Reviravolta

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O Marcelo sintonizou o rádio em uma estação de rádio, então todos simplesmente permaneceram calados, e ouviam as músicas reproduzidas pela rádio.
Todos estavam tão mergulhados nos pensamentos que nem perceberam que já se encontravam no Luanda sul apenas notaram porque o Marcelo os avisou.
Carlos olhou para a rua pela qual passavam para tentar identificar onde estavam e pode perceber que estavam a alguns quarteirões da esquadra.
À medida que as ruas passavam, Carlos pensou em algo, que até aquele momento não havia lhe ocorrido.
− Marcelo... Como sabia que estávamos naquela cabana?
Marcelo olhou para o Carlos pelo retrovisor do carro e logo em seguida voltou à atenção novamente para a estrada.
− Eu segui você. – respondeu Marcelo.
− Você me seguiu? Por quê? Eu era um suspeito? – Carlos ficou completamente indignado com o facto de tamanha desconfiança.
− Não... Claro que não... Eu estava vigiando a casa de Marcos para o caso de ele sair para encontrar a Adela, quando te vi passando pulando o muro.
Então, eu apenas esperei para ver o que ia acontecer.
Fiquei durante horas a observar a casa e já estava quase a desistir quando os vi sair de carro. E foi ai que segui vocês. Quando viraram naquela estrada de terra que dava na cabana, quase perdi vocês. Mas, felizmente consegui localizar o carro do Marcos e o resto da história você sabe.
Depois dessa curta conversa, ninguém disse mais nada, voltaram todos a mergulhar, nos próprios pensamentos.
Enquanto todos estavam distraídos em seus pensamentos, Adela havia levado as mãos até o tornozelo, no qual havia um pequeno canivete presa por fitas adesivas. Retirou as fitas com cuidado, evitando para que não emitisse som e em seguida pegou o canivete. Aguardou o momento mais oportuno para agir e nem pensou se conseguiria o que queria, mas teria que tentar, uma vez que não tinha nada a perder.
Quando o Marcelo disse que já se encontravam próximos a esquadra, sem ao menos pensar, levou a ponta do Canivete até a garganta de Carlos. Demorou algum tempo até que o Marcelo olhasse pelo retrovisor e ver o que acontecia. Nádir em seguida percebeu como Marcelo ficou nervoso de uma hora para outra, olhou para trás e viu a cena que desejou nunca ver.
− Pare o carro agora... Se não ele morre – disse Adela tão friamente que até deixou Carlos assustado.
Marcelo percebeu que não teria outra opção parou o carro e fixou o olhar para Adela pelo retrovisor, tentou não fazer nenhum movimento brusco para que não assustasse Adela, fazendo com que cortasse a garganta de Carlos.
− Senhora Mayer, não faça isso. Largue o Carlos – disse Macelo que tentava contornar a situação em que se encontravam.
− Agora saia do carro e abra minhas algemas – disse Adela – Eu não tenho muito tempo, então acho melhor fazer o que eu mando antes que eu corte essa garganta tão bonita.
Marcelo fez tudo exactamente como foi mandado e quando Adela estava livre das algemas, colocou um braço em volta do pescoço de Carlos enquanto que a outra mão ainda segurava o pequeno canivete.
− Agora, Sr. Agente, dê a minha arma e a sua devagar.
E seu telemóvel também. Eu não preciso lembrar o que vai acontecer se tentar ser o herói, não é mesmo?
Quando as duas armas e o telemóvel estavam no poder de Adela...
− Carlinhos, me entregue seu telemóvel também.
− Eu não tenho.
Adela não acreditou no que foi dito por Carlos e passou a mão livre da arma pelos bolsos de sua calça.
− Muito bem. Agora quero que abra sua porta e saia devagar do carro.
Carlos, que não estava gostando nem um pouco de estar na mira de uma arma, ainda mais quando esta arma estava sendo segurada por uma mulher totalmente desequilibrada e que não tinha nada a perder, fez tudo que Adela ordenou e logo se viu em pé do lado de fora da viatura. Em questão de segundos se viu novamente envolvido pelos braços de Adela, que colocou o cano da arma sobre sua têmpora.
