Capítulo 1

123 9 22
                                    

Sentada no banco do jardim, Beatrice observava o pôr do sol. As borboletas, que antes passeavam entre as flores sugando seu doce néctar, já  repousavam.
Ambar, uma das criadas, foi  correndo, encontrar–se com Beatrice.

—Senhorita Ellingston... —Gritou, a criada.

—O que houve? Por qual razão, estais a gritar? —Indagou a bela jovem, assustada.

—Mandaram–me chamá–la. Precisa arrumar–se para o baile. —Ambar respondeu, agitada, balançando as mãos.

—Ah! O bendito baile. Havia esquecido completamente. —Retrucou Beatrice, sem entusiasmo algum.

—Mas, senhorita Ellingston... Não desejas conhecer o vosso noivo? —Ambar interrogou, curiosa.

—Como poderei alegrar–me, para ver um noivo que não amo? Se pudesse não casaria. Eu não o escolhi. Escolheram–no, para mim. —Exprimiu a bela dama, revoltada.

—Mas...Trata–se do conde. O conde Arthur Osbourne, do condado de Greenwich. É um belíssimo rapaz. Todas as moças, suspiram por ele. —Ambar, contestou.

Sem responder, Beatrice levantou–se, recolheu o livro e a maçã em cima do banco, e fez um gesto com a mão, para que Ambar a acompanhasse.

—Beatrice, o que estavas a fazer, que ainda não estais pronta? —Inquiriu Elizabeth Ellingston, ao ver a filha entrar correndo, pelo vasto salão.

—Não desejo ir, a baile algum. —Retrucou a jovem, descontente.

—Não é necessário que deseje estar no baile. Apenas vista–se, e sorria para as pessoas. —A mãe respondeu, desfilando pelo imenso salão.

—Mas, mamãe... Eu... —Ela insistiria, mas a mãe não permitiu.

—Não pretendo continuar com esta conversa. Vamos, depressa! Apronte–se! —Exprimiu, batendo as mãos. —Ambar, leve–a para que esteja pronta na hora exata. —Refutou, virando–se para a criada.

Beatrice não mais insistiu. Subiu correndo pela enorme escada, com Ambar atrás, pedindo que a esperasse. Em seguida, abriu a porta de seus aposentos e entrou, chorosa.

—Não chore, senhorita! Tudo que fazem, é para o seu bem.

—Ambar, não podes entender–me. Serei entregue para um desconhecido. Eu o vi apenas, quando era somente uma menina. —Proferiu, despindo–se.

—Pois, não sei o que devo fazer, para deixá–la feliz. —Redarguiu a criada, ajudando a jovem a tirar a vestimenta.

—Pois não é necessário que faça nada. Sempre estás de acordo, com meus pais. —Retrucou, dirigindo–se à enorme bacia, para banhar–se.

Ambar calou–se. Era verdade que sempre concordava com o senhor e senhora Ellingston. E como poderia ser de outra maneira? Não poderia arranjar problemas para si, e ser expulsa. Onde iria viver? Não tinha parentes. Estava sozinha no mundo.

Pensativa, ajudava Beatrice com o banho. Posteriormente, ajudou–a a escolher um belíssimo vestido, e um adorno para o pescoço.

—Deveria vestir–me, como uma gata borralheira. Desta maneira, ele desistiria de tudo. Há anos, não nos vemos. Se visse–me feia, não casaria.—Contestou a jovem, caminhando até o espelho.

—Pelo amor de nosso Senhor, não faça isto! Eu levaria toda culpa, por não cumprir minhas obrigações. —Contestou Ambar, apavorada.

—Está bem. Não desejo causar–lhe dano. Dê–me o vestido! Serei a mais bela, de todo o baile.

Em seguida, Beatrice pôs o vestido escolhido por Ambar. Um belíssimo colar de pérolas, enfeitava o pescoço da jovem. Nos longos cabelos, havia uma lindíssima trança, que logo transformou–se em um coque, com pequenos cachos livres.

—Senhorita Ellingston, não haverá em todo o baile, uma dama que possa assemelhar–se à sua beleza. —Ambar proferiu, gentilmente.

—Que assim seja. Se preciso estar naquele baile, então que seja como a mais bela de todas. —Replicou, olhando–se pela última vez, no espelho.

O salão encontrava–se lotado. Damas e cavalheiros, circulavam pelo vasto ambiente. Ouve um silêncio profundo, acompanhado logo depois de sussurros, quando Beatrice apareceu no topo da escada.

—É ela. —Retrucou George, o pai de Beatrice.

George deslocou–se até à escada. Esperou a filha aproximar–se e a pegou pela mão, ajudando–a a caminhar até onde Arthur estava, acompanhado dos pais.

—Conde Arthur Osbourne, eis aqui, minha estimada filha. —George expressou, apresentando a jovem.

O conde tomou–lhe a mão, depositando nela, um beijo calmo e lento. Ela sentiu o coração pulsar, contudo, virou o rosto para o lado, sem nada proferir. O olhar de Elizabeth, demonstrava reprovação com a atitude da filha. Beatrice pediu licença para retirar–se. Caminhou em direção à imensa janela, onde debruçou–se para admirar as estrelas, que há pouco surgiram. O conde a seguiu.

—Sou um homem de extrema sorte. Arranjaram–me a noiva mais bela de toda região. —Redarguiu o conde, pegando–a pela mão.

—Não estou de acordo, com este casamento. —Ela articulou, virando–se para ele.

—Sua franqueza, me agrada profundamente, senhorita Ellingston. Creio que logo, possamos entender–nos.

Ela virou–se para a janela outra vez. Sorriu discretamente, ao sentir a pele dele, tocando a sua.

Rendida aos seus encantos Onde histórias criam vida. Descubra agora