Preocupação

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Aquela noite, Natsu e eu dormimos juntos na floresta juntos, ou melhor nossos lobos dormiram, ele estava erolado em mim de forma protetora e nossos rostos estávamos próximos um do outro, meus olhos se abriram de forma sonolenta e eu observei as feições de seu lobo avermelhado escuro com tons de preto principalmente pelo rosto, eu sabia que eu era grande e ver que ela conseguia ter o dobro do meu tamanho me fez sentir estranha. A floresta a nossa volta estava calma, pássaros cantavam de forma distraída enquanto voavam de galho em galho, me senti levemente zonza quando pude ouvir animais beberem água no rio vários e vários quilômetros de onde nós dois estávamos. Os animais de toda e qualquer espécie nos evitavam, na minha opinião eles sabiam do risco que causavamos a eles.
Meu... - Minha voz saiu misturada com uma segunda voz de forma silenciosa em minha mente, era praticamente a mesma coisa que Natsu havia dito pra mim a algum tempo atrás e agora eu podia entender, eu era dele e ele era meu.
Apenas seu - Os olhos escuros dele abriram e eu levei um breve susto, não esperava que ele estivesse acordado. Seu rosto se aproximou do meu e ele se esfregou em mim em uma forma de carinho - graças a deus meu pai me fez ver documentários quando criança.
Deveríamos voltar não? - Perguntei enquanto aproveitava o suave toque de seus pelos contra os meus.
Você se acostumou com isso mais rápido do que eu esperava - Afirmou meu companheiro, nunca vou me acostumar com isso deixo de passagem, se levantando e de imediato me arrependi do que falei, senti um vazio estranho em meu coração e senti falta de algo.
Natsu... O quão profunda é a ligação entre companheiros? - Perguntei a ele e me levantei também, de forma atrapalhada já que não estava acostumada com aquilo, ainda.
Você vai entender com o tempo, mas na teoria, somos duas almas unidas, por enquanto eu e você somos apenas atraídos um para o outro, como imãs - Fez uma breve pausa enquanto observava meus olhos curiosos - Depois que eu marcar você vamos ser como um.
E quando vai fazer isso? - Perguntei, e comecei a andar lado a lado com ele. 
Na lua vermelha - Agora eu conseguia perceber coisas em sua face de lobo que antes me eram impossíveis, a malícia em suas palavras reforçou o pensamento do que ele supostamente iria fazer comigo e um breve arrepio percorreu meu corpo.
- ... - Fiz silêncio por alguns segundos e comecei a sentir a terra debaixo de minhas patas, a brisa fraca que balançava as folhas das árvores e nossos pelos, estava tudo tão pacífico e tranquilo. 
PUTA.
QUE.
PARIU. Minha mãe!
Natsu precisamos correr! Esquecemos que minha mãe chegou ontem- Esbravejei.

Assim que finalmente atramos na casa - eu estava com a camiseta do Natsu já que minhas roupas haviam sido rasgadas durante a noite de ontem - uma ruiva estava lá, assim como uma albina e um jovem de cabelos escuros.
- Bom dia pra você também - O rapaz brincou enquanto olhava para mim e para o rosado a meu lado.
- Não temos tempo pra isso agora - Natsu disse ríspido e pegou um molho de chaves em cima da mesa da cozinha.
- Não vai deixar nem mesmo a gente se apresentar? Que grosseria! - O rapaz disse e soltei uma breve risada.
- Vocês vão conhece-la melhor durante a semana, agora ela tem que ir para a cada dela - O rosado disse me puxando pelo braço, sem ao menos me dar tempo de contestar ou me apresentar para aqueles três, passamos por um longo corredor e o rosado finalmente solta minha mão para poder abrir uma porta simples branca e dou de cara com quatro veículos pretos, um 4x4, um mais baixo, um deles reconheci sendo um volvo e o último um mustang. Papai ficaria louco se visse isso aqui.
- Entra - Natsu me tirou dos pensamentos sobre meu amado pai e apontou para o veículo 4x4, sem hesitar entrei no mesmo e coloquei o sinto de segurança, o rosado também entra e da partida no carro logo nos colocando na rua principal indo em direção a minha casa, ligo o rádio e reconheço a música de imediato, King and Lion Heart da banda Of Monsters and Men.
- Natsu... - Quebro o silêncio incômodo entre nós dois dentro do veículo.
- O que foi princesa? - Brevemente, ele me olhou mas logo voltou a olhar para a rua.
- No dia que você me contou sobre a sua raça... Você me disse que, havia nascido como um e que nem todos passavam pela transformação, o que quis dizer com isso? - Perguntei em uma voz baixa.
- Os que não passam pela transformação morrem, é uma dor tão intensa que os que sobrevivem temem por se transformar novamente no começo, mas depois de um tempo tudo se acalma e se torna algo natural - Ele respondeu em um tom calmo, eu deveria ter perguntado essas coisas aquele dia mas... Tudo está acontecendo tão rápido que eu só quero um freio pras coisas irem mais lentamente.
- Com quantos anos você teve sua primeira transformação?
- Aos onze anos - Por um segundo ele me pareceu preso em seus próprios pensamentos e decidi manter silêncio - Meu pai estava na Áustria e minha mãe na Nova Zelândia cuidando de minha irmã mais nova que também estava lá, então eu passei pro isso sozinho - Me senti triste por Natsu de imediato e senti algo em mim despertar com o sentimento, eu queria abraça-lo e protege-lo mundo, só de imaginar que ele teve que passar por toda aquela dor insuportável sozinho, sem a família... - Não precisa se preocupar princesa, como pode ver eu estou bem.
- Como...? Como soube no que eu estava pensando?
- Nossa ligação não é forte, mas eu consegui sentir o que você sentiu e além disse, seus olhos tem uma cor incrível... - Um pequeno sorriso cruzou seu rosto e eu me acalmei de imediato, ele tinha toda razão, ele estava bem agora.
- Quais os trabalhos de cada um dentro da alcatéia? - Minhas mãos seguravam e brincavam com a barra da blusa dele, que em mim parecia mais um vestido, enquanto eu ouvia e fazia cada pergunta.
- Os betas são como conselheiros do alfa e o representam caso ele não possa ir em reuniões ou coisas do tipo - Fez uma breve pausa enquanto virava em uma esquina, a cada metro que se passava um pedaço maior de mim queria voltar para a casa dele na alcatéia, era tão estranho - Gamas são os que trabalham fora dos muros da alcatéia, já que eles têm força para se protegerem fora, já os ômegas são os que trabalham dentro da alcatéia, eles saem vez ou outra, mas geralmente preferem os muros e a proteção que o alfa e os betas podem dar a eles. 
- Entendo... - O silêncio volta a se estabelecer no carro.
Eram tantas coisas que eu precisava aprender e eu sinceramente duvido que vou guardar metade das informações que ele acabou de me dar.
- Já pensou em que história vai dizer para sua mãe?
- História?
- Claro, você não pode sair dizendo a verdade, mesmo que seja sua mãe... Existe um motivo pelo qual estamos escondidos Lucy.
- E qual é?
- Isso é uma conversa para outra hora, agora, nós chegamos... Eu vou deixar lobos de guarda próximos a sua casa, ninguém vai machucar você ou sua família princesa - As palavras dele me acalmaram profundamente mas, se estiverem me protegendo, quem iria proteger você Natsu?

