Transformação

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Meu dia estava sendo louco, minha semana estava sendo louca, explorei quase todos os cômodos da casa em poucas horas, mas menos no andar de cima já que foi pra lá que Natsu subiu e eu não queria perturba-lo de forma alguma. E sinceramente eu ainda sim mal conseguia acreditar que aquilo era real, quero dizer... Lobisomens? Desgarrados? Estamos mesmo no mesmo mundo em que eu acordei no dia de ontem? E ainda por cima eu não fazia ideia se ainda estava dormindo, talvez eu devesse me beliscar? Olhei para meu braço por um tempo, não eu definitivamente estou acordada.
Droga, esqueci completamente da minha mãe e faz dois dias que eu não mando notícias, ela já deve estar preparada para ligar para a Interpol e eu não tô nem zoando.
Observei meu telefone por longos minutos enquanto convencia a mim mesma que não precisava me sentir tão ruim sobre as coisas. Finalmente pego o aparelho é dígito o número de minha mãe, esperando logo ouvir um berro vindo dela deixei o aparelho um pouco afastado da orelha.
- Lucy? Graças a deus você está bem! Menina onde você esteve!? Nem mesmo uma mensagem!? Sério!? - Como eu disse. Escândalo gratuito.
- Mãe me desculpa... Mas é que eu acabei tendo dois dias pra me divertir com as meninas! Eu simplesmente acabei me esquecendo e não tive tempo - Soltei em um tom silencioso e posso ter certeza que ela me ouviu. 
- Querida eu só me preocupo com você sabe, você é minha única filha... - A voz de minha mãe soou quase como a minha e tenho certeza que ela estava pensativa enquanto falava comigo.
- Eu sei mãe... Me desculpe - Sorri de canto, mesmo sabendo que ela não poderia me ver afinal de contas.
- Eu vou visitar você amanhã Lucy - Ela disse - Preciso ver você.
- Tudo bem mãe, pode vir, vou te receber de braços abertos - Sussurrei. Espera. Não é amanhã a lua cheia que Natsu me falou? Oh droga.
- Tudo bem então, eu vou desligar, vê se me liga! E eu te amo querida - Ouvi minha mãe dizer.
- Também te amo mãe - E então desligo.
Amanhã - ainda não acredito nisso - Eu vou ter minha primeira transformação e ainda por cima minha mãe vai vir me visitar e eu nem sei quanto tempo ela vai ficar por aqui, mas eu espero que ela fique pouco - não por que eu não goste da presença dela mas sim por que eu não a quero no meio de tudo isso, a Inglaterra é o melhor lugar para ela estar.
- Ainda não almoçou? - Natsu disse adentrando a cozinha enquanto me observava.
- ... - Olho as horas no meu celular e já eram quase três da tarde - Eu nem me lembrei disso pra falar a verdade.
- Você tem que comer, amanhã vai ser um dia louco pra você e pro seu corpo - Ele disse com um semblante preocupado.
- Eu sei mas... Sei lá eu não estou sentindo fome alguma... - Dei de ombros e deixei o celular sobre a mesa.
- Eu vou fazer algo pra nós dois comermos, mas não se acostume - Ele sorriu e foi em direção ao fogão.
- Natsu, qual o trabalho de uma Luna? - Perguntei sem perceber. Mas eu precisava saber qual seria o meu trabalho, ainda sim era estranho falar aquelas coisas e pensar aquelas coisas eu sempre vivi entre humanos e meu coração seria sempre humano, ou quase, meus pais eram meros humanos assim como eu, seria difícil deixar essa parte da minha vida de lado.
- A Luna é a rocha de toda e qualquer alcatéia, ela é o coração enquanto o alfa a força - Ele começou a explicar com uma voz calma e pegou uma panela dentro de um dos armários de madeira preta - Ela é cuidadosa, se importa com todos e gosta de cuidar dos outros - Realmente era algo perfeito pra mim, eu raramente dava as costas para alguém necessitado - Mas pode ser tão perigosa quanto o alfa quando está com raiva.
Entendo. Então eu sou como uma mãe. 
- Minha mãe vem pra cá amanhã - Digo a ele, o rosado se vira para mim e franze o cenho.
- Sabe que não vai poder ficar com ela durante a noite não é? Ou se quer em qualquer horário do dia - Ele voltou a preparar nossa comida.
- Natsu até quando vou ficar aqui?
- Até sua primeira transformação estar completa, depois disso nós vamos com calma - Ele se virou mais uma vez e me deu um breve sorriso e puta que me pariu, que sorriso lindo o dele.

