Busca incansável

Onde está a Nádir?

Carlos estava a caminho da sua faculdade. O caminho para a faculdade, que era sempre a mesma rotina, mas agora o bairro parecia agitado, com carros de polícia a rondarem o bairro, às vezes em alta velocidade e na maioria dos casos de vagar, com polícias observando qualquer atitude suspeita. Imediatamente, Carlos percebeu que a polícia da cidade se mobilizara para encontrar a jovem desaparecida. De repente veio à sua mente que ao menos nem sabia o nome da mulher que estampava a primeira página do jornal. O nervosismo era tanto que ele se esqueceu de perguntar ao pai. O trajeto da casa para faculdade era curto, tinha uma duração de apenas vinte minutos, esse tempo seria maior se não tivesse ganho um carro no seu aniversário.

O Sr. Daniel havia acabado de fechar uma grande venda de um apartamento na centralidade do Kilamba devido a isto havia ganhado uma comissão muito boa. E como Carlos já estava a precisar de um carro , o pai decidiu que era a hora de ele ter um carro. A Sra. Daniel não gostou muito da idéia, pois, para ela, ainda era muito novo, e precisava ter mais responsabilidade. Mas, depois de muitas conversas e às vezes até umas discussões, a Sra. Daniel cedeu e Carlos finalmente pode ter o seu primeiro carro.

Carlos podia até sentir a emoção do dia em que foi com o pai até a Stand para escolher o seu carro. Depois de olhar muitos carros, conversar bastante com o vendedor e diminuir bastante o preço, conseguiu o carro que tanto queria, um Kia Picanto, ano 2016, de cor preta. O carro estava em ótimas condições e nesses quase quatro anos de uso não havia apresentado nenhum defeito. Carlos parou no último semáforo antes da universidade e percebeu logo a sua frente uma aglomeração de pessoas que seguravam cartazes e fotografias . Estava a uma distância considerável da aglomeração e não pode perceber o que estava escrito nos cartazes e fotografias.

Ficou tão distraído com aquela visão, que não era vista todos os dias no Luanda-sul que não viu quando o sinal ficou verde e um carro, que se encontrava atrás do seu, buzinou, fazendo com que se assustasse, acelerou o carro.

Quando estava mais próximo da aglomeração de pessoas, encostou o carro na calçada do outro lado e ficou a observar as pessoas que seguravam os cartazes e fotografias mostrando-as para os carros e para as pessoas que passavam pela rua. Carlos agora estava bem próximo para perceber o que haviam escrito nos cartazes e fotografias, com letras maiúsculas: PROCURA-SE NÁDIR. E logo abaixo estava a foto, exatamente a mesma foto que estampava a primeira página do jornal desta manhã. Então este era o nome da mulher que desapareceu tão misteriosamente... Ela se chamava Nádir.

Carlos ficou por alguns minutos a observar aquelas pessoas pularem e gritarem o nome de Nádir. Uma menina alta e magra com cabelos lisos agora estava na frente dos carros, mostrando o cartaz para um homem que estava em um carro. Com os pensamentos ainda direcionados para aquela jovem desaparecida... Nádir... Acelerou o carro em direcção a faculdade, pois estava quase atrasado. Havia muitos lugares para estacionar e lá ele estacionou, e como gostava da vida pacata, sempre estacionava no mesmo lugar todos os dias.

Ao sair do carro, viu que o carro do seu melhor amigo estava ao lado do seu, reluzindo com uma cor vermelha viva que aparentava uma pintura nova. Aliais, o carro do seu amigo era novo e caro, pois Edmilson Luís, seu melhor amigo, vinha de uma família tradicional e muito rica, uma família que estava há muito tempo no ramo de hotéis que ficavam cheios nas temporadas de verão em Luanda, devido a grande quantidade de turistas que viam para a cidade a procura de um "bom funge". O camaro de Edmilson fazia o carro de Carlos parecer muito mais velho do que era.

Carlos caminhou em direcção à entrada da faculdade, que estava cheia de alunos, que assim como ele, estavam atrasados. Carlos começou a acelerar os passos, não queria atrasar para a aula, ainda mais quando a primeira aula era do professor Rodolfo , sem duvidas o professor mais rígido da faculdade, que tinha uma atitude um pouco carrasca em relação aos atrasos.