- 🌙  -

Eu estava com Layla na casa de Lucy, não haviamos recebido nenhuma informação sobre ela em mais de doze horas e Layla decidiu que deveríamos esperar um pouco já que ela poderia voltar para cá, eu havia saido do hospital a alguns minutos atrás. Tanto eu quato a loira estávamos morrendo de preocupação tanto com Lucy quanto com Juvia e me surpreendeu que mesmo sem conhece-la, Layla também se preocupou com a Juvia.
Um som na porta chama nossa atenção e logo Lucy entra, sozinha, com uma camiseta preta aparentemente velha com duas flechas em braço cruzadas no meio, e além disso aquela camiseta era grande demais para ela e ia até quase o meio de suas coxas o que só reforçava meu pensamento de que aquela camiseta definitivamente não era dela.
- Lucy! - Layla correu e abraçou a filha. Minha amiga a abraçou também e sorriu.
- Oi mãe... - Seus olhos castanhos percorreram o cômodo - Oi Levy.
- Somente oi!? - Layla afastou a filha de si e a segurou pelos ombros - Meu deus Lucy eu estava morrendo de preocupação!
- Desculpa mãe... Eu tinha umas coisas pra fazer... - Ela sorriu de forma calma, tentando tranquilizar a mãe.
- E isso incluía perder todas as suas roupas? - Perguntei sem pensar e a loira mais nova me lançou um olhar nada amigável, mas ela não me assustava absolutamente nada.
- Um cara tentou abusar de mim na festa não se lembra? Foi por isso que eu sai... Ele tinha rasgado meu vestido e um garoto acabou me emprestando a camiseta dele, e com isso a gente transou e bem... Aqui estou agora - Ela sorriu de canto e voltou a olhar para a mãe - Mãe não se preocupe, usamos camisinha, antes que você me faça essa pergunta.
- Graças a deus, eu ensinei você direitinho querida - A loira deu um beijo na testa de sua filha.
- Ainda sem noticias da Ju? - Desta vez sua pergunta foi direcionada a mim e dei a ela um sorriso triste.
- Nada, nem uma pista se quer, é como se depois daquela festa ela tivesse sumido como poeira sabe? Nenhuma câmera pegou ela saindo, a policia não acha nada também... - Soltei um longo suspiro frustrado e cheio de preocupação.
- Nós vamos acha-la Levy... Natsu vai acha-la... - Minha amiga segurou as mãos da mãe e ambas se sentaram no sofá, eu acompanhei a dupla e me sentei ao lado de Lucy.
- Quem é Natsu querida? - Layla perguntou um pouco preocupada.
- O cara com quem eu dormi, ele é um detetive particular - Ok... Eu estou começando a achar que isso tudo o que ela está dizendo é uma grande mentira. As noticias dentro dessa cidade minuscula correm rápido demais e nenhuma noticia sobre um detetive particular chegou a meus ouvidos ou aos ouvidos de qualquer outra pessoa - Ele pode acha-la.
- Assim espero! A policia daqui é um tanto quanto... - Layla pareceu buscar a palavra certa por alguns segundos - Inútil.

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