- 🌕 -

Seria um dia longo tanto para mim quanto para Lucy. Ela teria - para minha felicidade e infelicidade - sua primeira transformação e isso iria custar muita energia e saúde mental. A transformação seria dolorosa como para qualquer pessoa, mas ter que ver minha companheira sofrer me deixava com uma dor no coração.
Acabei por acordar aquela manhã mais cedo do que ela - e não, não dormimos juntos, ainda - ajudei alguns lobos com a patrulha da borda - está que eu havia mandado que fosse reforçada - nada de novo havia ocorrido e isso me acalmou profundamente, aparentemente o dia de hoje seria tranquilo e era tudo o que eu precisava acreditar.
- Bom dia - Mirajane entra em minha casa após três batidas na porta - Natsu o que aconteceu com você e a Lisanna?
- Você não ouviu nenhuma rumor? Nada mesmo? - Levantei uma sobrancelha enquanto encarava a albina de forma questionadora. Aquilo realmente me surpreendia, ela não saber sobre uma fofoca daquela proporção.
- Eu ouvi coisa ou outra, mas nada que me chamasse verdadeiramente a atenção - Ela resumiu.
- Minha companheira está no andar de cima - Digo a ela e me levanto do sofá - E eu sinceramente não quero nem mesmo ouvir o nome da sua irmã Mira, ela nunca foi importante no mesmo nível que minha companheira é pra mim.
- Entendo... - Ela sorri em compreensão. Um cheiro doce invadiu meu nariz altamente treinado e eu soube que Lucy estava acordada, mesmo que ainda deitada na cama e debaixo das cobertas - Ah sim, meu irmão quer falar com você sobre uma garota desaparecida.
- Garota desaparecida? - Isso chamou minha atenção de forma intensa, a anos não haviam garotas desaparecidas por aqui.
- Sim, o nome dela era algo com J... Juvia acho - Disse a albina.
- Conheço esse nome de algum lugar - Digo pensativo.
- É minha amiga - A voz de Lucy surpreende a mim e a Mira, nossos olhos vão em direção a escada. Minha loirinha tinha os cabelos bagunçados, bochechas avermelhadas de forma intensa e olhos sonolentos, ela usava uma camisola preta de ceda que sinceramente em qualquer outro momento me deixaria duro facilmente.
- Sua amiga? - Mirajane questiou dando alguns passos até a loira, observei a albina com cuidado enquanto ela se movia, não queria ela muito perto, Lucy ainda estava no processo e poderia ser tão forte quanto eu se quisesse.
- Sim, ela estava no mesmo lugar que eu na noite em que fui... Mordida - Lucy pareceu um pouco ansiosa com aquelas palavras, como se mal acreditasse nelas.
- Mira, vá até a boate One Last Night e procure por desgarradas nas proximidades, leve seu irmão com você e leve o Gray, ele está louco para matar alguns desgarrados - Me levanto do sofá e começa a subir as escadas.
- Tudo bem - A albina sai da casa após dar uma pequena risadinha.
Assim que ouvi a porta se fechar puxei minha companheira para mim pela cintura de forma delicada, seus braços se envolveram em mim e ela respirou fundo, inalando meu cheiro.
- Estou cansada - Falou com uma voz silenciosa, e eu tenho certeza que não teria conseguido ouvir se não fosse por minha audição sobrenatural.
- Vai ficar tudo bem loirinha... - Beijo o topo de sua cabeça.
- O que vai acontecer com a Juvia? - Ela me perguntou, ainda com o rosto enterrado em meu peito. Só a deusa sabe o quanto eu amo essa mulher.
- Provavelmente foram os desgarrados que a pegaram... Talvez ela vá ser transformada da mesma forma que você foi - Suspirei e a abracei, ela parecia tão calma e frágil naquele momento e tudo o que eu e meu lobo queríamos era protege-la de todo o mal que estava acontecendo a nossa volta, mas sei que isso vai ser impossível. A guerra está batendo a nossa porta.
- E depois? - Ela levantou o rosto para me encarar.
- Talvez eles façam uma lavagem cerebral e ela vá para o lado deles... Geralmente os lobos tem afinidade com aqueles que os transformaram, como uma amizade de longos anos - Droga. Eu quero muito beijar essa mulher.
- Vai ser assim comigo também? - Ela mordeu o lábio inferior.
- Não, você tem um companheiro e sabe a verdade, jamais vai sentir afinidade por quem te mordeu.
Ela me olhou por mais alguns segundos, suas mãos delicadas tocaram meu rosto com cuidado e ela me puxou para um beijo, um que foi gratamente correspondido por mim. Um beijo calmo, cheio de paixão e até mesmo desejo. Essa mulher será meu fim.
Me afastei dela assim que soube o que ela realmente queria, olha me olhou estranho, de uma forma necessitada.
- Lucy, não é você, é o seu corpo - Falei de forma calma enquanto recuperava meu fôlego - Você está começando entender que sou seu companheiro e por isso sua parte loba está começando a despertar e precisar de mim, só faremos algo depois de sua primeira transformação.
- Sem graça - Ela fechou a cara de imediato e eu apenas sorri e dei a ele um selinho demorado. Seria abuso qualquer ato sexual com ela agora, mas princesa aguarde, depois de hoje você será inteiramente minha.

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