O Investigador

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O caminho para casa foi o mais silêncioso possível. Durante o caminho Carlos se lembrou da Nádir. Onde ela estaria?

Chegou em casa e, saudou os pais, foi para o seu quarto, onde tratou de deitar na sua cama. Parecia que não dormia há semanas e logo o sono veio.

Quando acordou viu que já eram 18h00 horas. Levantou-se da cama, ainda meio sonolento, tomou um bom banho e foi para o jantar, que já estava sendo preparado pela mãe. O pai, como de costume, estava na sala, assistir TV. Então, Carlos também se sentou para assistir TV com o pai.

Já eram 20h02, quando a Sra. Daniel os chamou para jantar.

A comida como sempre estava maravilhosa e todos comiam em silêncio. Até que a Sra. Daniel quebrou o silêncio.

− Carlos, você consegui dormir bem?

− Sim, mãe.

− Querido, ontem quando eu estava no hospital... Alguns médicos vieram conversar comigo sobre o seu caso. Eles acham que você está passar por muito stresse. Então eles me indicaram uma consulta com um psicanalista. O que você pensa sobre isso? − Vocês querem que eu vá a um psicanalista? Por quê?
− Carlos percebeu o aumento no tom da sua voz.

− Querido se acalme, acho que vai ser bom você ter com quem conversar. Colocar as coisas pra fora. Eu li que a juventude é uma fase bem difícil. Talvez seja por isso que você tem andado estranho.

− Eu não acho que um psicanalista possa me ajudar. Eu não preciso disso. – Carlos percebeu que havia ficado de pé.

− Calma filho − o Sr. Daniel entrou na conversa. − eu e a sua mãe só queremos o seu bem. Então, por favor, vá ao psicanalista. Se você não gostar, eu juro que não tocamos mais no assunto.

Carlos se sentou novamente e suspirou.

− Tudo bem então. Quando que é essa tal consulta?

− Amanhã, depois das aulas, no hospital em que você ficou internado − disse a Sra. Daniel. quando você chegar diga que tem uma consulta marcada com o Dr. Esmael .

− Okay mãe. Eu já terminei. Posso ir para meu quarto?

− Sim querido. E obrigado por concordar. Boa noite.

− Boa Noite − Carlos se despediu dos pais e correu para seu quarto.

Carlos sempre soube que da forma com que andava estranho, em algum momento os pais iriam querer que ele procurasse por ajuda. Carlos não podia nem imaginar o que os pais fariam se ele contasse que a Nádir o havia visitado na noite passada, ou que havia escutado vozes em sua cabeça.

Carlos entrou em seu quarto, fechou a porta e deitou na cama. Não estava com sono. Tentou dormir mais não conseguiu.

O tédio começou a tomar conta do jovem, então, ligou a TV do seu quarto. Carlos não gostava muito de assistir TV. Para ele, todos os programas eram inúteis e não acrescentavam nada. Ele preferia ler um bom livro, mas, naquela noite não estava com vontade de ler. A programação da TV, naquela noite, era basicamente de filmes e séries. Porém, Carlos mudou para o canal 3, onde passava o noticiário e durante um bom tempo, foi noticiada uma série de assassinatos, roubos e festas de famosos. Carlos estava para desligar a TV quando algo chamou a atenção.

A jornalista anunciou:

"E agora uma notícia triste. Uma jovem chamada Nádir Mayer, desapareceu na noite passada, no bairro do Luanda-sul, Município de Viana. A polícia de Viana investiga o caso, mas até o momento, não encontraram nenhuma pista.

Pessoas que conheceram Nádir, disseram que a menina era muito responsável e que nunca imaginaram que poderia acontecer algo do tipo, principalmente no Luanda-sul, que é um bairro com poucos habitantes. Todos os habitantes estão com medo, pois acreditam que a menina tenha sido levada por um sequestrador. Todos temem por um novo sequestro. Agora, veja essa entrevista exclusiva, feita pela jornalista Margareth Dupre, com a família da Nádir. Carlos não podia acreditar e ficou na frente da TV com a boca aberta. Não mexia nenhum músculo. No ecrã da TV surgiu um casal, bastante abatido, a direita estava uma mulher magra, com cabelos loiros e olhos claros e a esquerda estava um homem forte, com o cabelo escuro e curto, olhos negros e um corpo forte. Ambos estavam com olheiras e pareciam ter chorado um pouco antes da reportagem. A repórter começou a falar:

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