
- Não eu não vou - Ele deu uma pequena risada e Deus sabe como eu queria ouvir aquilo pelo resto da minha vida - Mas vou ter que ter uma conversinha com sua loba.
- Minha... Loba? 
- Obviamente... Eu entrei nesse tópico muito cedo, mas vamos continuar, existe hierarquia dentro de uma alcatéia Lucy - Fez uma breve pausa e entrelaçou nossos dedos - Existem os alfas mestre, alfas, betas, gamas e ômegas.
- Esses títulos valem para ambos os sexos?
- Sim, menos para uma pessoa.
- Quem?
- As lunas, às lunas sempre são iguais ao alfa mas nunca estão acima dele - Explicou.
- E quem é a sua Luna, se você é um alfa deve ter uma.
- Ah eu tenho... E ela está bem a minha frente. 
- ... Eu sou sua Luna? Como pode ter certeza? Natsu eu não... Eu não sou ninguém, eu nem se quer tenho um carro próprio!
- E quem disse que isso é importante? A deusa da lua escolheu a mim para ser seu e você para ser minha, é simples assim, fomos escolhidos pelas coisas que carregamos em nossos corações, não por coisas materiais.
- Isso é loucura demais pra um único dia... - Soltei.
- Eu sei, vou para meu escritório resolver umas coisas, se precisar de qualquer coisa me chame.
- Tudo bem, obrigada - Observei o rosado deixar a cozinha e encarei meu copo com café. Definitivamente isso é loucura demais pra mim e por sorte eu tenho mente aberta o suficiente.
Peguei meu celular e abro o grupo das meninas.

Levy - 11:30 AM_ Lucy a Ju está com você? Ela não me mandou uma mensagem ainda.

11:48 AM_ Nãoóbvio que não mas, ela deve estar dormindo com o cara que ela estava ontem.

Levy - 11:49 AM_  Acho que você tem razão, obrigada.

- 🌙 -

Começo a acordar com barulhos estranhos a minha volta, eu definitivamente não estava em casa, meu corpo estava frio mas pelo menos eu não estava morta. Mas algo no fundo da minha mente me dizia que eu iria querer estar.
- Chefe ela acordou - Escuto uma voz masculina ao fundo.
- Muito bom - A segunda voz disse e me lembrou um rosnado - Ela será preciosa para nós, ela conhece a Luna da Fairy Tail afinal.
Minha visão ainda estava turva e por isso não conseguia ver muito do que estava a minha frente, e aquela dor de cabeça... Deus socorro.
- Sim, logo a Irlanda será inteiramente nossa, os desgarrados finalmente irão reinar - Uma risada grossa foi solta.
- Qual seu nome querida? - A segunda vez me perguntou e eu balancei minha cabeça tentando focar minha visão em alguma coisa.
- Juvia... Me chamo Juvia... 

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