Carlos recuperou a consciência, mas não abriu os olhos.
O medo tomou conta ao pensar no que poderia encontrar ao abrir os olhos. Sentiu que seu corpo repousava sobre uma cama macia e podia ouvir um barulho constante de "Pi... Pi... Pi..." , além de várias vozes que vinham de todas as direções.
Decidiu não demorar mais para abrir os olhos, pois não podia ficar para sempre com eles fechados. Ao abrir os olhos a claridade ofuscou sua visão e seu primeiro instinto foi o de levar as mãos aos olhos e aos poucos sua visão foi acostumando-se com a claridade do local e pode ver que se encontrava em um quarto de hospital. Provavelmente a pequena hospital do Luanda-sul. Ao olhar pelo quarto, percebeu que o barulho que ouvia vinha dos monitores cardíacos, que se encontravam perto de sua cama.
Próximo à cama havia uma pequena Cadeira, na qual estava sentada sua mãe. A cabeça da Sra. Daniel estava reclinada para trás e seus olhos estavam fechados. Quando Carlos a chamou, ela se levantou e foi para perto do filho.
− Carlos, meu querido, você está bem? Quer que eu chame um médico?
− Eu estou bem mãe, não se preocupe. O que aconteceu?
− Você passou mal... Perdeu os sentidos. Carlos, eu fiquei tão preocupada, não sabia o que fazer. Eu estava em casa quando o seu treinador me ligou e disse que havia te levado para o hospital. Eu pensei que poderia ser algo como um pequeno mal estar, mas quando ele me disse que você havia desmaiado, eu entrei em pânico e vim para cá. Quando cheguei aqui, fiquei alivia porque aquele seu amigo Edmilson estava com você. Bom amigo aquele. Ele parecia muito preocupado com você.
− Eu desmaiei? – Carlos ainda estava confuso, devia ser provavelmente o efeito de algum medicamento.
A Sra. Daniel confirmou com a cabeça e ficou a observar Carlos por alguns segundos e sua expressão era de preocupação e alívio ao mesmo tempo.
− O que aconteceu, meu filho?
− Eu... Não sei mãe. Eu estava no balneário me preparando para o jogo, quando de repente me senti mal e acho que perdi os sentidos. Não consigo me lembrar de muita coisa.
Carlos não podia contar à mãe que havia escutado vozes em sua cabeça antes de desmaiar. Seria muita loucura. Mas ele sabia que aquilo havia sido real e muito intenso. O que queria dizer aquela voz? Por que ela estava cantando aquela canção?
Essas duas perguntas foram adicionadas a lista de perguntas sem respostas. − Tudo bem filho, não se esforçe muito. O médico disse que você precisa repousar. Ele acha que o desmaio foi causado pelo estresse. Disse que você precisa de descanso e sossego, então trate de dormir mais um pouco. Eu vou descer para o refeitório para comer alguma coisa, você esta com fome?
− Não mãe, eu estou bem... Obrigada.
− Tudo bem então... Eu vou lá rapidinho, tá bem? Vê se dorme um pouco.
A Sra. Daniel deu um beijo na testa do filho e saiu do quarto e os pensamentos tomaram conta da cabeça de Carlos.
Todas aquelas coisas que estavam acontecendo com ele deveriam ter algum motivo e ele não poderia mais ignorar aquilo tudo. Ele precisava fazer algo, mas o que? Ele não sabia nada sobre a Nádir ou sobre a sua vida.
Então surgiu uma idéia na mente de Carlos. Uma idéia maluca, mais que era essencial. Ele olhou para o relógio que se encontrava na parede a sua frente e viu que eram 04h45 da manhã. Era muito cedo e se ele quisesse que seu plano desse certo, deveria agir rápido.
Da forma mais silenciosa que pode, se levantou da cama, foi até um pequeno armário que se encontrava em um canto do quarto e pegou suas roupas. Trancou a porta do quarto e começou a despir a roupa do hospital e vestir as suas roupas.
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Busca incansável
Mystery / ThrillerDepois de um dia longo, Carlos estava em seu quarto, sentia que estava em algum ponto entre o dormir e o acordar, mas quando seus olhos pareciam claramente fechados, algo trouxe de volta...De início era uma voz distante, no entanto quando foi acorda...