− Eu vou te largar – disse Adela para o Carlos – E você e o policia vão sair daqui sem olhar para trás.
O Marcelo fez menção de que ia abrir a porta do motorista para entrar no carro, porém, foi impedido pela Adela.
− O que você acha que esta fazendo? Eu disse para você e Carlos saírem daqui, mas em nenhum momento disse que vocês levariam o carro. Vocês vão sair daqui a pé.
− Mas e a Nádir? – perguntou Carlos olhando para a Nádir que ainda estava sentada dentro do carro.
− Eu e minha querida filha vamos dar uma voltinha – disse Adela fazendo sinal para que Carlos e Marcelo começassem a andar.
− Não! – Gritou Carlos, se recusou a acompanhar na caminhada – Você não precisa levar a Nádir, então deixa ela ir connosco.
− Nádir, por mais que eu não goste, é minha filha e tem que vir para onde eu for – disse Adela se aproximou da porta do motorista sem tirar os olhos dos dois rapazes a sua frente.
− Carlos, não complique mais as coisas. Por favor, começe a andar – disse Marcelo.
Os dois deram alguns passos, na direcção oposta à viatura e puderam ouvir o carro ser ligado e se afastar rapidamente dali.
− Nádir! – Gritou Carlos para o carro – E agora? O que vamos fazer?
− Como estamos sem contacto precisaremos correr até a esquadra – disse Marcelo enquanto começava a andar – Todas as viaturas possuem GPS e com isso poderemos localiza-las assim
que chegarmos.
E com isso, os dois correram até a esquadra. Quando chegaram no destino, ambos estavam encharcados de suor, porém, sem perder tempo, entraram e colocaram todos os policias, que ali estavam, a par da situação. Assim que Marcelo terminou de relatar todos os factos ocorridos nas ultimas horas, o comandante, que até o presente momento não havia aberto a boca, disse:
− Esse jovem é o filho dos Daniel's?
− Sim – respondeu Marcelo na mesma hora.
− Os pais dele acabaram de ligar dizendo que ele havia fugido de casa. Bem... Agora sabemos onde esteve não é mesmo? – O comandante lançou ao Carlos um olhar de reprovação e continuou – Izzy, por favor, liga para os pais dele e diga que o encontramos e que esta bem.
O Izzy se levantou e foi até o telefone que ficava em uma mesa próxima.
Um dos agentes, que escutou atentamente enquanto Marcelo falava, se ofereceu para localizar a viatura que foi roubada. E com isso, em questão de minutos conseguiram localizar o carro que para surpresa de todos estava parada na frente da casa da Nádir.
− Isso não faz sentido. Por que ela iria para casa? – perguntou Carlos para o Marcelo.
− Ela está completamente desequilibrada, então acho que não podemos dar explicações para seus actos – respondeu Marcelo enquanto caminhava, junto com os outros policias, para uma pequena sala que ficava no fim do corredor da esquadra.
− Carlos, agora todos os policias vão entrar em reunião para traçar o melhor plano para essa situação. Infelizmente essa reunião é só para policias e você não poderá participar. Então, por favor, me espere aqui. Vai ser rápido. OK?
− Sim – disse Carlos se sentou na cadeira mais próxima.
Carlos esperou por vários minutos, porém a porta da sala de reuniões permaneceu fechada. Sua paciência estava no fim uma vez que enquanto estavam ali, presos dentro daquela sala, Nádir estava na mão de sua mãe psicopata, que a qualquer momento poderia ter um surto e cometer um crime contra a propria. E caso isso acontecesse, Carlos não se perdoaria, ainda mais sabendo que ficou sentado em uma cadeira enquanto isso acontecia.
Ele olhou mais uma vez para a porta da sala e depois passou o olhar por todo o restante da e viu que estava completamente sozinho. Aproveitou a oportunidade, levantou-se da cadeira e andou até se ver do lado de fora da esquadra. Ele sabia que Marcelo ficaria uma fera, mas não podia mais ficar ali, parado enquanto planejavam um jeito de salvar a Nádir.
E mais uma vez se viu a correr pelas ruas desertas do Luanda Sul.

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